Mandetta diz que cloroquina pode causar arritmia cardíaca

Além de reafirmar a ineficácia do medicamento defendido pelo presidente, o ex-ministro da Saúde criticou seu sucessor: "Foram 30 dias de um ministério ausente"

por Victor Gouveia seg, 18/05/2020 - 10:06
Marcelo Casal jr/ Agencia Brasil Para o democrata, a cloroquina é tão estimulada "para fazer voltar [ao trabalho] sem tanto peso na consciência" Marcelo Casal jr/ Agencia Brasil

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), informou que estudos comprovaram que 33% dos pacientes que usaram cloroquina para tratar o novo coronavírus sofreram arritmia cardíaca. A alteração nas batidas pode causar parada cardíaca e levar à morte. Com a intenção de reabrir o comércio a qualquer custo, a distribuição do medicamento é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Esse número assusto, é alto [...] e aí você começa a ter um problema. Se todos os velhinhos tiverem arritmia, vão lotar o CTI, porque tem muito mais casos de arritmia que complicação de Covid. E vou ter que arrumar CTI pra isso, e pode ser que morre muita gente em casa com arritmia", declarou o ex-ministro à Folha de São Paulo nesta segunda-feira (18).

Com as recusas do próprio Mandetta e do seu sucessor, Nelson Teich - que pediu demissão nessa sexta-feira (15) - o democrata avaliou as intenções do uso da cloroquina em grande escala. "A ideia de dar a cloroquina, na cabeça da classe política do mundo, é que, se tiver um remédio, as pessoas voltam ao trabalho. É uma coisa para tranquilizar, para fazer voltar sem tanto peso na consciência", disse.

Ele destaca que o "último mês foi perdido, sem nenhuma ação positiva por parte do ministério" ao comentar sobre a gestão de Teich. "O natural numa situação dessa é o novo ministro colocar a visão dele e pedir para a equipe executar. Mas o que assistimos foi a demissão de todo o segundo e o terceiro escalão do ministério, sem colocar ninguém no lugar. Isso é o pior dos mundos. O Ministério da Saúde está hoje uma nau sem rumo. Foram 30 dias de um ministério ausente", acrescentou.

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