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A atenção primária à saúde é a porta de entrada no sistema de saúde no Brasil. Na pandemia da Covid-19, seu potencial para prevenção, vigilância e atendimento de casos leves poderia ter evitado a sobrecarga de hospitais e emergências. A conclusão é de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) e da Escola de Administração de Empresas do Estado de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) em artigo publicado nesta segunda (28) na “Revista Brasileira de Medicina da Família e Comunidade”.

Os autores analisaram documentos publicados durante o primeiro ano da pandemia, como recomendações do Ministério da Saúde (MS) e de órgãos governamentais como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Também compuseram a análise notas técnicas publicadas por sociedades científicas como a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). O objetivo foi verificar os aportes técnicos para o trabalho na atenção primária à saúde, que compreende serviços como a Estratégia de Saúde da Família e procedimentos como vacinação e testagens.

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A pesquisadora Michelle Fernandez, uma das autoras do artigo, explica que a atenção primária consegue chegar facilmente à população, pois tem capilaridade no território brasileiro e está presente em áreas de vulnerabilidade social.

“Isto dá à atenção primária à saúde capacidade de mapear e recomendar isolamento de casos suspeitos, e esse é um mecanismo muito eficaz de desaceleração do contágio. Porém, no caso da Covid-19, não havia normativas do Ministério da Saúde indicando a atuação nesse sentido para frear o avanço naquele primeiro momento”, aponta.

Fernandez observa que outros entes, como estados e municípios, organizaram o enfrentamento à Covid-19 diante da ausência de coordenação nacional. Mesmo passados quase três anos do início da pandemia, ainda é tempo para o MS atuar de forma mais assertiva em diversas frentes do combate à Covid-19, sobretudo na vacinação, destaca a pesquisadora.

“Já temos vacina para toda a população maior de seis meses e atualizadas para as novas cepas, mas o Ministério da Saúde ainda não comprou as vacinas com essa atualização”, destaca.

Conforme a autora, também é fundamental que a gestão pública atente para o bem-estar dos profissionais da atenção primária à saúde, que atuam em diversas frentes desde o início da pandemia.

“Temos profissionais lidando com novos casos na triagem e cuidando de pacientes na Covid longa, e boa parte dessa demanda chega pela atenção primária. Também temos profissionais trabalhando ativamente na vacinação. Eles estão sobrecarregados, com saúde mental debilitada, e o atual governo não estabeleceu política para cuidado desses profissionais”, frisa Fernandez.

O estudo evidencia a importância da coordenação do Ministério da Saúde para a atuação bem-sucedida da atenção primária à saúde e de suas equipes em todo o Brasil.

“Outro achado interessante é a participação de atores além dos estatais na ressignificação da política pública para a atenção primária à saúde”, completa Fernandez, mencionando a contribuição de redes e entidades científicas no período analisado.

Fonte: Agência Bori

Objeto de obsessão do presidente Jair Bolsonaro e um dos temas que norteia a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, "Cloroquina" foi a palavra mais repetida na primeira semana de depoimentos no Senado. Até o momento, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, e o atual gestor da pasta, Marcelo Queiroga, foram ouvidos como testemunhas.

A substância antimalárica defendida pelo presidente como parte do "tratamento precoce" da Covid-19 é ineficaz contra o vírus. Embora já tenha sido descartada pela sociedade científica, médicos ainda são pressionados por sua prescrição e o tema continua dividindo os brasileiros.

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Na primeira semana da CPI, entre a terça (4) e a quinta (6), o remédio foi pronunciado 340 vezes pelos senadores e depoentes, segundo levantamento do G1 com base nos registros taquigráficos das reuniões.

O ministro Queiroga evitou responder sobre a droga durante seu depoimento, no qual a palavra foi repetida 135 vezes em 8h. Em sua oitiva, Teich disse que discordava da extensão do uso do medicamento e, por isso, pediu demissão do cargo. Durante 6h, o termo foi usado em 126 oportunidades. Já ao longo da fala de mais de 7h de Mandetta, a Cloroquina foi comentada 79 vezes.

Outras palavras-chave em torno das ações e omissões do governo federal investigadas na CPI também foram listadas. Além da Cloroquina, a palavra mais recorrente nas reuniões foi vacina (175), seguido por máscara (111), isolamento (101), distanciamento (80), insumos (57), ivermectina (57), tratamento precoce (44), oxigênio (35) e lockdown (31).

Os senadores avaliaram de forma positiva a primeira semana de oitivas da CPI da Pandemia. Foram ouvidos os ex-ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich, na terça (4) e na quarta-feira (5), respectivamente. O titular da pasta, Marcelo Queiroga, também foi ouvido pela CPI na quinta-feira (6), em uma audiência que durou cerca de 10 horas.  

Na visão do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), os depoimentos dos ex-ministros Mandetta e Teich deixaram clara a existência de um comando paralelo para tratar dos assuntos da pandemia, com atores que não tinham relação com a Saúde. Para o senador, a existência desse comando paralelo colaborou com a saída de Mandetta e Teich.

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Randolfe lembrou que a CPI ainda não ouviu o ex-ministro Eduardo Pazuello, também da Saúde. De acordo com o senador, porém, tudo indica que esse comando paralelo se efetivou durante a gestão de Pazuello e terminou por agravar a pandemia no país. Com o ministro Marcelo Queiroga, ressaltou o senador, tenta-se voltar à condução sanitária devida, mas ainda sob fortes resistências — que seriam impostas pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro.

"É possível perceber que tem uma coisa na cabeça do presidente e outra na cabeça de qualquer médico ou técnico que vá para o Ministério da Saúde", destacou Randolfe, lembrando que a CPI poderá fazer uma diligência sobre um possível estoque de cloroquina no governo.

Neutralidade

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) definiu a semana da CPI como “intensa”, com depoimentos importantes. Para ele, é necessário ouvir tanto os anteriores como o atual ministro da Saúde, como forma de coletar fatos, impressões e provas. Para Marcos Rogério, a oposição tem narrativa pronta e está preocupada em criar uma peça acusatória. O senador também criticou as conduções dos depoimentos, que estariam “forçando a barra e intimidando os depoentes”.  

"Uma CPI tem que partir de um pressuposto de neutralidade. Espero que a gente possa avançar e, daqui a pouco, ir para os estados e municípios, e entregar a verdade ao Brasil", disse o senador.

Na opinião de Marcos Rogério, a CPI precisa ter uma "visão ampla", recolher informações com a maior amplitude possível e não preencher “um rascunho do relatório já previamente elaborado”. Ele disse que é fundamental que as testemunhas tenham liberdade para dizer o que sabem e não o que o relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), quer que elas digam.

Na mesma linha, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) disse que a CPI da Pandemia "já começa parcializada e mirando apenas as ações do governo federal". Para Girão, é importante a população acompanhar os trabalhos da CPI para evitar que as investigações se limitem às ações do governo federal e, com isso, ocorra a "blindagem" de agentes públicos estaduais e municipais. Ele afirmou que não pode prosperar a tese de que as apurações só devem alcançar estados e municípios quando houver a participação de algum agente federal numa irregularidade.

"Estamos tentando evitar que a CPI vire palanque para 2022. A gente está querendo fazer o trabalho mais justo e independente possível", declarou Girão.

Bolsonaro

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a primeira semana de oitivas da CPI da Pandemia permitiu ter uma ideia da participação de Jair Bolsonaro na expansão da pandemia. O senador sublinhou que o presidente defendeu remédios sem eficácia, incentivou aglomerações, vetou o uso de máscaras para proteção contra o vírus e não buscou as vacinas para imunizar a população. Rogério Carvalho acrescentou que Bolsonaro continua a atrapalhar a entrega de insumos ao país por conta de acusações à China e segue a combater o isolamento social, necessário para conter a pandemia.

Na opinião do senador Humberto Costa (PT-PE), a primeira semana de CPI foi "muito boa". Para ele, os depoimentos dos ex-ministros da Saúde mostraram que, na prática, Bolsonaro tentava mudar as orientações técnicas de enfrentamento à pandemia, ignorando princípios científicos adotados ao redor do mundo.

"O tempo inteiro os depoentes corroboraram a visão de que Bolsonaro atuou intencionalmente para que houvesse uma transmissão ampla do vírus, para que fosse atingida o que se chama de imunidade coletiva de rebanho. Isso, na pratica, é um grande crime, se for verdade, pois ele assumiu o risco de muita gente morrer, o que efetivamente aconteceu", lamentou.  

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) definiu a semana como “produtiva”. Ele disse que ficou clara a responsabilidade direta de Bolsonaro na definição da política de saúde. Ele ressaltou que os ex-ministros Mandetta e Teich deixaram a pasta por não concordarem com as interferências do presidente. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que o depoimento de Mandetta deixou claro que sua saída se deu por tentar alertar o governo dos perigos da pandemia. Ela disse que é muito grave a informação de que o governo ventilou mudar a bula da cloroquina para que o remédio fosse considerado indicado para a Covid-19.

"Esta CPI vai buscar a verdade dos fatos. Houve omissão? De quem? Quem são os responsáveis? Essa pandemia não caiu do céu. Alguma coisa aconteceu e alguém tem que ser responsabilizado por isso", declarou a senadora.

Relações Exteriores

Quanto aos próximos convocados, Humberto Costa disse que o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo se justifica pelo fato de ele ter tido um papel importante na criação de dificuldades para a negociação de vacinas contra a Covid-19. Rogério Carvalho também destacou a convocação do ex-chanceler. De acordo com o senador, Araújo tem muito a esclarecer sobre o que não fez e porque não se mobilizou para salvar vidas, com parcerias internacionais e busca de tecnologia, fechando as portas em várias partes do mundo que poderiam estar ajudando o país neste momento.

"Se a CPI focar no crime contra a vida que vem sendo cometido, a gente vai chegar à responsabilização de agentes públicos da República, que agiram para garantir a expansão da pandemia e não pelo seu controle", afirmou o senador.

Para o senador Alessandro Vieira, a oitiva de Araújo é relevante. Ele disse que é importante ouvir o ex-ministro para entender o relacionamento do Brasil com outros países que são grandes fornecedores de insumos ou de vacinas já prontas. Segundo Vieira, as decisões da pasta tiveram um impacto claro na baixa disponibilidade de vacinas para os brasileiros. Também para Randolfe Rodrigues, o ex-ministro Ernesto Araújo tem responsabilidade direta na política de aquisição internacional de vacinas.

"Hoje temos apenas 7% dos brasileiros vacinados. Esse atraso me parece ter uma responsabilidade direta do MRE durante a gestão do ex-chanceler", apontou o senador.  

Anvisa

Randolfe confirmou que a audiência com diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, que também seria realizada nesta quinta, foi transferida para a próxima terça-feira (11). Na quarta-feira (12), será ouvido o advogado Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo. A CPI ouvirá na quinta-feira (13) o ex-chanceler Ernesto Araújo e representantes do laboratório Pfizer.

De acordo com Randolfe, CPI vai avaliar a realização de uma reunião na sexta (14). Representantes de Butantan, Fiocruz, Sputnik, e o ex-ministro Eduardo Pazuello devem ficar para a semana seguinte. O senador confirmou a intenção de protocolar um pedido de teste de coronavírus para o ex-ministro — que alegou ter tido contato com pessoas com covid para não comparecer esta semana à CPI. Randolfe lembrou que a possível convocação de Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro (RJ) e filho do presidente Bolsonaro, ainda será decidida.

"Não faremos investigação para saciar nosso fígado, mas para responder aos milhões de brasileiros", declarou o senador.

*Da Agência Senado

Segundo ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro a comparecer à CPI da Pandemia, Nelson Teich depôs durante seis horas aos senadores nesta quarta-feira (5). Na condição de testemunha, o médico oncologista deu detalhes sobre sua saída do Ministério após apenas 29 dias no cargo; sobre seu posicionamento em relação à cloroquina e sobre seu relacionamento com o general Eduardo Pazuello, que lhe sucedeu no comando da pasta. 

Nelson Teich repetiu várias vezes que deixou o governo quando percebeu que não teria autonomia para fazer o que ele achava ser necessário para que o Brasil atravessasse uma crise tão difícil, situação que se refletiu na discordância em relação à cloroquina. 

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"Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências quanto à eficácia e extensão do uso da cloroquina.  Enquanto a minha convicção pessoal, baseada em estudos, era de que naquele momento não existia evidência para liberar, existia um entendimento diferente por parte do presidente, que era amparado na opinião de outros profissionais, até do Conselho Federal de Medicina. Isso aí foi o que motivou a minha saída. Sem a liberdade para conduzir o ministério conforme as minhas convicções, optei por deixar o cargo", explicou. 

Distribuição de cloroquina 

Ainda sobre a cloroquina, após pergunta do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Teich disse não ter conhecimento sobre a fabricação do medicamento em laboratórios do Exército. Ele negou também ter distribuído a substância para comunidades indígenas e que tivesse recebido ordem expressa do presidente da República para adoção do medicamento em todo o país. 

Teich explicou que se trata de uma droga com efeitos colaterais de risco, sem dados concretos sobre seus reais benefícios, e havia ainda preocupação com o uso indiscriminado e indevido por parte da população. 

O relator insistiu, querendo saber se houve a distribuição do produto a partir do Ministério da Saúde.

"Pode ter acontecido, mas nunca sob minha orientação, que era contrária. Estou falando isso porque sempre é possível acontecer alguma coisa. É uma máquina muito grande. Mas não era do meu conhecimento e, se tivesse sabido, não deixaria fazer", garantiu. 

Ao abordar também o assunto, os senadores Luiz Carlos Heinze (PP-PR), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos do Val (Podemos-ES) reclamaram da "politização" do tema e afirmaram que a ciência está dividida e que há especialistas e centenas de estudos científicos com resultados favoráveis ao medicamento. 

"A verdade vai triunfar com o tempo e espero que o ministro Teich não tenha remorso em relação a isso", disse Eduardo Girão. 

Teich, por sua vez, sublinhou que é preciso se orientar por instituições internacionais reconhecidas e, por isso, não recomenda o uso desse e outros medicamentos contra covid-19. 

Senadores como Otto Alencar (PSD-BA), Zenaide Maia (Pros-RN) e Fabiano Contarato (Rede-ES) se uniram às recomendações do ministro, contrárias ao uso de cloroquina. Otto afirmou que Heinze estava "completamente equivocado" quanto ao tratamento, pois a cloroquina não serve contra covid e pode ter graves efeitos colaterais. Já Zenaide disse que o governo vendeu “falsa esperança” ao povo brasileiro ao incentivar o uso da cloroquina e cobrou do Executivo a publicidade educativa sobre uso de máscaras e isolamento. E Fabiano reforçou que é preciso olhar para o consenso científico, que não recomenda o uso do medicamento. 

Pazuello

Nelson Teich negou que a presença de Eduardo Pazuello no ministério tivesse sido imposição de Bolsonaro. O general foi secretário-executivo e, posteriormente, sucedeu Teich no comando da pasta. 

"Eu conversei com ele [Pazuello], ouvi o que tinha para falar, ouvi a experiência... E me pareceu que, naquele momento, em que eu precisava ter uma agilidade muito grande na parte de distribuição, para ajudar no problema de EPIs e de respiradores, ele poderia atuar bem. Agora, o fato de tê-lo nomeado não significa que ele iria continuar caso eu não "performasse" bem", afirmou. 

Indagado posteriormente se Eduardo Pazuello já se mostrava suficientemente qualificado para representar a autoridade sanitária máxima do País, Teich disse que seria mais adequado alguém com conhecimento maior sobre gestão em saúde.  

Vacinas 

Em relação às vacinas, Teich declarou que durante a sua gestão começaram as tratativas sobre os imunizantes, mas com foco nos estudos clínicos, e não nos contratos e nas compras. Ao responder ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ex-ministro afirmou ainda que fez contato com três empresas e que integrantes da pasta podem ter conversado com outras instituições.

"No meu período, não tinha uma vacina ainda sendo comercializada, era ainda o começo do processo e foi quando eu trouxe o imunizante da AstraZeneca para o estudo ser realizado no Brasil, para o país ser um dos braços desse estudo, na expectativa de que, trazendo o estudo, a gente tivesse uma facilidade na compra futura", esclareceu.

Para o médico, o país poderia sim ter antecipado na compra de imunizantes; mas, para isso, teria que ter entrado numa espécie de compra de risco: 

"São duas coisas distintas: uma é o consórcio e outra é da fase em que você pode fazer a compra no risco, ou seja, se a vacina não der certo você perde. Mas isso envolve um grande volume de dinheiro, então é preciso ter uma posição do país, não apenas Ministério da Saúde. Mas, tendo uma estratégia mais focada em vacina, provavelmente a gente teria tido mais vacina", afirmou. 

Imunidade de rebanho

Os oposicionistas Humberto Costa (PT-PE), Leila Barros (PSB-DF) e Rogério Carvalho (PT-SE) abordaram a chamada "imunidade de rebanho", defendida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no início do ano passado. Para Nelson Teich, tal teoria é um erro. O ex-ministro, no entanto, afirmou que essa abordagem nunca chegou a ser imposta a ele como estratégia a ser adotada pela pasta. 

"A tese de imunidade de rebanho onde se adquire imunidade pelo contato [com o vírus], e não pela vacina, é um erro. A imunidade você vai ter através da vacina, não através de pessoas sendo infectadas. Isso não é um conceito correto. Teve lugares que ficaram sobrecarregados porque houve muito mais casos que o sistema [de saúde] podia receber. Isso é mais um item que deixa claro como é importante estar preparado para enfrentar uma pandemia. Isso é mais uma coisa para aprendermos. Mas essa imunidade de rebanho, através de infecções, é um erro", declarou. 

Entrevistas coletivas

A estratégia de comunicação do Ministério da Saúde e as entrevistas coletivas concedidas pelos ministros foram outro tema recorrente na audiência desta quarta-feira (5). Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA) quiseram saber, por exemplo, o motivo da redução do número de entrevistas na gestão de Teich. 

Ele admitiu que, quando assumiu a pasta, existia um clima de politização e disputa muito grande. A intenção inicial dele era, portanto, conhecer melhor o dia-a- dia do ministério e estudar uma melhor forma de as coletivas serem realizadas, a partir de um aspecto mais técnico. 

"Era um clima muito tenso. Então, eu via que as coisas que eu falava eram mais usadas do que ouvidas. Eu já tinha algumas coisas bem definidas na minha cabeça em relação ao que fazer [...] Inclusive, eu achava que aquelas coletivas deveriam ser até um pouco mais técnicas, no sentido de não só passar números, mas tentar passar alguma comunicação para a sociedade. Então, ali era um momento em que eu estava também estudando até a melhor forma de aquelas coletivas acontecerem". 

A participação da bancada feminina na CPI voltou a gerar polêmica. Sem vaga formal no colegiado, as senadoras têm se revezado para fazer perguntas durantes as audiências, a partir de uma permissão do presidente Omar Aziz (MDB-AM). 

Segundo o senador Ciro Nogueira (PP-PI), no entanto, não houve acordo para abertura de tal exceção. Ele reclamou e foi iniciada uma discussão com a senadora Elilziane Gema (Cidadania-MA) e com outras parlamentares que estavam na sala. 

"Ninguém! Não há um partido político desta Casa que tenha mais representantes mulheres. Agora, se foi um erro das lideranças não indicarem as mulheres, a culpa não é nossa. E a gente fica sempre com o papel de ser o vilão dessa situação?", indagou. 

Eliziane Game afirmou ter havido acordo sim e disse não entender o medo das vozes femininas na comissão. 

"Somos 12 Senadoras, nós temos, inclusive, direito a destaque, com a alteração do Regimento que nós fizemos. Eu acho até que é algo que a gente precisa debater para que, em casos de comissões que não tenham a participação de uma mulher, que a nossa bancada indique uma. Eu acho que de fato nós precisamos alterar", sugeriu. 

Omar Aziz chegou a suspender temporariamente a sessão, mas ela foi retomada pouco menos de dez minutos depois com o direito de fala garantido a Eliziane.  Segundo o presidente, a questão da participação das mulheres ainda será novamente discutida pelo colegiado. 

Às 16h38, o presidente da CPI encerrou a reunião por conta da abertura da ordem do dia do Plenário. 

* Da Agência Senado

 

O ex-ministro da Saúde e médico oncologista Nelson Teich afirmou que, apesar de tradicionalmente a gestão da saúde pública ser feita a nível estadual ou municipal, a epidemia da covid-19 em solo nacional demandaria uma coordenação e liderança nacional. Estes pontos estão entre outros cinco critérios - planejamento, estratégia, informações, poder de execução e comunicação -, os quais Teich avalia ter havido erros estratégicos do governo federal.

"Pra mim essa liderança (no combate à covid-19) tem que ser do Ministério da Saúde, e indiretamente tem que ser do governo como um todo. Essa é minha posição, essa liderança deveria ser do Ministério da Saúde e do governo como um todo", disse durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.

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"A grande parte dos pontos da saúde eles são resolvidos em nível estadual e municipal, só que a covid-19, ela traz a necessidade, uma sobrecarga, que demanda realmente liderança e coordenação, porque você tem que ter uma definição de estratégia, de planejamento, tudo isso. E isso não aconteceu porque o sistema não tinha uma preparação prévia para atuar desta forma", afirmou nesta tarde. "Então, neste momento, eu não estou dizendo que a culpa é deste governo ou de um governo anterior, eu digo que é como o sistema se colocou", completou.

Em seu depoimento na CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou que o Governo Federal criou uma divergência entre a Saúde e a Economia, quando os dois âmbitos enfrentavam o mesmo problema. Na manhã desta quarta-feira (5), o médico revelou que pediu exoneração do cargo devido à falta de autonomia no comando da pasta e por ser contra a ampliação do uso da Cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.

Após advertir sobre os efeitos colaterais e a falta de dados concretos que comprovassem os benefícios da substância contra a Covid-19, Teich disse que o Planalto distanciou a Saúde da Economia e criou um ambiente adverso, que na realidade não deveria existir. A condição era reforçada pela pressão para o fim das medidas de distanciamento social.

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"O que aconteceu que eu achei muito ruim. A Economia foi tratada como dinheiro e empresa, e a Saúde como vidas, sofrimento e morte, mas na verdade tudo é gente. Quando você fala da Economia você está falando de gente", comentou o gestor sem descartar os prejuízos futuros da crise econômica.

"Quando você discute distanciamento, você não está discutindo dinheiro ou liberar a Economia, você está falando da vida das pessoas. Esse foi o grande problema que achei", apontou aos senadores.

Sobre a atuação do seu sucessor na pasta, o general Eduardo Pazuello, que assumiu o Ministério após ser indicado pelo presidente à Secretaria Executiva, o oncologista sugere que faltou qualificação técnica para que o militar assumisse o cargo. "Na posição de ministro, acho que seria mais adequado um conhecimento maior sobre gestão e saúde", enfatizou.

Com intuito de seguir a ordem cronológica de lideranças do Ministério, o próximo da fila a depor seria o ex-ministro Eduardo Pazuello, que foi flagrado passeando sem máscara em um shopping de Manaus, ironizou a situação, e alegou que não poderá dar explicações à Comissão porque está com suspeita de Covid-19. Sua participação foi reagendada para o dia 19.

Sucessor de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde durante a pandemia, o oncologista Nelson Teich começou a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quarta-feira (5). Com menos de um mês no cargo, ele afirmou que a divergência com o presidente Jair Bolsonaro sobre o uso da cloroquina foi a motivação para seu pedido de demissão.

Com 28 dias como ministro, Teich ficou à frente da luta contra o vírus do dia 17 de abril até 15 de maio do ano passado. Sem concluir praticamente nenhuma atividade programada, ele indica que chegou a iniciar uma proposta de controle de transmissão, prevista em programas de testagem em massa e distanciamento com protocolo nacional, em parceria com outros ministérios.

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O médico ainda ressaltou que até chegou a dar início às primeiras negociações com as fabricantes de imunizante Moderna e Janssen, mas não fechou negócio. "No meu período não tinha uma vacina sendo comercializada, era ainda o começo do processo. Foi quando eu trouxe a vacina da AstraZeneca para o estudo ser realizado no Brasil. Para o Brasil ser um dos braços desse estudo, na expectativa de que a gente tivesse uma facilidade na compra futura", esclareceu.

Após jurar relatar apenas a verdade, Teich revelou que não tinha autonomia, nem liderança, enquanto esteve na pasta. "Sem liberdade para conduzir o ministério conforme minhas convicções, optei por deixar o cargo", afirmou. Ele já alertava para os riscos cardíacos do uso indiscriminado do 'kit covid' apresentado pelo chefe do Executivo.

"Enquanto minha convicção pessoal, baseada em estudos, é que naquele momento não existia evidência da sua eficácia para liberar. Existia um entendimento diferente por parte do presidente, que era amparado na opinião de outros profissionais, até no Conselho Federal de Medicina, que naquele momento autorizou a extensão do uso", apontou.

Nelson expôs que não foi consultado, não participou e nem sabia da produção de Cloroquina pelo laboratório do Exército. A posição foi dividida por Mandetta, que também não sabe de quem partiu a ordem da fabricação. "Minha orientação era contrária", frisou ao reafirmar que também não autorizou que o medicamento fosse distribuído em comunidades indígenas.

"Era um momento muito difícil, faltavam respiradores, faltava EPI, as mortes aumentando, os casos aumentando. Foi um assunto que não chegou a mim, em relação à produção de Cloroquina", disse.

Com intuito de seguir a ordem cronológica de lideranças do Ministério, o próximo da fila a depor seria o ex-ministro Eduardo Pazuello, que foi flagrado passeando sem máscara em um shopping de Manaus, ironizou a situação, e alegou que não poderá dar explicações à Comissão porque está com suspeita de Covid-19. Sua participação foi reagendada para o dia 19.

*Conteúdo em atualização

Antes de iniciar a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta quarta-feira (5), os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediram um minuto de silêncio em homenagem ao ator Paulo Gustavo. O humorista foi mais uma vítima da Covid-19 no Brasil, que atingiu mais de 411 mil mortes em razão da pandemia nessa terça (4).

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e o presidente Omar Aziz (PSD-AM) também lembraram da importância do artista para a cultura nacional e dos efeitos positivos do seu trabalho, que alegrou a rotina dos brasileiros.

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"A cultura é o espelho e a mensagem de um povo, e que a memória de Paulo Gustavo e desses brasileiros, e o impacto que o Brasil tem nesse momento com a perda desse artista tão querido, que deixa um vazio enorme na alma brasileira, inspire os trabalhos dessa Comissão Parlamentar de Inquérito. Que nosso trabalho seja em honra a Paulo Gustavo e a tantas milhares de famílias brasileiras", disse o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

A Casa cumpriu o breve período de homenagem e retomou as atividades. Nesta manhã, a testemunha convocada para depor é o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich. Ele sucedeu Luiz Henrique Mandetta no comando da pasta, mas abandonou o cargo com menos de um mês, após divergências sobre o tratamento precoce defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia nesta quarta-feira (5). Ele é o segundo ex-ministro do governo Bolsonaro a ser ouvido pelos senadores.

O depoimento de Teich estava previsto para ocorrer nessa terça-feira (4), mas teve de ser adiada devido ao grande número de perguntas dirigidas ao também ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, primeiro a ser ouvido pela CPI.

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Acompanhe ao vivo:

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Passada a eleição do comando e a definição do plano de trabalho, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) criada para apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 começa a ouvir os depoimentos de ex-ministros da Saúde na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Os dois primeiros a falar aos senadores serão Luiz Henique Mandetta, na terça-feira (4), às 10h, e Nelson Teich, a partir das 14h. 

A convocação dos ministros atende uma série de requerimentos aprovados na semana passada. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) são autores dos pedidos. Segundo eles, os depoimentos dos ex-ministros devem ajudar a esclarecer se o Brasil poderia ter tomado outro rumo no enfrentamento a pandemia e freado o número de mortes. 

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Mandetta foi demitido do cargo no dia 16 de abril de 2020, no início da crise da pandemia no Brasil. Naquela data o Brasil registrava 1.924 mortes. Hoje, o país tem mais de 400 mil óbitos por Covid-19. Seu substituto, Nelson Teich, permaneceu menos de um mês no cargo. Segundo Randolfe, a constante troca de ministros da Saúde em meio à pandemia é, por si só, um enorme problema para a gestão do ministério e  “pior ainda são os motivos para essas trocas”.

“O senhor Luiz Henrique Mandetta foi exonerado do cargo de ministro da Saúde justamente por defender as medidas de combate à doença recomendadas pela ciência. O presidente defendia mudanças nos protocolos de uso da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus, mas o Nelson Teich era contra. Infelizmente, sabemos o rumo que a gestão da pandemia tomou no país”, aponta Randolfe nos pedidos. 

Semana

Ainda nesta semana, são aguardadas as oitivas do general Eduardo Pazuello, que esteve por mais tempo no comando do ministério desde que a pandemia começou, e do atual ministro, Marcelo Queiroga. O primeiro falará na quarta-feira (5), enquanto que o segundo deverá prestar esclarecimentos na quinta-feira (6), mesmo dia em que está agendada a oitiva do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres. Todos vão comparecer ao Senado na condição de testemunhas.

Requerimentos

A CPI da Pandemia pode votar em seguida a convocação de ministros de outras pastas, governadores e prefeitos. 

Os parlamentares sugerem a convocação dos ministros Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Defesa e ex-Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil e ex-Secretaria de Governo), entre outros. Há ainda requerimentos para a convocação do ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e do atual chanceler, Carlos Alberto Franco França.

A CPI da Pandemia pode votar ainda a convocação dos governadores João Doria (São Paulo), Wilson Lima (Amazonas), Rui Costa (Bahia) e Hélder Barbalho (Pará). Wellington Dias (Piauí) é convidado como representante do Fórum de Governadores.

*Da Agência Senado

O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, disse na noite deste domingo (24), em entrevista à Globonews que não houve um alinhamento dele com o presidente Jair Bolsonaro, por isso sua decisão de deixar o governo. "Não foi a cloroquina, foi política", afirmou ao ser perguntado se o uso do remédio para combater a Covid-19 foi o motivo de sua decisão.

"Na prática existia entre mim e o presidente uma diferença em como abordar o problema", afirmou o ministro. Teich disse que ainda não há estudos definitivos sobre a eficácia da cloroquina, que devem estar prontos "em duas, três semanas", inclusive no Brasil. Por isso, seria melhor esperar. "Aí fica mais fácil definir", disse ele. Mas Bolsonaro preferia antecipar a decisão de liberar o uso. "O problema não é a cloroquina, o problema é as suas escolhas."

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"Para mim eu tinha que esperar pra tomar uma decisão. Não me senti pressionado, não tem pressão nenhuma", afirmou Teich. "Se tem coisas que não se sabe se funciona, eu não posso gastar dinheiro nisso, porque tenho pouco dinheiro." Por isso, disse ele, antecipar a decisão do uso da cloroquina teve peso em sua decisão de saída.

"O dinheiro da saúde é muito pouco para ser gasto em coisas que não funcionam", disse ele. Teich ressaltou que sempre conversou com Bolsonaro, por mais que tivesse problemas com ele e afirmou que não sofreu pressão e nem aceitaria ser pressionado.

"Ter divergência não é ter conflito, por isso que a saída foi confortável', disse Teich.

Em sua conta oficial no Twitter, o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, agradeceu ao ministro interino da pasta, Eduardo Pazuello, o convite para ser conselheiro do órgão, mas recusou a proposta. Segundo Teich, aceitar o cargo não seria coerente.

"Agradeço ao Ministro Interino Eduardo Pazuello pelo convite para ser Conselheiro do Ministério da Saúde, mas não seria coerente ter deixado o cargo de Ministro da Saúde na semana passada e aceitar a posição de Conselheiro na semana seguinte", escreveu o ex-ministro. Ele pediu exoneração do cargo, após ficar no posto por cerca de um mês.

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Teich afirmou ainda que pretendia levar ao Ministério um modelo técnico de gestão, para aumentar a eficiência dos serviços. Entretanto, ele diz que isso não significa apenas uma condução puramente técnica, o que, segundo Teich, seria "simplista".

"Uma condução técnica do Sistema de Saúde significa uma gestão onde estratégia, planejamento, metas e ações são baseadas em informações amplas e precisas, acompanhadas continuadamente através de indicadores", tuitou.

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O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), informou que estudos comprovaram que 33% dos pacientes que usaram cloroquina para tratar o novo coronavírus sofreram arritmia cardíaca. A alteração nas batidas pode causar parada cardíaca e levar à morte. Com a intenção de reabrir o comércio a qualquer custo, a distribuição do medicamento é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Esse número assusto, é alto [...] e aí você começa a ter um problema. Se todos os velhinhos tiverem arritmia, vão lotar o CTI, porque tem muito mais casos de arritmia que complicação de Covid. E vou ter que arrumar CTI pra isso, e pode ser que morre muita gente em casa com arritmia", declarou o ex-ministro à Folha de São Paulo nesta segunda-feira (18).

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Com as recusas do próprio Mandetta e do seu sucessor, Nelson Teich - que pediu demissão nessa sexta-feira (15) - o democrata avaliou as intenções do uso da cloroquina em grande escala. "A ideia de dar a cloroquina, na cabeça da classe política do mundo, é que, se tiver um remédio, as pessoas voltam ao trabalho. É uma coisa para tranquilizar, para fazer voltar sem tanto peso na consciência", disse.

Ele destaca que o "último mês foi perdido, sem nenhuma ação positiva por parte do ministério" ao comentar sobre a gestão de Teich. "O natural numa situação dessa é o novo ministro colocar a visão dele e pedir para a equipe executar. Mas o que assistimos foi a demissão de todo o segundo e o terceiro escalão do ministério, sem colocar ninguém no lugar. Isso é o pior dos mundos. O Ministério da Saúde está hoje uma nau sem rumo. Foram 30 dias de um ministério ausente", acrescentou.

O general Eduardo Pazuello foi nomeado interinamente (em caráter temporário) ministro da Saúde após o pedido de demissão de Nelson Teich, com menos de um mês de gestão à frente da pasta. A exoneração de Teich com consequente nomeação temporária de Pazuello foi publicada no Diário Oficial deste sábado (16).

Pazuello se formou na Academia Militar das Agulhas Negras, em 1984, e coordenou a Operação Acolhida, responsável por refugiados da Venezuela no Brasil, e comandou a 12ª Região Militar, no Amazonas. Sua formação, no entanto, é exclusivamente militar e não inclui, de modo algum, estudos de medicina ou outra área da saúde.

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A chegada de Pazuello ao ministério se deu por indicação do também general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ainda no final de abril, Pazuello já havia assumido o cargo de secretário-executivo no ministério e nomeado militares para diversos cargos.

Apesar de haver chance de sua efetivação no posto, ainda estão no páreo pelo ministério a médica oncologista Nise Yamaguchi, defensora do uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro.

Na condição de ministro interino, caberá a Pazuello decidir sobre novos protocolos acerca da utilização de cloroquina, ponto que levou à saída re Teich e à demissão de seu antecessor, Mandetta. Mesmo sem respaldo da comunidade científIca, Bolsonaro voltou a insistir que o ministro da saúde libere o medicamento aos pacientes leve como condição para permanência no cargo.

Por meio de nota, a pasta afirma que orientações de assistência aos pacientes estão em análise e aos poucos o presidente vai liberar o uso da cloroquina para todos os casos.

“O objetivo é iniciar o tratamento antes do seu agravamento e necessidade de utilização de UTI (Unidades de Terapia Intensiva). Assim, o documento abrangerá o atendimento aos casos leves, sendo descritas as propostas de disponibilidade de medicamentos, equipamentos e estruturas, e profissionais capacitados. As orientações buscam dar suporte aos profissionais de saúde do SUS (Sistema Único de Saúdel) e acesso aos usuários mais vulneráveis às melhores práticas que estão sendo aplicadas no Brasil e no mundo”, informou o ministério.

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O Dr. Rey, cirurgião plástico e apresentador de programa de televisão voltou a se colocar à disposição do cargo de Ministro da Saúde horas depois do pedido de demissão de Nelson Teich do cargo nesta sexta-feira (15). 

O cirurgião plástico mostrou está alinhado com o discurso do presidente Jair Bolsonaro sobre o uso da Cloroquina e citou, segundo ele, estudos que comprovam a eficácia do medicamento nos Estados Unidos. Rey chamou de vergonhosa a situação do Brasil após a saída de Teich e afirmou: "ao invés de lutar contra o vírus estamos lutando por ideologia".

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"Mesmo que o nosso presidente faça o máximo o Ministério da Saúde está um caos. Muito humilhante para pedir, mas eu peço ao presidente Bolsonaro que me considere como Ministro da Saúde. Eu apoio o senhor 100% porque o seu plano é o mesmo dos Estados Unidos que abre essa semana, por isso estou indo operar", ressaltou. 

Rey disse que em outras 'epidemias' vividas durante sua carreira muita gente morreu, mas que isso não é o fim do mundo. Além disso, afirmou ser a favor do uso da cloroquina e prometeu novas soluções além da defesa da proteção maior para o grupo de risco, basicamente o isolamento vertical proposto por Bolsonaro.

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A sexta-feira começou agitada na vida dos brasileiros. Na manhã de hoje (15), Nelson Teich pediu demissão do cargo de ministro da Saúde do governo do presidente Jair Bolsonaro. A reação com o desligamento de Teich causou burburinho entre internautas, políticos e artistas. No Twitter, Fernanda Paes Leme falou sobre o assunto.

Ela usou a rede social para demonstrar insatisfação. "A gente não tem paz. Uma pandemia desgovernada. Também quero sair do governo Bolsonaro. Como é que faz?", escreveu a atriz, em uma sequência de postagens. Assim como Fê Paes Leme, Bruno Gagliasso também se manifestou. Na mesma plataforma, o ator criticou a postura de Bolsonaro em meio à pandemia.

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"De ontem pra hj ele mentiu que não falou sobre a Polícia Federal, fez uma live com empresários pedindo que pressionem os governadores para reabrir td, pairam dúvidas sobre a veracidade dos exames entregues ao STF, prescreveu medicação não recomendada no mundo e derrubou o Teich. De ontem pra hj foram mais de 800 vidas perdidas e mais e mais brasileiros sofrem nos hospitais. Acho que prefiro o Bolsonaro andando de jetski. Mata menos", opinou.

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O pedido de demissão do ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, recebeu destaque nos principais sites da imprensa mundial. Teich pediu demissão menos de um mês depois de assumir o cargo e sai após entrar em choque com o presidente da República, Jair Bolsonaro.

O jornal norte-americano The New York Times destacou logo no início do site, onde há um ao vivo sobre a pandemia do novo coronavírus, a demissão do ministro brasileiro. "Ministro da Saúde do Brasil deixa o cargo após menos de um mês após choques com Bolsonaro", diz a chamada. O jornal destaca ainda a demissão do ministro anterior, Luiz Henrique Mandetta pelos mesmos atritos com o presidente da República.

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O também norte-americano Washington Post segue a mesma Linha e destaca em seu ao vivo a notícia do País. "Brasil perde seu segundo ministro da Saúde em menos de um mês", diz a chamada. A notícia ressalta o embate com Bolsonaro sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19.

O espanhol El País, em sua versão Américas, colocou a notícia em sua manchete. "Ministro da Saúde do Brasil apresenta sua renúncia após menos de um mês no cargo". Em seguida, o site destaca o número de quase 14 mil mortos e 206 mil casos confirmados no País.

Na página do inglês The Guardian, a notícia também aparece no destaque do ao vivo sobre a pandemia. "Brasil: segundo ministro da Saúde renuncia em menos de um mês enquanto as mortes por covid-19 aumentam". O jornal chama a demissão de Teich de "repentina".

América Latina

A imprensa da América Latina também destaca a demissão de Teich. O argentino Clarín afirma: Situação no Brasil: renunciou o segundo ministro da Saúde de Bolsonaro: ficou no cargo menos de um mês." Outro jornal argentino, o La Nación afirma "Crise: renunciou o ministro da Saúde de Bolsonaro menos de um mês depois de assumir".

O El Comercio do Equador destaca a notícia como primeiro item do setor ao vivo: Ministro da Saúde do Brasil renuncia após incompatibilidades com Jair Bolsonaro. O paraguaio ABC Color colocou na manchete da área Mundo a notícia sobre o Brasil. "Ministro da Saúde do Brasil se demite com a pandemia em pleno crescimento".

Questionado sobre a renúncia do ministro da Saúde, Nelson Teich, o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde, Mike Ryan, se limitou a dizer que está ciente da alta no número de novos casos no Brasil e evitou fazer comentários específicos sobre a situação política no País.

"É crucial que haja coerência e coesão na abordagem da sociedade e da governo, especialmente em grandes federações, onde as comunidades precisam ouvir uma mensagem consistente das lideranças em todos os níveis", afirmou, durante coletiva de imprensa, em Genebra, na Suíça.

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Na coletiva, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que pesquisadores no mundo inteiro estão trabalhando com rapidez para entender o vírus e potencialmente desenvolver vacinas, medicamentos e outras tecnologias. "Essas ferramentas são esperanças adicionais na esperança de superar a covid-19, mas não irão acabar com a pandemia se não pudermos garantir acesso igualitário a elas", afirmou.

Tedros Ghebreyesus revelou ainda que a OMS vai lançar uma plataforma aberta e colaborativa de compartilhamento de conhecimento, dados e propriedade intelectual relacionados ao coronavírus. "A solidariedade global vai acelerar a ciência e expandir o acesso para que possamos superar a doença", disse.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta comentou de forma breve no Twitter a saída de Nelson Teich da pasta, nesta sexta-feira (15). Na mensagem, Mandetta evidenciou suas preocupações após mais uma mudança no ministério.

 "Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé!", escreveu Mandetta, acrescentando a hashtag #fiqueemcasa.

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O Ministério da Saúde informou que Nelson Teich deixa o cargo de ministro nesta sexta-feira, menos de um mês após assumir o posto. Uma coletiva de imprensa está prevista para esta tarde.

 Teich tomou posse em 17 de abril. Ele substituiu Mandetta, que apresentava discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro.

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A visita do ministro da Saúde, Nelson Teich, ao Rio nesta sexta-feira (8) coincide com o momento em que o Estado e a capital fluminense enfrentam um agravamento nas condições de combate ao novo coronavírus. Somente nos últimos quatro dias, o Rio de Janeiro confirmou 330 mortes por Covid-19 e 2.440 novos casos da doença. Ao todo, já são 1.394 óbitos e 14.156 testes positivos para o coronavírus no Estado.

Na quinta-feira (7) o Rio de Janeiro contabilizou 189 mortes em um dia, superando São Paulo - que tem os maiores índices e registrou 161 mortes - pela primeira vez. O crescimento da curva mostra que a inauguração de 799 novos leitos desde o início da pandemia não foi suficiente para atender a demanda.

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Há pelo menos 442 pacientes confirmados ou com suspeita de covid-19 aguardando vaga em uma UTI. A promessa dos governos é de que 700 novos leitos serão abertos ainda neste mês.

O sistema público de saúde opera no limite há pelo menos duas semanas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), somente duas unidades da rede estadual - Hospital Regional Zilda Arns (cujas taxas de ocupação são de 89% na enfermaria e 86% na UTI) e o Hospital de Campanha Lagoa-Barra (onde há 101 pacientes internados, 70 em leitos de UTI) - ainda possuem leitos livres para pacientes com covid-19.

Ao mesmo tempo em que corre para não ver seu sistema de saúde entrar em colapso, tanto o governo do Estado quanto o da capital tentam apertar o isolamento social, que vem caindo nas últimas semanas. A reportagem flagrou grande movimentação de pessoas em calçadões junto às praias do Rio no feriado de 1º de maio. Esta semana, a movimentação no bairro de Campo Grande, na zona oeste - que apresentou grande crescimento no número de casos e de mortes por covid-19 nos últimos dias - fez a prefeitura do Rio bloquear alguns acessos na região. A medida será ampliada para outros bairros da zona oeste e deverá chegar à zona sul nas próximas semanas.

A cidade de Niterói, no Grande Rio, anunciou que irá multar pessoas que estiverem nas ruas sem comprovar necessidade. O governador Wilson Witzel (PSC), por sua vez, já admite que poderá realizar bloqueio de estradas e restringir a circulação de veículos em todo o Estado.

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