Homofobia: Bolsonaro diz que ivermectina 'mata bichas'

Presidente voltou a defender uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19, como cloroquina e ivermectina

por Vitória Silva qua, 21/07/2021 - 15:07 Atualizado em: qua, 21/07/2021 - 16:26
Alan Santos/PR Bolsonaro, em videoconferência no Planalto, em julho de 2021 Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a fazer comentários de cunho homofóbico nesta quarta-feira (21), durante entrevista à rádio Jovem Pan de Itapetininga, em São Paulo.

Ao opinar sobre o uso do medicamento ivermectina, usado no tratamento de infestações por parasitas e defendido pelo presidente para o tratamento da Covid-19, o mandatário recomendou “cuidado” a um dos entrevistadores, pois “ivermectina mata bichas”. O comentário foi feito sob risadas, em resposta a Milton Júnior, que relatou ter usado ivermectina ao ser diagnosticado com o vírus: “se serve de demonstração, aqui na rádio, todos nós tomamos a ivermectina e ninguém pegou Covid-19".

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Nesse caso, tanto o jornalista, como o presidente, opinam erroneamente sobre o fármaco, que tem ineficácia comprovada contra o coronavírus. Nos estudos mais positivos sobre o seu uso, a ivermectina se saiu como um possível agente terapêutico contra a doença, mas que não exibiu, porém, efeito sobre a replicação viral do SARS-CoV-2.

Além de mencionar que funcionários do Planalto tomaram ivermectina para tratar ou prevenir a Covid-19, o chefe do Executivo foi além e voltou a defender a cloroquina, que é mais um medicamento comprovadamente ineficaz contra o novo vírus. "Eu tomei a cloroquina, mais de 200 tomaram, aqui na Presidência e ninguém foi a óbito", alegou.

Na entrevista, temas quentes como o fundo partidário e a reforma ministerial também foram abordados. Na polêmica do fundão, tornou a dizer que deve vetar a proposta. A proposta, que está incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada pelo Congresso Nacional na semana passada, propõe a destinação de R$ 5,7 bilhões para as campanhas eleitorais de 2022. Durante a entrevista, Bolsonaro disse acreditar que seu veto não irá resultar em complicações políticas para o governo e defendeu que a verba seria melhor aplicada em outras áreas.

“Eu vou vetar e fica na mão do parlamento derrubar o veto ou não. Eu mandei para o parlamento a reforma fundiária e o Rodrigo Maia deixou caducar a MP. Paciência. Quando eles aprovam uma coisa lá e vem para cá, eu não tenho obrigação de sancionar, eu posso vetar também. Da minha parte não é retaliação, é questão de governabilidade. Espero que não tenha nenhum problema. Acho que não vai ter”, afirmou o presidente.

Já a reforma ministerial deve começar tímida, a partir da próxima segunda-feira (26). Bolsonaro informou que, após a sua alta do hospital Vila Nova Star, está focado em realizar “pequenas” mudanças no comando das pastas. “Estamos trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial, que deve ocorrer na segunda-feira, para ser mais preciso, para a gente continuar aqui administrando o Brasil”, anunciou o presidente durante entrevista. Bolsonaro ainda voltou a defender que todo o seu governo foi formado por critérios técnicos, sem indicações por parte de partidos.

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