'Armar o cidadão não é solução para segurança', diz Raquel

Pré-candidata ao Governo de Pernambuco não é completamente contra a posse de arma por civis, mas acredita que é possível propor uma segurança pública que descarte essa necessidade. Lyra também condenou projetos relacionados ao porte de armas de fogo

por Vitória Silva qui, 09/06/2022 - 13:15
Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo Raquel Lyra em visita ao Recife Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo

Ex-delegada da Polícia Federal, Raquel Lyra (PSDB), pré-candidata ao governo de Pernambuco, tem a segurança pública e a reestruturação das forças policiais como parte da própria pauta desde que era prefeita da cidade de Caruaru, no Agreste. Na Sabatina UOL e Folha de São Paulo desta quinta-feira (9), ela admitiu que não é completamente contra a posse de armas pela população civil, mas entende que esta é uma necessidade extrema, influenciada por falhas de segurança social. Lyra também criticou projetos que pretendem conceder posse “indiscriminada” aos brasileiros. 

“Eu discordo da tese [de que o porte dá mais segurança à população]. Em qualquer lugar do mundo, ela não consegue se comprovar. A questão de armar o cidadão, para mim, não é a solução para a segurança pública. A gente precisa resolver o problema de segurança em Pernambuco com um novo olhar sobre a estruturação das polícias, investimento em inteligência e garantia de ações de prevenção social que consigam enxergar quem hoje é potencial vítima e autor de crimes, e seus familiares, para protegê-los e permitir que possamos ter estado de mais paz social”, declarou a ex-prefeita. 

Ela continuou: “A meu ver, a liberação de armas, de forma discriminada, inclusive daquelas que eram de uso restrito, na mão do cidadão, é perigoso. Mais ainda nas mãos de bandidos, porque muitas delas irão parar lá”. 

Sucateamento da polícia 

Na sabatina, Raquel Lyra admitiu que as forças policiais do estado, sobretudo a Militar e a Civil, estão sucateadas e desmotivadas. Apesar de reconhecer a letalidade policial, também acredita que as tropas carecem de estrutura de trabalho e de uma nova visão para a abordagem pública. No “Pinga Fogo” da entrevista, quadro em que os entrevistados respondem com “sim” ou “não” sobre os tópicos mais importantes da disputa, Lyra disse que é a favor do uso de câmeras no uniforme policial. 

"A tropa está desmotivada. As delegacias estão sucateadas, não só com teto caído, mas com falta de materiais de limpeza, de expediente, e cobrando o que não tem condições de entregar. A Delegacia da Mulher precisa ser interiorizada e funcionar nos finais de semana e à noite, com unidades móveis inclusive. Vou fazer o completamento das tropas da Polícia Militar, porque muita gente saiu. Temos 90% dos municípios cobertos com dupla de policiais fazendo ronda. Eles só chegam depois de 6 a 7 horas do crime acontecido", declarou Raquel. 

A pré-candidata também disse que falta transparência sobre segurança pública no atual governo de Pernambuco. E criticou o programa Pacto Pela Vida. 

"Os indicadores do Pacto pela Vida estão errados, pois se deixa de investigar após 12 meses, porque não conta pra bater meta. Crimes de 12 meses atrás não são investigados mais, na prática, porque não contam para bater meta. O que era uma política pública efetiva acabou virando coisa para tirar retrato", concluiu. 

Propostas em segurança pública 

No estado, Raquel Lyra pretende replicar o “Juntos Pela Segurança”, projeto de segurança pública que uniu todas as forças policiais do estado, a Guarda Municipal e o Ministério Público. A proposta já é aplicada em Caruaru, onde foi prefeita até a metade deste ano. 

“A segurança pública em Pernambuco precisa ser liderada diretamente pelo governador. Se eu tiver oportunidade, farei como em Caruaru, e assumirei o problema diretamente. Quando você vê Paulo Câmara falando, pensa que Pernambuco vive num mar de rosas. Acaba parecendo que a propaganda é a vida real. O pernambucano hoje vive o toque de recolher. Teremos o Juntos pela Segurança, para reunir forças operacionais de polícia e dialogar prevenção da fase primária à prevenção terciária”, prometeu Raquel. 

Ela também sugeriu mais investimento na Polícia Científica, que tem enfrentado problemas para fazer o recolhimento de vítimas mortas em tempo, o que também aponta para um problema sanitário. Além disso, quer que as delegacias funcionem plenamente aos fins de semana e que os núcleos de apoio à mulher funcionem à noite, quando são registrados maiores episódios de violência de gênero. Em outras áreas, como a educação, infraestrutura e o desenvolvimento, a candidata prometeu a criação de 60 mil novas vagas em creches e a conclusão das obras na PE-104 e também na PE-232, além da duplicação da PE-432 até Garanhuns, no Agreste. 

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