Transição de Lula quer tirar militares da GSI
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) é responsável pela segurança do presidente
A desmilitarização do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a nomeação de um civil para comandá-lo é um dos temas debatidos pela equipe de transição de Lula (PT). O grupo tem como função fazer a segurança pessoal do presidente da República, do vice-presidente e dos seus familiares, além de coordenar atividades de inteligência federal. Atualmente, o GSI é liderado pelo general Augusto Heleno, nome de extrema confiança do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que mantém sob o seu guarda-chuva a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O grupo de trabalho de Inteligência Estratégica da transição, um dos últimos núcleos formados, será coordenado pelo delegado da Polícia Federal Andrei Rodrigues, responsável pela segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva até a data da posse, em 1º de janeiro de 2023. Também foram escalados para o grupo o doutor em Ciência da Informação Vladimir de Paula Brito e outros três servidores.
A discussão sobre a desmilitarização ganhou força depois que um vídeo de um sargento da Marinha, lotado no GSI, Ronaldo Travassos, disse que Lula não vai assumir a Presidência no mês que vem. Para o grupo de transição, o episódio torna a discussão em torno do tema indispensável, e não há consenso sobre o assunto entre os aliados de Lula.
Da equipe que faz a segurança do petista, o general Marco Edson Gonçalves Dias é um dos que se posicionam contra a mudança. Ele argumenta aos interlocutores que a natureza da atividade do órgão justifica a presença de militares. Além disso, ele costuma dizer que o próprio Lula manteve 800 fardados no GSI nos dois primeiros mandatos.
A relação da equipe de transição com o GSI está abalada desde quando os grupos se prepararam para se instalar no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. Quando os petistas procuraram trabalhar no local, pediram uma varredura eletrônica para identificar se havia equipamentos de escuta e dispositivos de interceptação de áudio, vídeo ou sinal de celular. Depois disso, o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), cotado para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, criticou o general Heleno. "Não é possível um militar da ativa ter qualquer envolvimento político, ainda mais cometendo crime contra o Estado Democrático de Direito", afirmou o socialista.
GSI
O número de militares e aguardando no Gabinete de Segurança Institucional chega a 1.038 servidores, de acordo com dados obtidos em 2021 através da Lei de Acesso à Informação, a pedido do deputado federal Ivan Valente (Psol-SP).
Os servidores da Abin, por sua vez, propuseram a indicação do diretor-geral da agência. Nas duas reuniões com a equipe de transição, eles pediram que fosse escolhida a saída de quatro técnicos da agência.