Policial acusa o GSI coordenar vandalismo, diz revista

O servidor apontou que a destruição feita por bolsonaristas recebeu apoio do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e da Polícia Militar

qua, 14/12/2022 - 09:51
Reprodução/Redes sociais Parte dos militantes envolvidos nos depredações Reprodução/Redes sociais

Em entrevista à Revista Fórum, um servidor da Polícia Federal (PF) classificou a destruição que tomou as ruas de Brasília como "terrorismo de Estado" e ligou o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) ao quebra-quebra. Ele também observou que a confusão foi tolerada pela Polícia Militar (PM) e espera pelo aumento da escalada de violência com o encaminhamento da gestão Lula (PT).

O servidor afirmou que a ação de extremistas acampados no entorno do Quartel General do Exército em Brasília foi coordenada pelo Gabinete: "O GSI está na cabeça disso, e o uso da área do QG, que é militar, é do Exército, não é à toa. O próprio secretário de segurança do DF disse isso ontem em coletiva, que ‘ninguém entra lá porque é área do Exército’, uma desculpa pronta e perfeita. O GSI tem hoje poder para controlar mais de mil militares diretamente lá dentro e eles estão literalmente bancando, mantendo e abrigando essa gente lá dentro e logicamente ninguém fardado está aparecendo".

Ele comentou que a pressão psicológica é uma forma de atuação já conhecida pelos militares que formam o GSI pela experiência das abordagens nas missões do Haiti e nas GLO’s (operações de Garantia da Lei e da Ordem). "Esse oficialato de Inteligência opera a partir de uma lógica de que eles podem interferir em absolutamente tudo e, numa situação como a atual, operar usando o terrorismo é algo bem natural", pontuou o policial que não teve a identidade relevada para preservar sua imagem, mas comprovou o cargo através de documentos oficiais, segundo a reportagem.

Além da suposta coordenação de dentro da Presidência, a fonte também ressaltou a conivência da Polícia Militar do Distrito Federal, considerada por ele como "profundamente bolsonarista". Apesar das invasões e destruição de patrimônio público e privado, ninguém foi preso em flagrante. “Eu tenho colegas na PM, muitos, são majores, tenentes-coronéis, na PM e nos Bombeiros, e eles são bolsonaristas e extremistas, um pessoal que não tá nem aí para o que está acontecendo, e as polícias não vão fazer absolutamente nada [...] a ação da Polícia Militar do DF ontem foi uma piada, uma brincadeira... Não houve uma prisão sequer e nem uma ação proativa só, preventiva, que evitasse nem que fosse a depredação dos bens públicos e privados [...] Os caras atacaram postos de gasolina e a PM não fez absolutamente nada, nem uma só pessoa foi presa e eles seguem agindo como se nada estivesse acontecendo”, descreveu.

Na sua visão, mais violência deve ocorrer no desenrolar do governo do presidente eleito Lula (PT). "A cada novo fato de repercussão do governo Lula, ou até mesmo agora, antes da posse, esse tipo de tensão e até de ataques e violência vão acontecer, e essa escalada de violência vai aumentar”, concluiu.

COMENTÁRIOS dos leitores