Quem é Cristiano Zanin, advogado que será indicado ao STF

O advogado ficou conhecido nacionalmente por ter defendido Lula nos processos da Operação Lava Jato

qui, 01/06/2023 - 12:40
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo O advogado Cristiano Zanin Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo

O advogado Cristiano Zanin deve ser indicado, nesta quinta-feira (1°), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal (STF). Nascido em Piracicaba, cidade de 400 mil habitantes no interior paulista, Cristiano Zanin cursou Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

O advogado ficou conhecido nacionalmente por ter defendido Lula nos processos da Operação Lava Jato, o que torna a escolha carregada de simbolismo. Ele também foi coordenador jurídico da campanha do presidente em 2022 e, no governo de transição, assumiu a área de cooperação jurídica internacional.

Partiu de Zanin o recurso que declarou o ex-juiz Sergio Moro parcial e reabilitou Lula politicamente. As audiências de instrução da Lava Jato foram marcadas por embates entre o advogado e o então juiz. Em junho de 2017, durante o depoimento do ex-deputado federal Pedro Corrêa, que testemunhou a pedido da acusação, Moro acusou Zanin de "humilhar a testemunha", enquanto o advogado afirmou que o então juiz "respondia no lugar" de Corrêa.

Outro embate de repercussão entre os dois foi no depoimento do ex-diretor da Polícia Federal Luiz Fernando Correa, arrolado por Lula. "Tem perguntas novas para a testemunhas ou nós estamos aqui só perdendo tempo novamente?", questionou Moro. Zanin rebateu: "Vossa Excelência acha que sempre que a defesa fala é perda de tempo." O ex-juiz, hoje senador, vai participar da sabatina do advogado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Quando começou a advogar para Lula, Zanin não tinha experiência na área criminal. A especialidade era em litígios empresariais e recuperações judiciais. Ele trabalhou em casos de grande repercussão, como a recuperação judicial da Varig, a falência da Transbrasil e a revisão do acordo de leniência da J&F. As vitórias alcançadas junto ao STF, onde agora vai ocupar uma cadeira, deram autoridade ao advogado e aumentaram a confiança junto ao entorno do presidente. Ao longo desta quinta, enquanto aguarda sair a indicação, Zanin desligou o celular.

O que já disseram os ministros?

Um dos desagravos mais importantes a Zanin partiu do ministro Gilmar Mendes, decano do STF, no julgamento que declarou Moro parcial: "Acho que falo em nome do Tribunal ao reconhecer o brilhante trabalho da defesa. Sem dúvida nenhuma nós vimos um advogado que não se cansou de trazer questões ao Tribunal, muitas vezes até sendo censurado, incompreendido. Mas ele tinha, vamos reconhecer, uma causa muito difícil e muito personalizada", afirmou Gilmar.

No começo de março, a ministra Cármen Lúcia disse que não via impedimentos na indicação de Zanin para a Corte. "Eu não acho que a circunstância de ser um advogado que foi advogado dele (Lula) ou conhecido dele de alguma forma comprometa o indicado ou eventual novo ministro", afirmou durante entrevista ao programa do Roda Viva, na TV Cultura.

Quando deixou o Supremo, Lewandowski foi questionado sobre o nome de Zanin, mas defendeu que "é uma escolha privativa do presidente". Ele afirmou que espera um sucessor que respeite a Constituição, "sem qualquer receio, com muita coragem" e que "resista às pressões, que são inúmeras no cotidiano de um ministro do Supremo Tribunal Federal".

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