Resolução da ONU não impede novos combates na Líbia
No aeroporto de Mitiga, o único em funcionamento na capital, os voos foram suspensos, após a queda de um foguete
Grupos rivais líbios se enfrentaram, nesta quinta-feira (13), no sul de Trípoli, apesar da resolução do Conselho de Segurança da ONU por um "cessar-fogo duradouro" - relataram testemunhas e forças leais ao Governo de União Nacional (GNA).
No aeroporto de Mitiga, o único em funcionamento na capital, os voos foram suspensos, após a queda de um foguete. No sul de Trípoli, houve novos combates entre as tropas do GNA, com sede na capital, e as do marechal Khalifa Haftar.
As testemunhas ouviram uma explosão de foguetes na região de Machru al-Hadhba, uma zona agrícola situada cerca de 30 quilômetros ao sul do centro da cidade.
Outros foguetes alcançaram os bairros residenciais e deixaram vários feridos, acrescentaram as mesmas fontes ouvidas pela AFP.
Mustafa al-Mejii, porta-voz das forças do GNA, reconhecido pela ONU, confirmou para a AFP os combates em curso nessa região.
O porta-voz acusou as forças leais ao marechal Haftar de violar, novamente, a frágil trégua decretada em 12 de janeiro passado.
"As milícias de Haftar tentaram avançar na região de Machru al-Hadhba, mas nossas forças reprimiram o ataque", afirmou.
Apesar da trégua, há combates esporádicos perto de Trípoli, e as armas continuam entrando no país.
Na quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, pela primeira vez desde abril, quando começou a ofensiva de Haftar contra Trípoli, uma resolução pedindo um "cessar-fogo duradouro", após a trégua declarada em janeiro.
A resolução pede para que continuem as negociações da comissão militar conjunta criada em janeiro. Este painel reúne os dois lados, com o objetivo de chegar a um "cessar-fogo permanente" que inclua um mecanismo de controle, uma separação de forças e medidas de confiança.
Redigido por representantes do Reino Unido, o texto foi aprovado por 14 votos de 15, com a abstenção da Rússia.
O debate se prolongou por mais de três semanas e mostra as persistentes divisões da comunidade internacional quanto ao conflito líbio, apesar da unidade exposta durante a conferência em Berlim, em 19 de janeiro.
Participaram da reunião os presidentes da Rússia e da Turquia, cujos países apoiam os dois partidos da oposição na Líbia.
Reunida em Genebra, a comissão se separou no último sábado (8) sem chegar a um acordo. A ONU propôs retomar as discussões a partir desta semana, em 18 de fevereiro.
Os confrontos ao redor de Trípoli deixaram mais de mil mortos até o momento, e pelo menos 140 mil pessoas foram forçadas a se deslocar, segundo números da ONU.