Vacina é a dose de esperança para a linha de frente em PE

A emoção no Hospital Oswaldo Cruz, no Centro do Recife, ilustrou a importância da união entre os profissionais da saúde ao longo da pandemia da Covid-19

por Victor Gouveia ter, 19/01/2021 - 10:02
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens As primeiras 15 pessoas receberam a primeira dose do imunizante no Recife, na noite dessa segunda (18) Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

A angustia diante dos índices acelerados da Covid-19 deu lugar a lágrimas de esperança após a primeira aplicação da Coronavac em Pernambuco, na noite dessa segunda-feira (18). Tomados pelo cansaço físico e mental, após cerca de um ano na linha de frente contra o vírus, profissionais do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, na área Central do Recife, foram os primeiros vacinados e não esconderam a emoção de iniciar a campanha no estado.

"A sensação é de que aquela luz que tava bem lá no fim do túnel, tá bem mais próxima da gente agora", disse a técnica em enfermagem Ana Carolina, de 44 anos. Há 23 anos na unidade, e atualmente na UTI de doenças infectocontagiosas (DIP), ela vivencia um 'misto de sensações' entre euforia e a ansiedade pela expansão da campanha aos municípios pernambucanos.

Na noite dessa segunda (18), o estado acumulou 241.409 casos e 10.031 mortes em razão da Covid-19. A fisioterapeuta Tatiana Vasconcelos, de 35, lembra da incerteza com a chegada dos primeiros infectados ao hospital. Ela destacou a união dos profissionais da saúde, que evitavam a iminência da contaminação, enquanto tentavam combater a doença, ainda sem tratamento comprovado.

 "A gente chorou muito, chorou de desespero, chorou de tristeza quando perdeu paciente. A gente olhava para os pacientes e dizia 'o que é que a gente vai fazer?' E aos pouquinhos a gente foi aprendendo, e conseguindo lidar melhor. Mas acho que o mais importante é que em nenhum momento a gente deixou de dar amor e conforto a esses pacientes, mesmo nos momentos mais difíceis a gente tá sempre fazendo o nosso melhor", relatou Tatiana, que acrescentou, "poder estar aqui hoje é um símbolo de como a gente enfrentou isso junto enquanto equipe, e como a gente se emociona com a vitória um do outro, como a gente cuidou um do outro e como a gente tá aqui para comemorar junto".

Ana acredita que o retorno à vida sem pandemia deva ocorrer em aproximadamente um ano. Contudo, a conscientização dos populares é fundamental para a antecipar a volta à normalidade. "A gente se sentia impotente diante dos quadros graves que chegavam e, quando você sai na rua e vê aglomerações, é uma sensação de revolta", adverte.

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