Por que hospitais de campanha foram fechados no Recife?

Diante do aumento de casos da Covid-19, poder público tentou reabrir um dos hospitais por meio de licitação ao custo de R$ 12,4 milhões. Não há, até então, empresa interessada e projeto pode ser deixado de lado

por Julianna Valença sab, 13/03/2021 - 14:29
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Hospital Provisório Recife 2, no bairro dos Coelhos, centro do Recife Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Após um ano de enfrentamento à Covid-19, Pernambuco vive um dos estágios mais críticos no seu sistema de saúde. A ocupação dos leitos de UTI atingiu cerca de 95% da capacidade total ofertada pelo Estado e não há previsão, até então, de abertura de novos hospitais de campanha.

No ano passado, durante o pico de casos em Pernambuco, foram montados hospitais de campanha para atender pacientes da Covid-19 em diversas cidades pernambucanas. Porém, ao longo do ano, houve suscetíveis encerramentos da contratação dessas unidades. Na época, o motivo dado pelo Governo do Estado para os fechamentos foi a pouca procura de pacientes pelos leitos.

Na capital de Pernambuco, o Hospital Provisório Recife 1, localizado em Santo Amaro, centro da cidade, é o único dos sete hospitais montados na cidade que segue em funcionamento. Se, de acordo com o poder público, no segundo semestre de 2020 houve pouca demanda para os leitos de terapia intensiva, em 2021 o cenário é diferente. O boletim de casos de Covid-19 divulgados nessa sexta-feira (12) apontou que dos 1,2 mil leitos de terapia intensiva (UTI) oferecidos pelo Estado, 95% estão ocupados.

O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, acredita que a situação no Estado é de “estrangulamento em todos os serviços”. O Governo, por sua vez, tem ampliado a quantidade de leitos em unidades hospitalares já existentes, na tentativa de comportar a quantidade de pessoas que precisam das vagas nas UTIs. Porém, o Longo reconhece que as tentativas serão falhas caso não haja diminuição dos casos de infecção. "O vírus também está com uma aceleração recorde, que pode tornar-se, a qualquer momento, superior à nossa capacidade de abrir leitos. Por isso, meu recado é que ou todos cooperam, ou vai faltar leito para quem precisa, o que vai provocar a perda de vidas", disse o gestor.

Reabertura dos hospitais de campanha

Em fevereiro deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde publicou no diário oficial da união uma licitação, convocando alguma organização para reabrir o Hospital Provisório Recife 2, no bairro dos Coelhos, zona central de Recife. O hospital de campanha era o maior da capital, com 350 leitos e teve suas atividades encerradas em agosto.

O orçamento previsto no pregão eletrônico para reabertura é de R$ 12,4 milhões. Contudo, segundo André Longo, nenhuma empresa se candidatou, e isso inviabiliza completamente o projeto. “Lançamos por duas vezes esse projeto e foi deserto… Se não aparecer interessado, infelizmente o projeto vai ser deixado de lado e nós vamos continuar abrindo leitos nas unidades já existentes”, disse o secretário de Saúde em coletiva de imprensa na última quinta-feira (11).

A demora na reabertura dos hospitais tem sido questionada por alguns parlamentares. O vereador do Recife e ex-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), Tadeu Calheiros (PODEMOS), tem cobrado de forma incisiva a reabertura das unidades no Recife. “Ficamos muito preocupados com a situação da Prefeitura do Recife ter desmobilizado os hospitais provisórios que foram colocados para o atendimento à população… e a tamanha demora para reativação dos mesmos”, afirmou Tadeu Calheiros aos LeiaJá. “Estamos enfrentando o pior momento do número de adoecimento e óbitos de Covid-19, que está maior que o ano passado, quando foram ofertados esses serviços e não estão sendo disponibilizados”, completou o vereador.

COMENTÁRIOS dos leitores