O último adeus ao articulador político Sérgio Guerra

O tucano era um dos poucos a não dividir o tempo da política e da vida pessoal, esteve imerso 24h por dia

por Giselly Santos sex, 07/03/2014 - 17:28

Esta sexta-feira (7) pode ser classificada como “de cinzas” para a política brasileira, principalmente no campo da oposição. Isto porque ficará marcada na história como o dia do último adeus ao deputado federal Sérgio Guerra (PSDB), presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela (ITV) e do PSDB em Pernambuco, falecido nessa quinta (6), aos 66 anos, em decorrência de um câncer no pulmão.

O pernambucano foi velado durante o dia todo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) por ícones nacionais tucanos e de outras legendas, mesmo que de oposição a Guerra. Respeitado como o “articulador da oposição”, Guerra arrancou muitas lágrimas de correligionários e familiares. Além do silêncio e respeito daqueles que apenas o admiravam, o plenário da Casa Joaquim Nabuco ficou lotado. Nomes como o do senador Aécio Neves (PSDB); do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PCdoB); o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB); o atual governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB); o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB); além dos senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB), foram líderes nacionais que não se pouparam a despedida. 

No âmbito local, fieis seguidores de Guerra, como a vereadora do Recife, Aline Mariano (PSDB) e do deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), não deixaram o local até a saída do caixão para a cremação do corpo, que aconteceu por volta das 16h30 no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR).  O curioso é que entre os presentes era possível contar os poucos populares que passaram na Alepe – algo raro de se ver durante um velório no local –, alguns chegaram até a ir, mas era apenas por curiosidade, galgando assim o título de um “velório de político, para os políticos”.

Características como a “capacidade de diálogo”, a maneira “insubstituível de ser”, a “articulação ímpar”, a importância na construção política e a “inspiração” para muitos não faltavam nos discursos daqueles que paravam para conversar com a imprensa e deixar o registro da homenagem. 

Centenas de coroas de flores ocuparam o salão nobre da Casa Joaquim Nabuco, todas salientavam a falta que Guerra faria. O tucano era um dos poucos a não dividir o tempo da política e da vida pessoal, esteve totalmente imerso, 24 horas por dia, mesmo com a saúde já debilitada. 

Histórico

Sérgio Guerra sofria de um câncer nos pulmões, desde 2012, e estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, há vinte dias. A internação foi decorrente de uma pneumonia, agravada por causa da imunidade já obtida com o câncer. O deputado já havia sido submetido a duas cirurgias no cérebro, além de tratamentos com radioterapia para tratar os tumores. Ele era diabético e perdeu um rim aos 12 anos. 

O parlamentar estava cumprindo o quarto mandato de deputado federal – atuou nas legislaturas de 91/95, 95/99, 99/03 e 11/15 - além disso, já foi deputado estadual, por duas vezes, e senador. Em 1981, Guerra ingressou na Alepe pelo PMDB, em 1986 foi reeleito pelo PDT. Três anos depois se filiou ao PSB e ocupou os cargos de secretário estadual de Indústria, Comércio e Turismo e de Ciência e Tecnologia no governo Miguel Arraes. Em 1999, desfiliou-se do PSB e passou a integrar o corpo político do PSDB, onde ficou até hoje. 

Em 2007 assumiu a presidência nacional do PSDB, lá coordenou a campanha presidencial tucana de José Serra, em 2010. Guerra era formado em economia pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), em 1969, e especialista em economia internacional na Universidade de Harvard, EUA, em 1970.

 

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