Dilma Rousseff chama Michel Temer e aliados de "parasitas"

No Recife, a presidente afastada criticou o programa de governo interino, elencou os motivos que levaram ao impeachment e disse que na conjuntura ela tem que ser "madeira que cupim não rói"

por Giselly Santos sex, 17/06/2016 - 16:35
Chico Peixoto/LeiaJáImagens Durante seu discurso, Dilma também voltou a pregar a necessidade de um pacto para reestruturar o país Chico Peixoto/LeiaJáImagens

A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) afirmou, nesta sexta-feira (17), que o processo de impeachment contra ela é resultado do ataque orquestrado pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e seus aliados, a quem chamou de "parasitas". De passagem pelo Recife, para cumprir as últimas agendas da viagem feita ao Nordeste, a petista participou na tarde de hoje de um evento promovido pelo Coletivo UFPE pela Democracia, em apoio ao mandato dela.

Cravando mais uma vez a tese de que há um golpe em curso, a presidente afastada disse que suas andanças pelo país, iniciadas em maio, ela pode constatar que os brasileiros já estão conscientes das "artimanhas" utilizadas pelos que hoje estão no comando da União para conseguir aprovar a admissibilidade do impeachment. “É toda uma fraude e uma farsa que não é de graça. De um lado barrar a Lava Jato e do outro aprovar um projeto [ultraliberal da economia] que jamais conseguiriam nas urnas”, enumerou Dilma, ao lembrar que há quatro eleições presidenciais o projeto “da elite” é derrotado. 

Dilma Rousseff explicou também que o atual "golpe" é diferente do ocorrido em 1964, quando iniciou a ditadura. A petista comparou a democracia com uma árvore e disse que no regime militar ela é "derrubada para cercear os direitos". "No golpe parlamentar, ou frio, ou mão de gato [o impeachment], a árvore da democracia não é derrubada. Como estou tranquila no Alvorada, cercada de todos os lados, eles acham que não é golpe. Mas eu chamo de parasitas atacando. Eles atacam todos os direitos", ironizou.

Ovacionada por um auditório com cerca de 200 militantes - entre estudantes, petistas e sindicalistas -, Dilma Rousseff lembrou a música de Madeira do Rosarinho e disse que diante destes “parasitas” ela tem que ser "madeira que cupim não rói".  "O que mata o parasita? O oxigênio da discussão e do debate", frisou, antes da plateia entoar a canção, em coro.

Durante seu discurso, Dilma também voltou a pregar a necessidade de um pacto para reestruturar o país, o que, sob a ótica dela, só funcionará com seu retorno ao Palácio do Planalto. “Junto a toda essa crise aconteceu a corrosão do pacto político do país, mas nós nunca poderemos abrir mão de democracia. Junto com a minha volta [a Presidência] nós teremos que construir um verdadeiro governo de salvação nacional. Eles não venceram. A gente tem que ser claros nisso. Eles são provisórios e interinos. Vamos todos nos, então, quero aceitar o convite de vocês para o debate e vocês aceitam o meu para a luta”, convocou.

A presidente afastada ainda criticou o programa de governo de Michel Temer, destacando a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gatos públicos; os cortes na educação e cultura, além da ideia de alterar o sistema de distribuição dos recursos adquiridos pelo pré-sal. “Todos os programas estão correndo diversos riscos. Não sei se viram a proposta que limita os gastos. Ela é extremamente problemática. Acredito que caracteriza, de fato, um desmonte das políticas públicas e um retrocesso”, disparou. 

Na UFPE, Dilma cumpriu a primeira agenda no Recife, onde o coletivo pela democracia da instituição lançou o livro “Resistência ao golpe de 2016”. Ela chegou ao local, por volta das 13h30, acompanhada dos senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro, os deputados federais Silvio Costa (PTdoB) e Luciana Santos (PCdoB), a quem ela chamou de "baluartes da democracia", e o ex-prefeito do Recife João Paulo (PT). Na chagada, centenas de militantes a receberam na entrada do CCSA da UFPE. Ela foi ovacionada pelos presentes, recebeu flores, abraços e diversos gestos de carinhos. 

 

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