Bolsonaro rompe tradição diplomática na ONU

Governo brasileiro votou contra uma investigação internacional que havia constatado possíveis crimes de guerra e contra a humanidade por parte de Israel

sex, 22/03/2019 - 10:12
Reprodução/NacoesUnidasorg Assembleia geral da ONU Reprodução/NacoesUnidasorg

A menos de uma semana da visita do presidente Jair Bolsonaro a Tel Aviv, o Itamaraty optou por votar contra uma resolução que estabelecia a necessidade de que as violações cometidas pelo governo de Israel fossem levadas à Justiça.

A resolução que condena o governo de Benjamim Netanyahu é o resultado de uma investigação realizada por uma comissão internacional que concluiu que soldados de Tel Aviv atiraram em manifestantes desarmados, matando cerca de 189 palestinos em 2018 e mais de 6 mil palestinos ficaram feridos em confrontos com as forças de Israel, entre março e dezembro de 2018. Os autores da resolução que contém mais de 250 páginas, alertaram que as forças de segurança de Israel cometeram violações de direitos humanos e direito humanitário.

A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, pediu 'moderação' por todos. Ao explicar a oposição à resolução, reconheceu que houve uma maior flexibilidade por parte dos palestinos na redação do texto, lamentou à violência e insistiu em demonstrar 'solidariedade' as vítimas, mas indicou que países têm direito de se defender, sempre que for de maneira proporcional. Segundo ela, isso não seria o suficiente para que o Brasil de Bolsonaro apoiasse o documento.

A votação acabou com a aprovação da resolução, apoiado por 28 países como Espanha, Chile, México e Peru. Se abstiveram Uruguai, Argentina, Reino Unido, Dinamarca e mesmo a Itália de Matteo Salvini, aliado de Bolsonaro.

Desde 2006, 29 resoluções contra Israel foram colocadas à votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Os diferentes governos do Brasil - Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer - votaram a favor de todas elas. Ainda em maio, sob o governo de Temer, o Brasil votou a favor da criação da investigação internacional, mas na gestão de Bolsonaro, decidiu votar contra.

Pela primeira vez o Brasil votou contra uma tradicional resolução. O voto vem um dia depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu que o país reconheça as Colinas de Golã como parte de Israel, contradizendo décadas da política externa americana e violando uma resolução da ONU sobre o caso.

Por Waleska Andrade

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