Witzel desafia Flávio Bolsonaro a abrir sigilos
Através do Twitter, o governador do Rio de Janeiro disparou: "quem não deve, não teme"
Após ter o celular apreendido na operação da Polícia Federal que apura o desvio de recursos destinados ao combate à Covid-19 no Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel (PSC) atacou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Nesta terça-feira (26), através da conta oficial no Twitter, o ex-juiz enfatizou: "quem não deve, não teme".
Em um ataque direto, Witzel afirmou que Flávio Bolsonaro foge da Justiça e o desafiou a fornecer dados para "auxiliar" na investigação. "Senador Flávio Bolsonaro, o senhor, que some com o Queiroz e foge da Justiça, faça como eu: abra seus sigilos bancário e telefônico e deixe que investiguem sua rachadinha e da sua família. Meu sigilo está à disposição da Justiça. Aguardo o seu. Quem não deve não teme". O republicano é suspeito de lavagem de dinheiro ao manter um suposto esquema envolvendo salários dos assessores do seu antigo gabinete como deputado.
Antes, o governador já havia dito que o senador “deveria estar preso” em razão das provas que comprovam seu envolvimento no esquema. Em uma transmissão nas redes sociais, Flávio defendeu-se e sugeriu que ele devesse “baixar a bola”. “Isso [a investigação] não é nada perto do tsunami que pode chegar contra você. Pelo menos meia dúzia de secretarias vai ter problema", declarou.
O desgaste entre Witzel e a família Bolsonaro fez os antigos aliados romperem em um cenário de troca de ofensas. A relação divergente, que vinha abalada após o presidente acusar o governador de manipular a investigação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) para incriminá-lo, foi novamente evidenciada com a rigidez das medidas contra a pandemia e, sobretudo, com o decreto que instituiu o isolamento social no estado.
No vídeo da reunião ministerial, divulgado na última sexta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a chamar o governador de "estrume". O mesmo registro endossou a suspeita sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal para beneficiar familiares e amigos. Por isso, Witzel acredita que a investigação parte de uma perseguição política.