Quem está na briga pelo Governo de Pernambuco em 2022?

Convidado pelo LeiaJá, o cientista político Caio Souza analisou os principais cotados para assumir o posto de Paulo Câmara (PSB)

por Victor Gouveia qui, 07/01/2021 - 11:27

Mesmo que evitem comentar sobre as articulações para disputa do Governo de Pernambuco, os partidos já começam a se movimentar de olho na eleição de 2022. Após o bom desempenho municipal do PSB e sua frente popular, cabe aos concorrentes correr atrás do prejuízo e se tornar competitivos em dois anos, diante da máquina pública. A convite do LeiaJá, o cientista político Caio Souza analisou o cenário.

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A ida do ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio, para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado mostra a intenção do PSB em expandir sua capacidade de diálogo no interior. “É o nome mais ‘preparado’ do PSB para ocupar um cargo de Executivo a nível estadual, até por já ter feito parte como secretário de Eduardo Campos”, considera Caio. Além do marketing em cima dos poucos feitos de João Campos na capital, a sigla lhe deu uma pasta que não trará prejuízos políticos, visto que não carrega o peso social da Saúde, Educação e Segurança, por exemplo.

A forte base formada com PDT, MDB, PP, PSD, PCdoB, PV, PROS, Avante, Rede, Republicanos e Solidariedade dão favoritismo a Geraldo, em uma sinalização política "tradicional, sem criar grandes adversários". “O PSB tem aprendido que o eleitorado mudou e não está tão aberto a extremos", avalia o especialista.

Divulgação/Jonas Santos

Do Sertão vem o principal concorrente do PSB. Reeleito com o maior desempenho do Norte e Nordeste, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), é caracterizado por Caio como "uma figura jovial no cenário político, embora não faça parte de um grupo novo, tem o potencial de trazer uma briga interessante”. Apoiado em grande parte do interior e cercado por um grupo que trafega entre correntes ideológicas, ele ainda tem o pai - o líder do Governo Bolsonaro no Senado - Fernando Bezerra Coelho (MDB) como principal cabo eleitoral. “O embate vai ser grande pelo fato de ser contra a máquina do estado, que tem toda força econômica”, acrescenta.

A falta de visibilidade na Região Metropolitana pode dificultar sua eleição, no entanto, a surpresa pode vir de uma aliança com o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), entende o cientista.  

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Já Anderson, apesar de reeleito, saiu fragilizado do pleito de 2020 por apoiar o PT no segundo turno. “Anderson se vinculando à Marília nesse processo, mostra que ele facilmente abdica de suas bandeiras, que deram sustentação em grande parte às eleições dele, pela busca do poder”, conclui, ao comentar sobre a desconfiança do eleitorado religioso. Com pouca penetração em cidades vizinhas, o prefeito é um dos representantes da Família Ferreira, grupo político conhecido pelo sucesso através do viés cristão, que investe pesado em meios de comunicação e, inclusive, expandiu-se em figuras como o casal Collins e os Tércio. “É um político que se juntou a um lado que seu viés religioso não gosta. Vão usar isso em 2022 contra ele”, comentou o cientista político.

O movimento de 'centralização' compreendido como uma remediação a polarização, reavivou partidos que estavam apagados em parte do país. Embora não tenham protagonismo na história recente de Pernambuco, nomes como o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) e os representantes do PSDB, a prefeita de Caruaru Raquel Lyra e o deputado federal Bruno Araújo, podem surgir como candidatos da direita. Também em tom liberal, o deputado Daniel Coelho (Cidadania) também pode participar da disputa pelo governo do estado.

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Do outro lado, o PT ainda luta contra o alto grau de rejeição e depende da continuidade de Marília Arraes no partido. "Ela é o único nome em Pernambuco que o PT tem, o que não quer dizer que ela tenha chance”, descreve Cario, que complementa, “o nome dela vende muito no interior e no Sertão”.

Bem como em 2018, a candidatura majoritária da sigla em Pernambuco depende das alianças nacionais para a disputa presidencial. Tal postura pode dar margem para o crescimento de outras legendas de esquerda, como o PSOL, que segue com a ampliação de bases e comemora vitórias históricas na Câmara Municipal do Recife e na Alepe, com a eleição da chapa Juntas.

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Como azarão emerge o prefeito de Olinda, Lupércio (Solidariedade). Na verdade, o professor nem era contado entre os principais concorrentes até afirmar que está pronto para se tornar governador. Na visão do especialista, o comportamento é uma reconhecida manobra com a finalidade de assumir um cargo de deputado. “Eles se jogam em um cargo bem superior para tentar chamar os holofotes, como se ele pudesse sondar o potencial eleitoral dele”, descreve.

Para Caio, mesmo sem força para eleger a esposa, Lupércio tem potencial para assumir o posto federal, visto que Olinda já alçou ex-prefeitos ao Congresso.

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