Bolsonaro pode ser indiciado no relatório final da CPI

A lista com cerca de 25 indiciados deve sem entregue no próximo mês, indicou o vice-presidente da Comissão Parlamentar que investiga crimes da Administração no combate à pandemia, Randolfe Rodrigues

seg, 30/08/2021 - 10:09
Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento em Goiás Alan Santos/PR Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento em Goiás

Com prazo para encerrar entre os dias 20 e 25 de setembro, o relatório final da CPI da Covid pode apontar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como indiciado. De acordo com o vice-presidente da Comissão Parlamentar, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), cerca de 25 nomes devem compor a lista.

"Diria que teremos de 25 a 30 nomes de indiciados. Não vejo como o presidente da República pode escapar de indiciamento. Ele já responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por prevaricação, tem um conjunto de outros crimes, não tem como não constar o nome do presidente da República", considerou Randolfe em entrevista ao Uol.

Na sua visão, Bolsonaro já cometeu crimes suficientes para ser preso. "Bastava mostrar os vídeos dele oferecendo cloroquina, desdenhando da vacina, convocando os brasileiros a se jogarem ao vírus. Olhando o tipo penal de epidemia e charlatanismo, nem precisava de CPI", afirmou.

Evitar o PGR

O senador ainda explicou que pretende encontrar meios jurídicos para contornar a Câmara e a exigência da denúncia do procurador-geral da República, Augusto Aras. A alternativa poderia ser uma ação penal subsidiária da pública. "Não aceitaremos ficar nas mãos somente do PGR", assegurou.

Aras foi reconduzido ao cargo neste mês. Ele foi indicado pelo próprio presidente em setembro de 2019. A movimentação foi considerada atípica por desconsiderar a lista tríplice do órgão.

“[O relatório] será vastíssimo, apontando não somente crimes de responsabilidade, mas uma infinidade de crimes comuns, e também contra a humanidade, o que pode levar a responsabilização em tribunal internacional. Os crimes cometidos aqui não prescreverão em dois anos. Há aqueles que acham que podem estar protegidos pelo presidente da Câmara (Arthur Lira, PP-AL) e da PGR (Procuradoria Geral da República), mas alguns tipos penais não irão prescrever", alertou o senador, que completou: “Vamos trabalhar para que o que foi apurado não ficar somente como um longo texto".

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