Cientista político fala das expectativas eleitorais 2012
Adriano Oliveira aponta para a decisão no Recife logo no primeiro turno, de acorco com dados do IPMN
Faltando apenas uma semana para as eleições 2012, o clima de curiosidade toma conta dos eleitores. Percentuais de pesquisas, crescimento e quedas fazem parte da rotina de acompanhamento dos candidatos à Prefeitura do Recife e dos cidadãos recifenses. O cientista político, Adriano Oliveira, comenta as principais expectativas eleitorais para o Recife e a ascensão do PSB na capital pernambucana na corrida eleitoral, com eleição prevista para o próximo domingo (7).
Leiajá - A pesquisa divulgada pelo Instituto Maurício de Nassau (IPMN), neste domingo (30), mostra uma possível definição das eleições do Recife ainda no primeiro turno. Como o senhor avalia esses resultados?
Adriano Oliveira (A.O): A pesquisa do IPMN revela que a tendência é de que a eleição se defina no primeiro turno e Geraldo Julio (PSB) saia vitorioso. A conquista de Geraldo terá uma representação política e eleitoral muito forte para o governador Eduardo Campos (PSB), porque vai ocorrer uma substituição no comando da Prefeitura, onde o PSB assumirá a administração municipal do Recife, o governo do Estado que ele já tem, e consequentemente, constituirá um forte poder até porque outras prefeituras serão conquistadas.
Além disso, a vitória de Geraldo Julio permitirá que o governador Eduardo Campos intensifique e fortaleça mais ainda o projeto presidencial.
LeiaJá - Como o senhor avalia a situação do PT que está à frente da PCR há 12 anos, caso o PSB realmente ganhe às eleições?
A.O: Com a possível derrota do PT à Prefeitura do Recife, o partido passará por um processo forte de enfraquecimento. É claro que não podemos desprezar a força de João Paulo, ex-prefeito do Recife. No entanto, ele precisa de apoio político, ele necessita se movimentar para que o PT feche com ele e coloque-o em 2014. Se não for João Paulo, a pergunta é: Quem será o líder do PT no Estado de Pernambuco? Esta pergunta no momento, ainda não temos resposta.
LeiaJá - O senhor acha que a situação do PT no Recife é devido ao mensalão e as disputas na escolha de candidato?
A.O: Há três motivos do enfraquecimento do PT: A má administração do prefeito João da Costa, a força do governador Eduardo Campos e a indefinição da escolha da candidatura. Estas foram às causas da possível perda do PT no Recife.
LeiaJá - O que o senhor acha que seria pior para o PT: perder a vaga na disputa para o candidato Daniel Coelho (PSDB), caso haja um segundo turno, ou perder a prefeitura depois de quase 12 anos à frente?
A.O: Não existe algo pior ou não pior. O que o PT tem que fazer é avaliar a perda da Prefeitura do Recife. Independente de ele ir para o segundo turno, ou mesmo que não vá, o que fica claro é a derrota do PT. Portanto, o Partido dos Trabalhadores precisa definir o que quer agora em Recife, no Estado de Pernambuco e qual será o papel dele no Governo do Estado. Será que ele continuará aliado a Eduardo Campos ou seguirá na oposição? Enfim, o PT sai dessa eleição muito enfraquecido e precisando tomar um norte.
LeiaJá - O que promoveu o fortalecimento do PSB na eleição municipal?
A.O: A conquista da gestão municipal do Recife faz com que o PSB tenha a Prefeitura e o Estado. Então, como o governador Eduardo Campos tem cerca de 80% de aprovação, certamente o sucesso eleitoral dele em Recife permitirá que ele cresça ainda mais seu capital político junto à mídia do Sudeste e junto também ao eleitor. Ele é um governador bem avaliado, que retirou o PT da prefeitura do Recife e que elegeu seu candidato no primeiro turno, caso ganhe. Além disso, o PSB deve eleger vários prefeitos no Brasil, portanto, o Partido Socialista Brasileiro é sim um novo polo poder, se contrapondo ao PSDB e ao PT.
LeiaJá - Faltando apenas uma semana para as eleições municipais, e apesar das pesquisas apontarem uma possível definição no primeiro turno, pode haver uma surpresa nos resultados das urnas?
A.O: Não, não vejo. A tendência é que essa eleição seja definida no primeiro turno, a não ser que ocorra algo imprevisível e isso venha deflagrar Geraldo Julio diante dos eleitores. Mas, não consigo enxergar isso porque percebo que Daniel Coelho (PSDB) não cresceu, ficou estável, Humberto Costa (PT) decresceu e Geraldo Julio ampliou sua vantagem, embora seja ainda pequena para darmos certeza de ganho do pleito - mas é uma possibilidade e isso tende a se consolidar durante a semana, principalmente devido à estrutura de sua campanha e a força do governador Eduardo Campos.