IPMN: população não sabe definir ideologias partidárias

Para analista político, as ideologias atualmente é uma grande salada

por Élida Maria qua, 09/10/2013 - 12:38
Reprodução internet Em alguns casos, apenas 1% dos entrevistados acertaram a ideologia correta Reprodução internet

As ‘ideologias partidárias’, propostas pelas legendas, não são identificadas pelos recifenses. O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) revelou que mais de 70% dos entrevistados não conseguiam distinguir se uma legenda é de direita ou de esquerda, ou suas variáveis. O resultado está em sintonia com a opinião do analista político Maurício de Romão. Para ele, atualmente, há uma grande salada ideológica.

Dos partidos mais conhecidos aos com menos representatividade foram identificadas dificuldades para definir quem era o quê. Na tabela, as descrições eram: de direita, centro-direita, centro, centro esquerda e esquerda, mas em todos os partidos analisados o percentual mais alto era mesmo das pessoas que não responderam ou que não sabiam distinguir.

O PMDB foi identificado por 3% das pessoas como partido de centro. A sigla teve ainda 14% dos entrevistados achando ser de direita, 4% centro-direita, 1% centro-esquerda e a maioria com 75% não souberam enquadrar a doutrina da legenda.

Já o PSDB, liderado pelo senador Aécio Neves, foi considerado por apenas 1% como legenda de centro-direita. Os que não souberam alcançaram 79%, outros 5% arriscaram na ideologia de esquerda, entre outros chutes errados. Na sequencia das siglas, aparece o Partido dos Trabalhadores (PT). Ele foi avaliado, como de centro-esquerda, por apenas 4% dos participantes cientes contra 13% que afirmaram ser de esquerda, 7% de direita e 72% não conseguiram definir.

A pesquisa também avaliou outras 10 legendas e o percentual maior foi mesmo de quem não sabia identificar as doutrinas partidárias. Entre todas as siglas, duas tiveram maior número de pessoas que não sabiam responder: Partido da República (PR) e o Partido Popular Socialista (PPS), ambos com 88% dos entrevistados que não responderam ou não sabiam. 

Outro dado foi o do PSB do governador Eduardo Campos que é classificado, pelo público pesquisado, como partido de direita por alguns e de esquerda por outros (ambos com 5%), teve ainda 2% de pessoas que acertaram e 84% não conseguiram definir. Já o PTB do senador Armando Monteiro não foi diferente das classificações anteriores. Ele foi definido como de direita por 4%. Algumas pessoas disseram ser de esquerda (5%), 2% centro-esquerda e centro-direita e 85%.

Segundo o analista político Maurício Romão, o fato notório de se avaliar nos resultados é que não há mais ideologias partidárias entre as legendas brasileiras. “Não há identificação programática dos partidos. Os partidos não guardam coerência programática na sua filiação, nos seus representantes executivos majoritários. É uma salada geral, os partidos não têm um norte a ponto de se basear, projetar na vida nacional como um partido de ideais, defendendo propostas”, aferiu.

Para Romão, o grande problema é a inexistência de uma definição geral de posturas. Desde o pequeno ao grande partido, até aquele que teoricamente mais ideológico, porque se veem obrigados a celebrar alianças completamentes díspares da sua postura com o intuito de angariar resultados eleitorais. “Esses rótulos apenas identificam pseudo posições que não existem. Eu acho que os partidos brasileiros não são rígidos na sua postura filosófica e ideológica e fazem alianças conforme suas conveniências eleitorais. (...). Na Europa, eles têm uma bandeira partidária com definições de posturas e essas definições são defendidas, mas aqui estas questões não estão muito bem limitadas”, esclareceu o especialista.

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