Sem o PSC, Paulo Câmara perde parcela de votos evangélicos

A legenda social-cristã, que agora integra o grupo ‘Pernambuco Vai Mudar’, é o reduto do clã dos Ferreira que tem registrado, nas últimas eleições, um crescimento dos votos e de espaço na política estadual

por Giselly Santos qua, 27/06/2018 - 11:45
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo O crescimento dos votos para a família vem sendo notado nas últimas eleições Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

O PSC foi o sexto partido a deixar a formação da Frente Popular de Pernambuco que elegeu o governador Paulo Câmara (PSB) em 2014. Com o desembarque, o palanque do pessebista, que pretende buscar à reeleição, perde uma parcela dos votos evangélicos do Estado, considerado um eleitorado forte. Naquele ano, por exemplo, os deputados estadual e federal mais votados tinham o segmento como base eleitoral. 

A legenda social-cristã, que agora integra o grupo ‘Pernambuco Vai Mudar’, é o reduto do clã dos Ferreira que atualmente comanda a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, com Anderson Ferreira (PR); tem uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco, com o deputado estadual André Ferreira (PSC); e um mandato na Câmara do Recife, com Fred Ferreira (PSC). 

O crescimento dos votos para a família vem sendo notado nas últimas eleições. Além dos seis mandatos do patriarca Manoel Ferreira (PSC) na Alepe, de 2004 para cá André passou de 7.232 votos, na primeira eleição para vereador do Recife, para a vaga de mais votado nos pleitos de 2008 e 2012 - com 15.117 e 15.774 votos respectivamente - e em 2014 foi eleito deputado com 74.448. 

Já Anderson, na sua primeira eleição, em 2010, recebeu 48.435 votos para deputado federal e em 2014 foi reeleito com 150.565 votos. Em 2016, ele disputou a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, e conquistou 171.057 votos segundo turno. No mesmo ano, o clã recuperou a vaga que André tinha deixado na Câmara do Recife com a eleição de Fred Ferreira, com 14.277 votos, terceiro mais votado da Casa.

Nas eleições deste ano, o grupo pretende emplacar uma vaga na disputa pelo Senado ou na Câmara Federal com André Ferreira e tentar manter a presença na Alepe com o retorno do patriarca da família, Manoel Ferreira (PSC). 

A reconfiguração da Frente Popular 

As outras cinco legendas que já deixaram a base de Paulo Câmara são PV, Podemos (antes PTN), PSDB, DEM e PPS - todas agora endossam a pré-candidatura do senador Armando Monteiro (PTB) ao Palácio do Campo das Princesas. Além delas, a Rede Sustentabilidade que recebeu o registro da Justiça Eleitoral depois daquele pleito, mas já apoiava o palanque pessebista, hoje também está no campo de oposição. 

Apesar das perdas, o governador ainda ostenta um grupo com 15 legendas (PCdoB, PSB, PTC, PRP, PR, PSD,SD, PPL, PHS, PSDC, PROS, PP, PEN, PSL e PDT) e se mantém com a maior frente, até agora, para a corrida eleitoral. Entre esses, entretanto, o Solidariedade tem expressado insatisfações e, nos bastidores, vem sendo cortejado por Armando para ingressar na oposição. Um desafio para Paulo Câmara que tem até agosto, quando registrará a candidatura, para manter ou conquistar novos partidos para a Frente Popular. 

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