Tópicos | carne estragada

Em Maracaibo, cidade que já foi considerada a Arábia Saudita da Venezuela por sua ampla reserva de petróleo e pela riqueza proporcionada pela commodity, os moradores fazem fila para comprar carne estragada já que não é mais possível refrigerar alimentos em razão da falta de energia constante - realidade da região há mais de 9 meses e que tem piorado recentemente.

Algumas pessoas ficam doentes depois de comer carne podre, mas como elas são vendidas a preços baixos, em muitos casos essa tem sido a única maneira que muitos venezuelanos encontraram para ingerir proteína em um país cada vez mais afetado por uma severa crise econômica.

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"(A carne) tem um cheiro forte, mas é só enxaguar com um pouco de vinagre e limão", explica Yeudis Luna, pai de três garotos, enquanto compra cortes de carne já escurecida em um açougue nesta que é a segunda maior cidade da Venezuela.

Os venezuelanos enfrentam a pior crise econômica na histórica do país, que tem as maiores reservas conhecidas de petróleo do mundo. Serviço básicos como água encanada e energia elétrica se tornaram luxo para grande parte da população.

O presidente socialista Nicolás Maduro culpa uma "guerra econômica" travada pelos Estados Unidos e outras potências capitalistas pela situação do país. O governador do Zulia, Estado onde fica Maracaibo, Omar Prieto, disse recentemente que a administração trabalha para acabar com os blecautes constantes, mas que ainda não é possível dizer quando a situação será normalizada.

A extensa área portuária de Maracaibo, às margens de um vasto lago, era um dos principais centros de produção de petróleo da Venezuela, de onde saia cerca de metade do petróleo bruto do país, que era embarcado para todo o mundo.

A ponte sobre o Lago Maracaibo é uma lembrança de quando a situação do país era melhor. A estrutura de oito quilômetros de comprimento, construída há cinco décadas, brilhava à noite com milhares de luzes, ligando a cidade ao resto da Venezuela. Maracaibo era limpa e movimentada e tinha muitos restaurantes internacionais.

Hoje, as luzes da ponte não são mais acesas e plataformas de petróleo quebradas se espalham pelo lago, cujas margens estão poluídas. Os centros comerciais outrora luxuosos caíram em ruínas e as empresas internacionais deixaram a cidade.

Nos últimos nove meses, os moradores de Maracaibo tem sofrido com os apagões constantes. E as coisas ficaram ainda pior depois que no dia 10 um incêndio destruiu a principal linha de energia que abastecia essa cidade de 1,5 milhão de pessoas.

As geladeiras se tornaram peças de decoração na maioria casas e as carnes passaram a estragar rapidamente. Pelo menos quatro açougues vendem carne apodrecida em Las Pulgas, o mercado central de Maracaibo.

O açougueiro Johel Prieto conta que a falta de refrigeração fez com que um lado inteiro de uma grande peça de carne apodrecesse. Ele admite que triturou grande parte e misturou com uma peça de carne fresca, na tentativa de mascarar a deterioração.

Uma bandeja de carne moída e de outros cortes acinzentados expostos em seu balcão a céu aberto é alvo das moscas - e de um fluxo constante de clientes. Alguns usam essa carne para alimentar seus cães, mas muitos cozinham para suas famílias, explica Prieto.

"É claro que eles comem a carne - graças a Maduro" diz o açougueiro. "A comida dos pobres é comida estragada."

Do outro lado da rua, em outro comércio, um açougueiro - sem camisa e fumando um cigarro - oferece bandejas de cortes escurecidos."As pessoas estão comprando", afirma José Aguirre, enquanto descarrega um lote de frango estragado.

Luna, um vigia de estacionamento de 55 anos de idade, levou um quilo de cortes bovinos para casa sabendo que estavam em condições inadequadas para consumo.

No ano passado, sua mulher foi para a Colômbia e o deixou com os filhos os três filhos, de 6, 9 e 10 anos. Segundo Luna, ela não aguentava mais passar fome e, desde então, ele não tem notícias da companheira.

Para preparar a carne, o vigia diz que primeiro a lava com água e depois a deixa de molho durante a noite em vinagre. Ele espreme dois limões e a cozinha com tomate e cebola.

Atualmente, Luna e seus filhos só conseguem comer carne apodrecida. "Estava preocupado que ficariam doentes por causa do mau cheiro", diz o vigia. "Mas só o mais novo teve diarreia e vomitou."

SALVADOR - A Polícia Civil de Salvador apreendeu, nesta quinta (11), mais de trinta toneladas de carne armazenas de forma irregular em um frigorífico clandestino no bairro da Valéria. O estabelecimento funcionava num prédio de fachada branca, no Loteamento Jardim Terra Nova, rua B, número 179 A.

No local, cujos donos foram identificados como Orlando Silva Santos, 34 anos, e José Evaldo Ribeiro de Macedo, 49, a polícia encontrou diversas notas ficais de açougues e supermercados instalados em bairros como Federação, Valéria e Ogunjá, Ceasa e BR-324, onde a carne apreendida vinha sendo comercializada.

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Os donos da casa clandestina foram autuados em flagrante pela Polícia Civil por comercialização e armazamento dos produtos impróprios para consumo e vão responder em liberdade, após o pagamento da fiança de sete salários mínimos.

A operação foi uma parceria entre a Delegacia do Consumidor (Decon), o Ministério da Agropecuária, o Procom e a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). Toda carne apreendida foi destruída. 

Técnicos da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro) apreenderam cerca de 26 toneladas de carne clandestina no Frigorífico Padre Cícero, localizado na Imbiribeira, Zona Sul do Recife. A ação, finalizada nesta quarta-feira (26), foi realizada depois de denúncias de mau cheiro feitas pelos moradores da região.

A Agência realizou uma vistoria no local, na última sexta-feira (21), e encontrou carnes estragadas, muitas sem registro ou com registro falsificado. O estabelecimento está interditado desde então. Segundo o chefe da Unidade Estadual de Inspeção Animal da Adagro, Ednaldo Siqueira, o frigorífico funcionava sem registro. “Cerca de 40% dos produtos estavam estragados, com uma aparência esverdeada e mau cheiro. Precisamos esclarecer muitas coisas. Tudo aqui é irregular, começando pelas instalações”, disse Siqueira.

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Todos os produtos foram levados à Central de Tratamento de Resíduos de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes. Duas pessoas se apresentaram como dono e gerente do frigorífico, que continuará interditado, mas não deram declarações.

O caso continua sendo investigado pela Agência, que ainda quer saber para quais estabelecimentos as carnes foram vendidas.

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