Tópicos | jornadas de junho

Nesta segunda-feira (20), as Jornadas de junho completam nove anos. Foram uma série de mobilizações de massa ocorridas simultaneamente em mais de 500 cidades do Brasil no ano de 2013. Na época, chegaram a contar com até 89% de apoio da população brasileira. Para os especialistas, foi o primeiro levante nacional no país no século XXI tendo ocorrido em todas as regiões. Ainda que os atos de rua tenham ocorrido no mês de junho, muitas mobilizações ocorreram também por todo aquele ano.  

Os protestos tiveram como críticas principais o aumento das tarifas de transporte público, a violência policial, a falta de investimentos em serviços públicos, os gastos com os megaeventos esportivos, o poder dos oligopólios de comunicação, a hegemonia e dominação de partidos políticos sobre movimentos populares e as falhas da democracia representativa.

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Reivindicou principalmente a tarifa zero nos transportes públicos, assim como as reivindicações trabalhistas e classistas. Os métodos e práticas utilizados foram protestos de massa, assembleias populares, mídia alternativa, ciberativismo, destruição e incêndio de ônibus, pichações, cartazes e faixas, ataques a símbolos do capitalismo e do poder, entre outros métodos.  

“O movimento da reivindicação a respeito das tarifas de ônibus não foi um movimento isolado, ele fez parte de uma série de outros movimentos que se alastraram para uma série de jornadas de passeatas, de movimentos que discutiam com a política nacional na época. Em nove anos, observou uma participação da população com esses eventos, mas uma participação isolada, onde muitas vezes não se confirmou a consolidação de movimentos. Então, não se deve pensar simplesmente no aspecto financeiro, um movimento que reivindica melhores condições financeiras para o país, porque isso é amplo, mas politicamente, alguns movimentos se fortaleceram no sentido da cobrança política. O movimento da ‘tarifa zero’ era isolado de outros movimentos e apoiava que a pauta era antiga. Se continuar antiga, então é inacessível para muita gente. Devemos considerar que o aumento da tarifa dos combustíveis fica difícil das pessoas continuarem sobrevivendo com uma gradativa inadimplência e uma gradativa situação financeira de inflação”, explica a professora da UNG, socióloga e antrópologa doutoranda em Ciências da Comunicação pela USP, Ana Cláudia Fernandes Gomes.  

“Numa sociedade capitalista tudo gira em torno da desigualdade econômica gerada a princípio. Realmente os pobres vão sofrer mais por conta da desigualdade do país. Para reivindicar a tarifa zero é importante para as pessoas que usam o transporte público, para quem não usa transporte público, isso fica perdido no espaço, tem que ficar relacionado ao aumento de combustível. O núcleo central da desigualdade social é a referência econômica, porém, o movimento é muito maior. Então, quando eu reivindico o acesso à educação e outros acessos, a parte econômica interfere, mas a reivindicação é mais volumosa. O ato de reivindicar por melhores condições nunca vai se perder, porém, existem vários mecanismos de alienação e conformismo das pessoas. Ir à rua e reivindicar uma vez, não significa que você participa de um movimento social de mudança política. Para participar, tem que ter uma conscientização de que é um processo que se desenrola no decorrer do tempo, que as conquistas são gradativas, mas a gente precisa atingir esse núcleo que é a desigualdade social. A tarifa zero é uma parcela de toda a discussão social, ela acompanhou os movimentos sociais que discutiam corrupção. Mas para os movimentos sociais não se perderem precisam garantir as pequenas conquistas dentro de um processo político de acompanhamento. Não é modismo em termos de quantidade, é uma questão mais ampla de reeducação e conscientização política”, continua a professora.  

Essas movimentações foram vitoriosas em sua crítica principal, cancelando o aumento das tarifas de transporte público em diversas cidades naquele ano, e também em outra política econômica, a aprovação de uma lei que garantia royalties do petróleo para a saúde e educação pública. No entanto, os participantes sofreram uma violenta repressão por parte dos governos estaduais e federais com tiros de bala letal e armas menos letais, prisões, vigilância presencial e pela internet e processos judiciais.

Um vídeo intitulado “Anonymous Brasil – as cinco causas!” de autoria do coletivo Anonymous, foi lançado na internet em resposta à mídia que frequentemente anunciava a falta de reivindicações claras durante os protestos, e sugere cinco motivos pelos quais as pessoas estariam se manifestando como foco nos próximos protestos. O vídeo foi bem aceito chegando a milhões de visualizações e publicações, gerando inúmeras matérias em jornais, revistas, televisão e rádio, incluindo repercussão internacional.  

 

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