Tópicos | mercadologia do desenvolvimento urbano

Nesta sexta-feira (30) o deputado federal Paulo Rubem (PDT) alertou ser contra o projeto Novo Recife. Para ele, dar a qualquer área do Recife uma conotação “meramente mercadológica” não é o melhor caminho para o desenvolvimento e a urbanização. Segundo Rubem, é preciso analisar os impactos gerados pelo “moderno” já que a cidade é fruto de uma “construção coletiva”. 

“Sou a favor de que se possam compartilhar empreendimentos habitacionais com empreendimentos sociais. Me manifestei em dezembro de 2012, quando um dos arquitetos do projeto fez uma afirmação totalmente inadequada de que agora, com esse empreendimento, o bairro de São José não teria só casas pobres. Esta é uma visão absolutamente nefasta, para o desenvolvimento urbano”, cravou. Completando, “o que pode ser moderno, vistoso ou bonito, no passar do tempo pode ser um contracenso com uma cidade que é a construção coletiva.”

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Cogitado para ocupar a vaga de candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo senador Armando Monteiro (PTB), o pedetista pontuou pela necessidade de se conhecer os “dois lados da moeda” e, principalmente, observar “experiência de outras cidades, no ponto de vista de empreendimentos mobiliários”. “O que mais se vê nas colunas sociais dos jornais  são pessoas das classe alta do Recife viajarem para Barcelona, Madri e Roma, voltarem com  discursos de que os monumentos históricos são conservados e equilibrados com o desenvolvimento. Mas nos seus territórios e países não praticam aquilo que cultivam nos outros países”, disparou. 

Rubem destacou também a “omissão dos poderes públicos”. “Nós temos visto, em outras áreas do Recife, empreendimentos imobiliários que se integram de maneira mais adequada ao desenvolvimento da cidade e o patrimônio cultural e ambiental. O que eu lamento é a omissão dos poderes públicos ao longo de sucessivos mandatos, muitas vezes por uma omissão técnica ou por uma anestesia de que certos investimentos representam o desenvolvimento”, observou o pedetista. 

O deputado federal ressaltou, por fim, a autonomia dos órgãos de defesa do patrimônio público estadual que não vem sendo levada em consideração. “Chama a atenção neste projeto as restrições e o cerceamento do conhecimento das etapas e das instituições envolvidas. É como se de repente o IPHAN, o patrimônio público e a Fundarpe fossem uma palhaçada. É uma disputa pela cidade, pelo espaço urbano”, frisou. 

Outras adesões parlamentares

Paulo Rubem não foi o único a se posicionar a favor da negociação pela reorganização do projeto Novo Recife. Nesta sexta, os deputados Fernando Ferro (PT) e Luciana Santos (PCdoB) também estiveram no local. Luciana afirmou o desejo de intervir pelo movimento junto ao Governo do Estado e Ferro reconheceu os erros da administração petista, em 2008 e 2012, quando o projeto foi aprovado pela prefeitura do Recife.

“Vim me colocar a disposição para contribuir com o diálogo e ajudar na busca de soluções para o Cais e para construir cidades mais humanas, mais sustentáveis. Fiquei impressionada com a forma sensata com que o movimento está tratando a questão”, afirmou Luciana.

“O movimento daqui é uma luta justa, acho correto. A prefeitura está omissa, como admito que a nossa anterior gestão (de João da Costa) falhou a não debater o assunto. As pessoas estão aqui isoladas e querem ser ouvidas”, comentou o deputado. Ferro garantiu que já entrou em contato com órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

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