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Laudo do Corpo de Bombeiros do Maranhão relata risco de incêndio e desabamento de partes do prédio do Convento das Mercês, onde funciona a Fundação da Memória Republicana Brasileira, que abriga o acervo do ex-presidente José Sarney (PMDB). O Corpo de Bombeiros concede prazo de 30 dias para a nova administração da fundação promover melhorias estruturais para evitar problemas.

Os bombeiros relatam que na vistoria feita na segunda-feira, 19, foram identificadas fissuras nas paredes do prédio e falta de um plano para evitar incêndio. O laudo é assinado pelo vistoriador Wellington Nadson Furtado Durans. Entre as melhorias solicitadas estão: apresentar plano de ação de emergência, adequar saída de emergência; apresentar laudo estrutural de toda a edificação e instalar iluminação de emergência.

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O Convento das Mercês ficou fechado até quinta-feira, 22, quando foi reaberto à visitação de exposições; Já o acervo do ex-presidente está com sua exposição fechada por tempo indeterminado.

O novo administrador da fundação, Valdênio Caminha, diz que ainda não teve acesso aos documentos e que por isso não pode comentar o assunto.

Em novembro de 2014, o Convento das Mercês recebeu a 8ª edição da Feira do Livro de São Luís e recebeu mais de 200 mil visitantes em 8 dias de programação. Na época o Corpo de Bombeiros liberou as atividades. O prédio recebe em média 900 pessoas por dia.

Polêmica

A fundação se transformou em um problema para o governo de Flávio Dino (PC do B), adversário histórico do clã que governou o Maranhão dos anos 1960 até o ano passado.

Na semana passada, Dino fechou o museu, mandou os funcionários embora e anunciou estudos para privatizar a entidade, cujo funcionamento custou aos cofres do Estado em torno de R$ 8 milhões entre 2012 e 2014. Os moradores do bairro reclamaram, já que no convento das Mercês, onde a fundação e o museu estão instalados, há cursos de reforço escolar para crianças. A nova gestão diz agora que vai reformular o projeto.

A Fundação José Sarney, hoje batizada de Fundação da Memória Republicana, fechou suas portas nesta sexta-feira, 16, após exoneração dos 48 servidores comissionados que trabalhavam no local. No dia 2 de janeiro, o governador Flávio Dino (PC do B) assinou um decreto exonerando todos os ocupantes dos cargos comissionados no Estado.

A presidente da instituição, Anna Graziela Costa, decidiu então finalizar toda a programação e atividades oferecidas pela fundação. A ex-chefe da Casa Civil no governo de Roseana Sarney declarou que não tem como manter a estrutura do local em funcionamento sem funcionários.

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"Após a exoneração dos servidores, encaminhei ao governador um ofício, solicitando uma resposta à atual situação, mas nunca fui respondida", disse. O secretário de Articulação Política, Márcio Jerry (PC do B), por sua vez, disse apenas que "a Fundação José Sarney não é preocupação prioritária do governo". O museu é um órgão ligado à secretaria de Estado de Cultura.

O secretário acusou a fundação de servir a fins privados. "Solicitamos um estudo para saber a que se destinam os recursos públicos dentro do museu. Uma instituição pública não pode se prestar a atender interesses privados. A proposta também trata de explicar porquê um museu destinado a guardar a memória de todos os ex-presidentes guarda somente a memória de um (José Sarney)", destacou.

A presidente da fundação reage. "Não há culto à personalidade de Sarney, o que contamos para o Brasil e o Maranhão é uma parte da história da República. Só existe uma sala em toda nossa estrutura com o acervo do José Sarney", sustentou.

A responsável pelo museu disse ainda que a comunidade do Desterro, bairro histórico e decadente da capital, "está triste" com o fechamento da instituição, pois lá eram desenvolvidos trabalhos sociais e culturais, que envolviam a comunidade.

Segundo Anna Graziela, entre 2011 e 2014, 70.450 pessoas visitaram o espaço. "Estão achincalhando o nosso trabalho. Lamento pela cultura, educação e turismo do nosso Estado", completou, informado que está repassando ao governo do Estado a responsabilidade sobre a guarda e manutenção do prédio, uma vez que o contrato com a empresa de vigilância privada foi suspenso.

A fundação foi criada pelo próprio Sarney - adversário político de Dino - para guardar documentos, homenagens e presentes recebidos no período em que ocupou o Palácio do Planalto (1985-1990).

Institutos criados por outros ex-presidentes, como Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardozo, são mantidos com doações privadas. Segundo dados da Secretaria de Planejamento do Maranhão, os museu custou aos cofres públicos R$ 8,1 milhões entre 2012 e 2014. O dinheiro inclui despesas com salários, serviços de manutenção e investimentos.

A estatização da Fundação Sarney ocorreu em 2011 por iniciativa da então governadora Roseana Sarney (PMDB), filha do ex-presidente. A medida foi aprovada pela Assembleia Legislativa, após projeto do governo enviado em regime de urgência.

O nome da instituição passou a ser Fundação da Memória Republicana Brasileira. O imóvel, onde está instalada a Fundação da Memória Republicana, era o antigo Convento das Mercês, construído no século XVII, sob a supervisão de Padre Antônio Vieira.

Em resposta às críticas da gestão Flávio Dino, Sarney comparou o adversário ao ditador soviético Josef Stalin. "Nunca fiz nenhuma promoção pessoal minha al . O Stalin é que mandou refazer a enciclopédia russa, retirando o nome dos que não apoiavam o regime e a ele mesmo; exemplo maior, Trotsky", disse Sarney.

Colaborou Fábio Brandt

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