Tópicos | Politólogos

Existe a ditadura da pesquisa quantitativa na Ciência Política brasileira e nas competições eleitorais. Variados cientistas políticos só acreditam em números. Não acreditam em palavras. Só os números são capazes de mostrar relações de causalidade. Palavras não mostram nem sugerem causalidade. Números explicam fenômenos. Palavras não.

Confesso que gosto dos dados quantitativos. Sistematicamente os utilizo. Porém, sempre que estou diante de um dado quantitativo, procuro mostrar as razões da presença dele. Ou seja: o que possibilitou a existência de dado número? Por exemplo: o candidato X tem 53% de intenção de votos. Então, quais os fatores que possibilitam tal percentual?

Muitos competidores raciocinam de modo semelhante a alguns politólogos. Desejam saber apenas a intenção de voto. O primeiro colocado na pesquisa será, sem sombra de dúvidas, o eleito. Frágil raciocínio, o qual não se sustenta empiricamente. Ou melhor, após uma sofisticada análise dos dados quantitativos.

A arte de construir estratégias eleitorais e de interpretar fenômenos políticos não pode depender exclusivamente dos dados quantitativos. Reconheço que os dados quantitativos geram inércia intelectual, pois o politólogo ou o suposto estrategista, junto com os candidatos, só dão importância aos números. O ato de decifrar e explicar fenômenos políticos e a construção de estratégias eleitorais dependem, também, da utilização de dados qualitativos.

Antes do candidato dizer que é candidato, ele precisa do Diagnóstico Estratégico. Neste Diagnóstico estão presentes as pesquisas qualitativas e quantitativas. Ambas não são concorrentes. Mas complementares. Ambas podem ser realizadas simultaneamente. Não existe uma justificativa cientifica para estabelecer ordem de preferências entre elas.

A pesquisa qualitativa busca decifrar os pontos obscuros trazidos pela pesquisa quantitativa. No caso, constatações não interpretadas adequadamente. Por exemplo: por que o candidato Y tem 26% de intenção de votos, mas num suposto segundo turno ele cresce pouco? Quais as possibilidades (condições) do candidato V crescer durante a campanha eleitoral? Por que parte dos eleitores associa o candidato T a tal imagem?

Por outro lado, a pesquisa qualitativa orienta a construção da pesquisa quantitativa. Por exemplo: qual é o percentual de indivíduos que associam o candidato X ao termo corrupto? Qual é o percentual de rejeição do candidato T? Qual é o percentual de eleitores que admiram determinada atitude do candidato V?

As pesquisas qualitativas e quantitativas caminham juntas. A realização de ambas antes do início da campanha eleitoral possibilita que o candidato crie estratégias eficientes de campanha e vislumbre o que poderá acontecer com ele após a abertura das urnas.

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