Tópicos | A Corda

Em Olinda, já é tradição na terça-feira de Carnaval: ninguém consegue acordar tarde no Sítio Histórico. É que o bloco “A corda” invade as casas nas ladeiras da cidade e acorda todos os foliões fazendo muito barulho. Aos gritos de “pode dormir, pode cochilar, nós não queremos seu sono atrapalhar”, o bloco sai pontualmente às 7h da Ladeira da Misericórdia para tomar as ruas da cidade patrimônio.  O bloco foi criado há 24 anos por um grupo de amigos que queria aproveitar o Carnaval para protestar contra a privatização da festa, por isso o nome A corda - para simbolizar os cordões de isolamento usados em muitos blocos do país. Aos poucos, o objetivo foi mudando. “Agora a nossa ideia é fazer o favor de acordar os foliões”, conta o publicitário Augusto Quijaano, de 26 anos, que desde bem novo participa do bloco e agora faz parte da organização. “A gente quer que o bloco continue pequeno, mas que também as pessoas que sejam acordadas interajam e acompanhem o bloco pelas ruas também”, completa.  Ainda de pijama, com travesseiros, lençóis, apitos, tambores e chocalhos, os integrantes da troça acordam mais cedo ainda para manter a tradição de despertar os foliões. É o caso da enfermeira Andreza Carla, que há 18 anos participa da farra matinal. Apaixonada pelo Carnaval, a enfermeira foi uma das “vítimas” do bloco em 2000.  “Me acordaram em uma casa no Amparo, desde então não deixei mais de participar. Gosto por causa da irreverência, da criatividade...adoro ver Olinda assim. E é ótimo acordar o povo, eu adoro”, contou com o apito na mão.  Quem também foi acordado pelo bloco foi o corretor de seguros Rafael Fonseca, de 26 anos. “Tinha ido dormir muito tarde, mas foi ótimo ter sido acordado cedo. É bom que vou começar a aproveitar o último dia bem cedinho”, revelou. Mas e o mau humor ao ser forçado a despertar cedo? “Aqui não tem isso. Sem mau humor. Carnaval é assim mesmo, tem que entrar na onda”, afirmou Rafael, ainda sonolento.  A turista paulista Camila Schiavon, de 28 anos, tomou um susto com o barulho quando o bloco entrou na casa em que ela está hospedada, na Ladeira da Misericórdia. “Me assustei, mas achei super diferente ter sido acordada por um bloco. Me senti especial, nunca tinha tido essa experiência”, contou, aos risos. A turista gostou tanto que saiu pelas ruas acompanhando a troça. “Já que acordei cedo, vou aproveitei pra cair na folia, né? Estou adorando”, disse Camila que está participando do Carnaval de Olinda pela primeira vez esse ano.

Durante o Carnaval, Olinda é a cidade que não dorme. E os foliões que acreditavam na possibilidade de descansar até tarde para recompor as energias foram surpreendidos e acordados, nesta terça-feira (17), pelo Bloco Anárquico A Corda. A agremiação, que completa 21 anos, iniciou às 7h da manhã na Ladeira da Misericórdia e de lá, com batuques e sirenes, saíram da casa em casa despertando os que teimavam em dormir. 

O tradicional bloco da Terça Gorda, como é conhecido o Dia do Carnaval, já é aguardado por muitos donos das casas de alugueis que abrem as portas para o coro “pode dormir, pode cochilar, que o seu sono não vamos atrapalhar. Acorda!”. Durante o percurso, os foliões foram se multiplicando e fazendo a festa pelas ladeiras de Olinda. Sem muito mau humor, os que eram acordados ao som de frevo deixavam de lado os colchões e entravam no clima, indo para as ruas ainda de pijama. “É para você despertar com o mesmo pique de todos os dias e brincar o Carnaval como se não fosse o último dia”, disse o militar Henrique Alves, 30 anos. De João Pessoa, esta é a quarta vez que Henrique opta por Olinda para festejar o Carnaval. 

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O olindense Diego Pires, 30 anos, afirmou que ter se sentido traído pelo sono. Ele todo ano acorda as pessoas no bloco, mas desta vez foi vítima da folia. “Trabalhei todo o Carnaval tocando. Hoje terminei perdendo a hora e ao invés de acordar fui acordado”, contou, ainda com o semblante sonolento. 

História

Dois amigos, um sonho e o outro idealizador. Foi desta forma que no Carnaval de 1994 surgiu o Bloco Anárquico A Corda. O engenheiro Silas Ribeiro sonhou que alguém o acordava na Terça-feira Gorda e ao contar para o também engenheiro Marcelo Laranjeira, eles decidiram colocar o sonho em prática através da brincadeira.

"Naquele ano o Marcelo trabalhava na Prefeitura (de Olinda) e pegou uma corda de lá emprestada para sairmos com os batuques e os amigos", contou Silas. "Depois do bloco ele devolveu a corda e no ano seguinte compramos esta que desfilamos ate hoje. Esta corda custou R$10", complementou. 

“É uma satisfação pessoal ver o bloco ainda nas ruas e com tamanha aceitação”, frisou. “Quem bota o bloco na rua são as pessoas. Começamos com umas 10 e terminamos com mais de 100”.

Na 18ª edição do bloco, o "A corda" de Olinda tirou os foliões mais cedo da cama. Nesta terça-feira (21), ladeiras e casas da Cidade Alta foram invadidas por integrantes do bloco ainda vestidos de pijama.

 Com informações de Thabata Alves

A terça-feira (21) de carnaval começou cedo para os foliões de Olinda. Vestidos com roupa de dormir, pandeiros, panelas, megafones e uma imensa corda nas mãos, os integrantes do bloco Anárquico “A Corda” subiram as ladeiras da Cidade Alta acordando os moradores e turista que tentavam recarregar as forças utilizadas durante os primeiros dias da festa de Momo. A concentração deste ano aconteceu nos Quatro Cantos, por volta das 7h da manhã.

Fundado em 1994, o bloco surgiu com o intuito de prolongar o carnaval. “Neste ano o meu colega Silas acordou na terça-feira querendo prolongar os dias de folia. Pensando nisso, ele saiu pelas ruas acordando os turistas e a partir deste dia nunca mais paramos”, contou o diretor do bloco, o comerciante Cheres Costa, 47 anos. Como o grupo não tinha estandarte, nos primeiros anos de folia os integrantes saíram pelas ladeiras de Olinda com uma corda e foi daí que se originou o nome do bloco.

Para não incomodar os moradores que não querem participar da brincadeira, do "A corda" só participa quem realmente quer. “Nós temos o cuidado de combinar antes com os donos das casas e no dia eu e mais quatro integrantes sé entramos nas residências permitidas”, revelou o diretor.

O turista Francisco Souza veio do Rio Grande do Sul, pela segunda vez, para festejar o carnaval na cidade de Olinda e aproveitou para acordar mais cedo no último dia (oficial) do período momesco. “Eu gosto dessa brincadeira porque os dias de folia acabam aumentando mesmo”, declarou.

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