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O Grupo Virgolino de Oliveira (GVO), um dos dez maiores produtores de açúcar e etanol do Brasil, relatou um passivo financeiro total de R$ 2,865 bilhões no terceiro trimestre, encerrado em 31 de janeiro, ou seja, em nove meses do ano-safra 2013/2014. O resultado, que corresponde a 87,45% dos R$ 3,276 bilhões de ativos totais da empresa, causou insatisfação no mercado e o BTG Pactual rebaixou a recomendação para os bonds - títulos de dívida no exterior - do GVO de “segurar” para “vender”.

Segundo relatório obtido pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, os analistas do BTG justificam a recomendação por não verem sinais de refinanciamento nas dívidas, bem como soluções definitivas para problemas estruturais e a alta alavancagem da companhia. O relatório do banco informa que um “upgrade” nos papéis só seria possível com uma renegociação de parte substancial da dívida ou, em um cenário improvável de acordo com a instituição financeira, uma capitalização pela venda de uma participação do grupo.

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No documento, os analistas relatam a preocupação de que o atraso no refinanciamento das dívidas possa trazer problemas de liquidez na safra 2014/2015, já iniciada. Citam que a recente recuperação judicial do Grupo Aralco, também emissor de bonds externos, tornará mais difícil ao GVO obter empréstimos no mercado doméstico.

O diretor financeiro (CFO) do Grupo Virgolino de Oliveira, Carlos Otto Laure, admitiu o momento de turbulência no mercado, mas disse discordar da avaliação do BTG. Segundo ele, duas operações devem ser anunciadas em breve para alongar o perfil da dívida. A primeira seria o refinanciamento e outra uma captação de recursos.

Apesar de relatar no balanço uma dívida de R$ 964,56 milhões a vencer até 2015 - R$ 366,85 milhões em empréstimos, R$ 467,571 milhões em adiantamentos feitos pela Copersucar e R$ 128 milhões com fornecedores de cana-de-açúcar -, o CFO informa que o refinanciamento necessário é de R$ 290 milhões até janeiro do próximo ano. “Os valores da Copersucar são adiantamentos e não podem ser incluídos, porque serão cobertos com a produção. A dívida com produtores é provisionada para o pagamento no acerto final da safra, que ocorre agora”, afirmou.

Uma fonte ouvida pelo Broadcast, que adquire dívida não performada, disse que bancos já começam a se desfazer do crédito da GVO, temendo deterioração maior na capacidade de pagamento da empresa.

Laure classifica o momento como “turbulento e difícil”, mas considera que “a palavra recuperação judicial não existe no GVO, um grupo de mais de 90 anos, que já passou e saiu de outras crises”. O executivo admite que a companhia está aberta a negociar uma fatia para se capitalizar. “Estamos abertos a ouvir qualquer tipo de proposta; aqui não tem vaca sagrada.”

Em relação aos bonds de US$ 600 milhões, com vencimento de 50% em 2018 e a outra metade em 2022, o GVO avalia que há receita suficiente até lá para a recompra e que a variação cambial tem pouco efeito nos papéis. Isso porque a companhia exporta até 55% da produção, um total de US$ 300 milhões por ano. “Teremos US$ 1,2 bilhão de receita até o vencimento dos primeiros bonds.”

Os bônus de dívida da companhia operam no patamar de 50% do valor de face há vários dias, o que significa que embutem a perspectiva de a empresa não honrar seus compromissos. Segundo uma fonte que opera nesse mercado em Nova York, o bônus com vencimento em 2018 era cotado a 56% do valor de face na compra e 58% na venda, e o último negócio foi no dia 17, a 55%. O bônus 2022 valia 55.50%/57.50%, alta de 0,875% em relação a quarta-feira, 19.

Um relatório do Banco Pine diz que, embora exista risco no curto prazo, o que faz os analistas do banco terem perspectiva negativa para os bônus, os papéis podem estar oferecendo oportunidade de compra. “Os bônus podem retornar níveis de default para high yield usuais se a companhia conseguir atravessar a atual tormenta em que se encontra”, dizem os analistas do Pine.

O GVO tem quatro usinas no Estado de São Paulo, com capacidade de moagem total de 12 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra e de produção máxima de 1,1 milhão de toneladas de açúcar e 1,465 bilhão de litros de etanol. Os volumes de produção de açúcar e álcool variam de acordo com o destino da cana processada nas safras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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