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Mais de um mês depois do início da guerra entre Israel e Hamas, o grupo de 34 brasileiros presos na Faixa de Gaza continua esperando a abertura da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, para poder deixar o enclave.

Além dos brasileiros, a lista de saída tem cidadãos de outros 14 países, com 554 pessoas. Essa seria a sétima leva de estrangeiros que deixaria o local.

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"A pendência para a abertura da fronteira é a autorização para que ambulâncias passem primeiro com os feridos para serem tratados no Egito, hoje apenas 5 passaram e dezenas ficaram retidas no norte de Gaza", disse o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, após contato do Estadão.

O embaixador afirmou que a ofensiva terrestre israelense no norte do enclave palestino dificulta a saída das ambulâncias e que tudo está sendo feito em coordenação com Israel e a Cruz Vermelha. Candeas apontou que se as ambulâncias puderem sair no sábado (11) os estrangeiros também deverão passar pela fronteira com o Egito.

O diplomata também afirmou que a embaixada do Brasil em Israel conseguiu a autorização junto à agência de segurança israelense para que Jamila, avó da brasileira Shahed Al-Banna, pudesse sair de Gaza com a sua neta. O embaixador disse que quase todos os brasileiros seguem em Rafah, menos Hasan Rabee, que optou por retornar à cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.

Os brasileiros foram incluídos na lista de estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza por meio da passagem de Rafah, na fronteira do Egito, mas pouco depois da liberação, a fronteira foi fechada.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que, apesar de os brasileiros na Faixa de Gaza terem sido autorizados a deixar a região, a saída deles não aconteceu porque o posto de controle na fronteira com o Egito permaneceu fechado.

"Novamente não saíram, apesar de terem sido mobilizados até a região do posto de controle, não puderam passar porque o posto de controle não foi aberto. Estamos em contato com todas as partes e esperamos que esses nomes sejam autorizados a cruzar o mais rapidamente possível. Os nomes fazem parte da lista dos que foram autorizados a cruzar, mas até o momento nenhum desses nacionais de nenhuma nacionalidade cruzou nos últimos três dias", afirmou o ministro.

Sem data certa

 

Segundo Vieira, não é possível estimar quando eles poderão cruzar a fronteira por causa da situação de conflito em Gaza. Ele também disse que o governo trabalhou desde o começo para retirar brasileiros e que ele próprio falou em quatro ocasiões diferentes com o chanceler israelense, Eli Cohen.

"A passagem [para o Egito] é complexa porque fica aberta durante poucas horas por dia. Há entendimento que primeiro passa ambulância com feridos e só depois disso passam os nacionais de outros países. Foi o que aconteceu hoje, ontem e quarta. Não teve passagem de Gaza para o Egito por impossibilidade de terminarem de passar as ambulâncias", justificou o ministro.

Enquanto as ambulâncias não passarem com os feridos, os estrangeiros não são autorizados a cruzar a fronteira, e há um limite de horário para que essa operação seja realizada. Ao longo da sexta, apenas cinco veículos cruzaram a fronteira.

Segundo o embaixador, a equipe da embaixada deveria pernoitar na cidade egípcia de el-Arish, no Sinai, para onde o grupo será levado após cruzar a fronteira.

Fronteira

 

O Egito controla a única fronteira de Gaza que não tem limite com Israel, mas o posto de Rafah é submetido a rigorosos controles alfandegários e de pessoas. Após os atentados terroristas do Hamas no dia 7, o posto foi fechado e ninguém podia sair ou entrar no território palestino.

O ministro disse estar mantendo encontros com as autoridades dos países envolvidos, examinando a possibilidade da libertação dos brasileiros no menor prazo possível. "A nossa lista não é das maiores, temos 34 em Gaza. Há países que têm números maiores. A passagem é complexa, porque a passagem de Rafah fica aberta durante algumas horas por dia. Há um entendimento entre as partes de que primeiro passam as ambulâncias com feridos, só depois os nacionais de outros países".

No fim de semana, após um acordo negociado com a ajuda do Catar e dos Estados Unidos, o posto foi aberto para a entrada de ajuda humanitária. Nesta quarta, além da saída de estrangeiros, ambulâncias também recolheram feridos em Gaza.

Permissão para saída

 

A permissão para a saída dos brasileiros começou a circular no começo da madrugada (noite de quinta, 9, no Brasil) entre os brasileiros. "Que alegria, vamos para casa", escreveu no Instagram Hasan Rabee, que estava em Khan Yunis.

O Itamaraty, que havia sido alertado por Israel de que a autorização viria, se mobilizou já na quinta, enviando diplomatas no Egito para receber o grupo, além de ter o avião da Presidência que fará o resgate autorizado a ir do Cairo para Al Arish, aeroporto a 50 km de Gaza.

Segundo a Embaixada do Brasil no Egito, assim que os brasileiros conseguirem cruzarem a fronteira, será avaliada a necessidade de atendimento médico ainda em Rafah. Uma equipe do Itamaraty está sob aviso para recebê-los. O governo egípcio também montou um hospital de campanha para o atendimento dos estrangeiros.

No Egito, o grupo será recebido por uma equipe de diplomatas e pelo embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto.

A partir de Rafah existem duas possibilidades de trajeto: ir em um ônibus até o aeroporto de El Arish, que fica a 53 km de Rafah, para embarque no avião presidencial que já está no Egito à espera do grupo. A aeronave depois fará escalas no Cairo, Roma, Las Palmas, Recife antes da chegada no destino final em Brasília. Ou viagem até a cidade do Cairo em um ônibus. Neste caso, a previsão é que a viagem por terra dure entre cinco e seis horas.

O avião presidencial está no Aeroporto do Cairo à espera do grupo que será repatriado e também com autorização para decolar até o aeroporto de El Arish. Uma médica oficial da Aeronáutica também irá acompanhar as famílias no voo com destino ao Brasil.

A liberação ocorreu após promessa do chanceler de Israel, Eli Cohen, ao ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, na quinta-feira. Foram quatro tentativas de uma negociação para a saída dos brasileiros e seis listagens com cerca de 24 países que já haviam conseguido a concessão. Segundo fontes do Itamaraty, o grupo de brasileiros está desde o mês passado em casas alugadas pelo Ministério de Relações Exteriores em Rafah e Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, à espera de uma definição.

Na última sexta-feira, Israel prometeu incluí-los na lista de autorizações até esta quarta-feira, o que não aconteceu. Cohen justificou a Vieira que não foi possível cumprir a garantia por "fechamentos inesperados na fronteira", segundo o Itamaraty.

Nos últimos dias, a relação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Israel esteve estremecida após o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, ter se envolvido em reuniões com parlamentares de oposição e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Declarações públicas sobre a suposta presença de representantes da milícia radical xiita Hezbollah no Brasil também incomodaram o executivo.

A insatisfação com as autoridades israelenses foi expressada publicamente pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, e pela Polícia Federal. Internamente, Itamaraty e Planalto também reconhecem o desconforto. Em nota, a embaixada de Israel disse que Bolsonaro apareceu sem ser convidado na reunião da Câmara e agradeceu ao governo brasileiro pela operação contra o Hezbollah. Apesar da irritação, uma eventual cobrança de explicações do diplomata só seria avaliada após a chegada dos 34 brasileiros.

O Exército israelense afirmou nesta terça-feira que um morteiro disparado da Faixa de Gaza atingiu o sul de Israel pela primeira vez desde o fim do conflito no mês passado.

O Exército disse que a explosão não feriu ninguém nem causou nenhum dano. Israel e o Hamas concordaram com um cessar-fogo em agosto que deu fim ao confronto mais recente, que chegou a durar 50 dias. Fonte: Associated Press.

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Um líder do grupo Hamas, Ismail Haniyeh, rejeitou nesta sexta-feira um pedido para que a organização se desarmasse como uma condição para encerrar o longo bloqueio na Faixa de Gaza e permitir a abertura de portos e aeroportos no território costeiro.

Haniyeh disse a uma multidão nas proximidade próxima à Cidade de Gaza que "não podemos aceitar ou negociar qualquer decisão internacional para desarmar a resistência", referindo-se ao Hamas e a outros grupos militantes palestinos.

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Israel tem dito que vai pressionar pelo desarmamento do Hamas em conversas indiretas realizadas no Cairo com o objetivo de chegar a uma solução para a situação de Gaza após uma guerra de 50 dias que matou mais de 2 mil pessoas, quase todas palestinas. O conflito acabou em 26 de agosto.

O Hamas faz pressão para abertura de um portos e um aeroportos na densamente povoada faixa litorânea e pelo levantamento do bloqueio israelense imposto em 2007.

Israel diz há algum tempo que precisa restringir a importação de cimento, canos e outros materiais de construção porque militantes usam esses materiais para construir foguetes, abrigos e túneis utilizados para realizar ataques em território israelense. Diferentemente da Autoridade Palestina, apoiada pelo Ocidente e sediada na Cisjordânia, o Hamas não aceita o direito de Israel existir. Fonte: Associated Press.

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