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As bolsas europeias fecharam em queda nesta sexta-feira, 16. Uma notícia negativa para o Deutsche Bank pressionou ações do setor bancário no continente, em um ambiente já de cautela diante da expectativa pela reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na semana que vem.

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,78% (2,67 pontos), em 337,67 pontos. Na semana, o Stoxx 600 recuou 2,27%.

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Na noite da quinta-feira, foi revelado que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos propôs que o Deutsche Bank pagasse multa de US$ 14 bilhões para acertar processos que envolvem hipotecas com problemas vendidas antes da crise de 2008. As autoridades norte-americanas disseram que o banco alemão pode fazer uma contraproposta, mas a novidade pressionou o setor de bancos em países europeus, já que há instituições do continente em situação similar e que também podem ser instadas a fazer grandes desembolsos para resolver os processos.

O governo alemão disse nesta sexta esperar um "resultado justo" no caso e o Deutsche Bank apontou que acordos anteriores foram fechados em valores bem mais baixos.

Na Bolsa de Londres, o índice FTSE-100 fechou em baixa de 0,30%, em 6.710,28 pontos, e caiu 0,98% na semana. A ação do Royal Bank of Scotland (RBS) - banco que pode enfrentar problema similar ao do Deutsche Bank nos EUA - recuou 4,43%, Lloyds caiu 0,39%, Barclays perdeu 2,83% e HSBC teve queda de 0,93%. A fraqueza do petróleo, em dia de dólar mais forte, também pressionou alguns papéis, como o da petroleira BP, que caiu 0,18%.

Em Frankfurt, o índice DAX perdeu 1,49%, para 10.276,17 pontos, e na semana recuou 2,81%. Deutsche Bank fechou em baixa de 8,5% e Commerzbank recuou 1,9%. Entre outras ações em foco, Allianz recuou 1,92% e BASF perdeu 1,82%.

Na Bolsa de Paris, o CAC-40 fechou em queda de 0,93%, em 4.332,45 pontos, e caiu 3,54% na semana. No setor bancário, Crédit Agricole caiu 0,75% e Société Générale recuou 2,73%. A petroleira Total teve baixa de 2,18% e a montadora Peugeot teve queda de 1,62%.

O índice FTSE-MIB, da Bolsa de Milão, recuou 2,43%, para 16.192,16 pontos, e perdeu 5,62% na semana. Entre os bancos, Banca Monte dei Paschi di Siena caiu 9,3% e Mediobanca e UniCredit recuaram ambos 5,8%. Telecom Italia cedeu 2,65%.

Na Bolsa de Madri, o índice Ibex-35 caiu 1,00%, para 8.633,40 pontos, e na semana perdeu 4,34%. Novamente, aqui o setor bancário se saiu mal, com Santander em baixa de 1,95%, CaixaBank de 1,09% e Banco Popular Español de 2,61%.

Em Lisboa, o índice PSI-20 recuou 1,83%, para 4.470,84 pontos, e na semana teve baixa de 4,83%. Nesta sessão, Banco Comercial Português caiu 9,44% e Galp Energia recuou 4,51%. Com informações da Dow Jones Newswires

A agência de classificação de risco Moody's alterou a perspectiva para o sistema bancário brasileiro de "estável" para "negativa", citando as "dificuldades crescentes no ambiente operacional do País". Segundo a Moody's, isso deverá restringir os volumes de negócios, prejudicar a qualidade dos ativos e reduzir a rentabilidade.

"Esperamos que a economia brasileira cresça menos de 1% neste ano e apenas 1% no próximo", afirmou Ceres Lisboa, vice-presidente da Moody's e coautora do relatório Perspectiva do Sistema Bancário Brasileiro, acrescentando que "inflação persistentemente elevada, um abrandamento do mercado de trabalho e declínio da confiança dos consumidores e do empresariado vão prejudicar tanto a demanda por crédito como os lucros dos bancos".

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No relatório a Moody's comenta que o crescimento econômico nos últimos três anos tem sido "opaco", elevando o risco de crédito para as empresas. "Além disso, as políticas intervencionistas do governo continuam minando o sentimento do investidor e obstruindo investimento", diz o documento. "E, com o ciclo de expansão conduzido por consumo exaurido em grande medida, qualquer crescimento econômico dependerá de um reequilíbrio das políticas do governo para restaurar a confiança."

"As políticas fiscal e monetária divergentes no país e as próximas eleições adicionaram ainda mais incerteza entre os investidores, o que deverá pesar ainda mais sobre a capacidade dos bancos para gerar capital", afirmou Lisboa.

O relatório observa, por outro lado, que a liquidez está forte, especialmente para os maiores bancos, e uma desaceleração na concessão de empréstimos deverá reduzir as necessidades de financiamento e melhorar os níveis de capitalização das instituições. Outro ponto positivo é que as amplas reservas e capital devem permitir que os bancos absorvam grandes perdas no caso de dificuldades, segundo a Moody's.

"Ainda assumimos que instituições sistemicamente importantes receberão suporte no caso de necessidade, mas, diante da escala crescente do sistema e das condições fiscais enfraquecidas do governo, fornecer suporte suficiente irá se tornar mais difícil e os reguladores no Brasil agora estão considerando regimes de resolução que até mesmo poderiam eliminar o suporte do governo para algumas classes de dívida dos bancos", afirmou Lisboa.

As bolsas europeias operam em baixa nesta manhã, diante das incertezas sobre a capacidade política de resolver a crise de dívida da zona do euro. Às 8h26 (horário de Brasília), a bolsa de Londres caía 0,83%, Paris recuava 1,27% e Frankfurt tinha baixa de 1,28%.

A tensão pressiona principalmente as ações do setor bancário. Analistas apresentaram estimativas divergentes sobre quanto os bancos vão precisar em capital novo para resistir aos choques soberanos.

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Ontem, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou ao Parlamento Europeu que os membros dos governos, o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia precisam coordenar esforços para recapitalizar os bancos por meio de injeções de capital privadas e públicas, além de introduzir exigências de capital maiores e temporárias.

No entanto, Barroso não deu detalhes sobre os planos. Sem números sobre quanto em capital os bancos poderão ser obrigados a ter, analistas estudaram vários cenários - com exigências que vão de 10 bilhões de euros a mais de 400 bilhões de euros em novos fundos para todo o setor, o que deixou os investidores sem saber o que esperar.

O Citigroup estima que existe uma deficiência de capital entre 64 bilhões de euros e 216 bilhões de euros para que os bancos tenham uma taxa de capital Tier-1 (de alta qualidade) de 7% a 9%, respectivamente. O Credit Suisse calculou o valor similar de 220 bilhões de euros para um cenário de 9% de capital Tier-1.

Analistas do banco Espírito Santo afirmaram que as baixas contábeis nos atuais preços do mercado sobre bônus de Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha, junto com uma taxa de capital mínima de 9%, pode exigir cerca de 413 bilhões de euros em capital novo no setor bancário. E analistas do Merrill Lynch estimaram entre 7,6 bilhões de euros e 143 bilhões de euros em capital para os maiores bancos europeus, dependendo do cenário.

Os executivos dos bancos continuam rejeitando qualquer recapitalização forçada. O executivo-chefe do alemão Deutsche Bank, Josef Ackermann, afirmou que não está claro se a recapitalização vai ajudar a resolver a crise. Executivos de outros grandes bancos europeus - incluindo os franceses Société Générale e BNP Paribas e o britânico Barclays - argumentam que podem aumentar suas proporções de capital por meio de vendas de ativos, retenção de ganhos e diminuição de ativos e atividades intensivos em capital. As informações são da Dow Jones.

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