Com Bahia, Portela empolga Sapucaí

| seg, 20/02/2012 - 01:00
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Foto: Marcos de Paula/AE Desfile da Portela no primeiro dia de apresentações do Grupo Especial do Rio de Janeiro Desfile da Portela no primeiro dia de apresentações do Grupo Especial do Rio de Janeiro

Conforme o prometido, a Portela conquistou a Sapucaí cantando a Bahia. O enredo é recorrente no carnaval carioca, e a escola não ousou: carros e alas foram calcados no sincretismo religioso e nos pontos turísticos de Salvador. Ainda assim, com samba forte, figuras carismáticas - os portelenses históricos Paulinho da Viola e Marisa Monte foram trunfos, já no abre-alas - e ideias simples - como a emocionante comissão de frente simbolizando orixás, sendo o ator Milton Gonçalves um babalorixá -, a Portela fez um desfile bonito de se ver e ouvir.

Os carros não tinham luxo nem capricho. O segundo, que retratava uma igreja barroca, ficou desfalcado já no setor quatro: um vaso e uma torre despencaram e se partiram quase em cima de uma frisa. Os adereços foram retirados rapidamente e a escola seguiu como se nada houvesse acontecido. O carro do Pelourinho parecia torto.

Já o de Iemanjá, com 60 litros d'água e iluminação artística, se destacou pela beleza e pelo fato de ser azulado: as cores da Portela ficaram perdidas em meio a muito dourado e amarelo, e os portelenses na plateia se ressentiram.

As deficiências foram compensadas com a animação. Os quatro mil componentes cantaram com vigor, assim como o público, empolgada com a bateria de elementos africanos, com percussão turbinada por instrumentos como atabaques. As "cores, cheiros, temperos, festas, fé, santos e orixás" foram traduzidos em fantasias de cangaceiro, de capoeiristas e de baianas, e em alegorias de fácil identificação, como a dos orixás que reproduziam os do Dique do Tororó, em Salvador.

A cantora Clara Nunes (1942-1983), que faria 70 anos em agosto e era intérprete portelense, desfilou como uma "santa protetora", nas palavras do carnavalesco, Paulo Menezes. Foi representada pela cantora Vanessa da Matta.

A Portela faz 100 anos ano que vem e quer desde já comemorar, deixando para trás anos difíceis. A rainha de bateria, a gaúcha Sheron Menezes, sabe da responsabilidade e entrou nervosa, à frente dos ritmistas filhos de Gandhi. "Por mim, estaria aqui desde as 18 horas, esperando", disse, pouco antes.

Portelense desde o berço, a cantora Marisa Monte, vestida de baiana estilizada, estava eufórica. "Não tenho nem palavras, perdi as contas de quantas vezes desfilei. O samba está na boca do povo".

Às pressas - A Portela, assim como a Renascer de Jacarepaguá, que abriu a noite, desfilou para frisas já prontas. As cadeiras, que não haviam sido instaladas para o sábado do grupo de Acesso A, foram colocadas às pressas ontem durante a tarde. Vinte minutos antes da entrada da Renascer ainda havia funcionário fixando estruturas. A Prefeitura culpou a Liga das Escolas de Samba pelo atraso, que, por sua vez, jogou a culpa na empresa contratada para o serviço, que não o terminou no prazo estabelecido.

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