Baixa autoestima no trabalho liga o sinal de alerta

Situações que contribuem para a desmotivação preocupam especialistas que alertam da necessidade de autoconhecimento e diálogo entre funcionários

por Juan Gouveia | sab, 03/02/2018 - 08:00
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Você já se sentiu desmotivado no ambiente de trabalho? Um chefe rígido, um colega de trabalho incoveniente ou uma situação de conflito podem contribuir para uma baixa autoestima. E como reflexo, o desempenho nas atividades pode sofrer alterações. Casos como esses são frequentes. A falta de motivação e cobranças influenciam negativamente na postura do empregado.

Os elogios sempre estimulam, é o que acredita Karla Cabral, mestre em psicologia. “Um bom líder deve impulsionar o funcionário, reconhecendo o trabalho exercido, o potencial, reconhecendo os erros e acertos de cada um”, pontua. Ainda segundo a psicóloga, a pressão desmotiva e as metas dificilmente serão alcançadas.

Colegas de trabalho também contribuem para o desinteresse. Maria*, de 42 anos, auxiliar de transporte escolar, diz qu a postura do motorista incomoda o seu dia a dia. “Nunca pensei que poderia me sentir sem ânimo, faltando a compreensão na divisão de tarefas. O mesmo se sente autoritário assumindo postura de chefe, quando é empregado”, desabafa. Não estabelecer uma boa convivência com os co-workes pode ser um dos motivos para a queda da autoestima.

Para contornar a situação, a coach de carreiras, Rebeka Jordão, defende a conversa como um mediador de conflitos. “Não temos controle sobre as situações, mas a forma como reagimos a ela pode fazer diferença. Sentar e estabelecer o diálogo para questionar os pontos nos quais há problemas. Um diálogo aberto, mediador e sensato. O empregado deve ir com humildade”, pontua.

Ao se conhecer, o profissional pode assumir uma figura mais flexível. E com o autoconhecimento é possível elevar o astral e ganhar segurança. Rebeka ainda destaca como é o processo de empoderamento pessoal. “Quando você se conhece e sabe onde melhorar, isso traz segurança. Focando naquilo que eu sou bom a minha autoestima se eleva, mesmo quando o chefe faz um comentário que não seja legal o meu pensamento é que eu sou bom em determinadas situações, mas naquelas que não sou eu posso desenvolver”, orienta.

Há um ano, Antonia*, supervisora em serviços de telemarketing, mesmo assumindo uma posição em controle de uma equipe, presenciou situações em que a coordenação da empresa cobrava por resultados com frequência. “Não entender a limitação do outro provoca momentos em que o subordinado se sente sem saída. Eles sempre impõem os afazeres da maneira deles, sem se importar com a realidade do próximo. Não aceitavam a minha maneira, isso me deixava muito mal”, desabafa. A supervisora pediu demissão, por pressão, e hoje aos 25 anos assumiu um novo cargo em outra empresa.

Qualificação

Em um país com mais de 13 milhões de desempregados, de acordo com números do IBGE/2017, se assegurar no mercado de trabalho é um desafio. A concorrência para se manter nele também. Com a desvalorização, os empregados se encontram em uma situação em que as sua postura na empresa é questionada. A medida para evitar essa condição é a busca por uma qualificação profissional, como defende a mestre em psicologia, Karla Cabral. "Investimento para alcançar a competitividade, investir na qualificação profissional. Nesse caso, ele se torna uma figura competitiva e, como consequência, a sua permanência no emprego pode ser garantida. O profissional que se sente, em primeiro lugar, valorizado não tende a apresentar um quadro de desmotivação", avalia.

Para contornar a situação, especialistas orientam que os colaboradores devem reconhecer que estamos sempre em desenvolvimento e que o processo de construção está no dia a dia. “As críticas elas acabam se trasnformam em aprimoramento das experiências profissionais.”, conclui a coach. Identificar o profissional que passa por situações parecidas e oferecer ajuda é a função da equipe de recursos humanos da instituição, devendo planejar ações para contornar a situação, buscando uma ajuda psicológica e abertura de rodas de diálogos estimulando o desenvolvimento o potencial do empregado, como defende Karla.

Assédio moral

Constantes humilhações, gritos e constrangimento. Como identificar se já virou assédio moral? De acordo com a cartilha realizada pela Secretária de Articulação e Social do Estado de Pernambuco, o assédio se configura nas situações sistemáticas e prolongadas de humilhação e perseguição a que são submetidos os trabalhadores no exercício de suas funções, durante a jornada de trabalho. Ainda de acordo com a cartilha, pode ser praticado por supervisores e colegas de trabalho.

Entre os pontos que se caracterizam assédio estão: ridicularizar em frente aos demais colegas, ignorar a presença do trabalhador, dificultar a realização de tarefas, boicotar informações, exigir o cumprimento de atividades sem assegurar tempo mínimo para sua execução, realizar críticas provocando sofrimento psicológico, fazer boatos sobre o trabalhador, entre outros.

Dados do Ministério Público do trabalho, revelam que em 2017 o órgão recebeu 380 de denúncias, sendo 109 investigadas pelo MPT. Para denunciar casos, a vítima deve procurar o sindicato da categoria, registrar ocorrência na delegacia e ir à Superintendências Regionais do Trabalho de sua cidade.

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