Por R$ 126 mil (R$ 21 mil cada, por mês), o Instituto Materno Infantil (IMIP) contratou o escritório Norões Azevedo & Advogados Associados, com sede no Recife, para cuidar da assessoria jurídica das seis Upas (Unidades de Pronto-Atendimento) que administra no Estado.

Seria uma contratação normal pela modalidade Cotação Prévia de Preços se o titular do escritório não fosse a esposa do procurador-geral do Estado, Thiago Norões, afastado terça-feira passada pelo governador João Lyra Neto. Seria igualmente normal se o IMIP não fosse ligado ao ex-secretário de Saúde, Antônio Figueiras, vice-presidente da instituição.

O escritório de Norões e o procurador também defenderam Figueiras quando ele foi réu numa ação em que o secretário de Saúde encerrou as atividades do Centro de Transplante de Medula e Óssea do Hemope, transferindo-o para o Hospital Português numa ação impetrada pelos médicos Antônio de Oliveira e Liliane Peritore.

A Procuradoria conseguiu reverter uma decisão de reabertura do CTMO, mas o juiz federal Roberto Wanderley acusou Figueiras de ferir os princípios da moralidade ao manter com o IMIP, instituição criada por sua família, relações com o Estado, inclusive recebendo verbas do Estado.

Figueiras foi secretário de Saúde no segundo mandato de Eduardo, sendo substituído depois da posse do governador João Lyra Neto, em abril passado. Após isso, ele voltou para o IMIP e reassumiu a vice-presidência da instituição. O escritório do ex-procurador tem atividades muito mais amplas em áreas do Estado.

Foi contratado, também, para dar assessoramento jurídico à empresa DAG Construção Ltda, que assumiu a conclusão do contrato de construção do complexo penitenciário de Itaquitinga.

Norões ficou responsável por responder, como representante do Estado, pelos problemas que a construção do presídio gerou depois que a empresa Advance não conseguiu concluir o projeto de uma PPA de um presídio com capacidade para três mil pessoas. O mesmo escritório do ex-procurador também foi contratado pela Moura Dubeux para atuar no polêmico caso da reintegração de posse do projeto Novo Recife.

BRIGA NORDESTINA – O PT e o PMDB travam batalha pelo Nordeste, segundo informa de Brasília o companheiro Ilimar Franco. A região, que deu a maior vitória para a presidente Dilma, é atendida pelo Ministério da Integração. O PT elegeu três governadores (BA, CE e PI), ajudou dois de coligados (RN e AL) e tem três aliados (MA, PB e SE). O PMDB, que sempre foi forte na região, levou dois governos (SE e AL).

Neogovernista trai – Embora tenha ido a um encontro com a presidente Dilma e feito juras de amor, prometendo fidelidade, o deputado André de Paula (PSD) votou contra o arremedo de ajuste fiscal do Governo e deve levar um puxão de orelha do chefe, o futuro ministro Gilberto Kassab.

Crise braba– Mais da metade dos prefeitos nordestinos não conseguiu pagar o 13º salário dos servidores. A situação mais complicada é o do Ceará, onde nem 10% dos prefeitos cumpriram com a obrigação. Em Pernambuco, a Amupe não tem um quadro real, mas as informações que chegam dão conta de 80% dos prefeitos não quitaram.

Ou o 13º ou dezembro– Prefeito de Cumaru e tesoureiro da Amupe, Eduardo Tabosa (PSD) diz que muitos prefeitos, como ele, podem pagar o 13º salário e deixar o salário de dezembro para janeiro. “Estou fazendo um grande esforço para pagar os dois salários, mas como muitos colegas não sei, na verdade, se vou conseguir”, desabafou.

Sumiço da bancada– Quase metade da bancada pernambucana – 12 deputados ao todo – se ausentou da votação na manobra de ajuste fiscal do Governo na madrugada de ontem, certamente porque não aguentaram o sono (a sessão se encerrou às cinco da manhã). Entre os que ficaram para mostrar fidelidade a Dilma estavam Wolney Queiroz, José Chaves, João Paulo e Vilalba.

CURTAS

JUSTIÇA– O governador eleito Paulo Câmara confirmou presença, hoje, às 10 horas, no ato de inauguração da Câmara de Tribunal de Justiça de Caruaru, que contará também com o governador João Lyra Neto.

REFORMA– O deputado Rodrigo Novaes (PSD) encampou a proposta da OAB de promover um amplo debate sobre a reforma política. Segundo ele, a instituição está recolhendo sugestões da sociedade para colaborar com a discussão.

Perguntar não ofende: O que diz o governador João Lyra sobre a versão do procurador Thiago Norões, de que a procuração deixada por Eduardo para doar o terreno em Suape ainda era válida?