Há 13 anos os apostadores da Mega-Sena não viam tamanho azar. O prêmio da loteria está acumulado há 12 sorteios consecutivos, o que não acontecia desde 2006, igualando o recorde de vezes que nenhum apostador acertou os números sorteados. Neste sábado, 4, quando ocorrerá o sorteio 2.148, o azar pode se transformar em sorte grande e a loteria poderá premiar o seu 500º ganhador desde que foi criada, em 1996, e pagar cerca de R$ 140 milhões - o 3º maior valor nominal dos concursos regulares.
Dados da Caixa Econômica Federal analisados pelo Estado mostram que em três outras oportunidades o prêmio acumulou por um período tão longo quanto o atual: 3 de agosto de 2002, 11 de setembro de 2004 e 30 de setembro de 2006. Desde então, o feito não se repetiu.
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Os números de todos os sorteios mostram que 2019 tem sido até agora o ano mais difícil de se obter o prêmio máximo. Neste ano, a bolada tem saído uma vez a cada nove sorteios (foram 4 ganhadores em 37 rodadas) - no ano passado, o número era um prêmio máximo a cada cinco sorteios e essa média já chegou ser de um ganhador a cada 2,8 sorteios, no ano de 2013. Naquele ano, houve 37 ganhadores nos 105 sorteios da Mega realizados ao longo dos 12 meses.
O que explica a dificuldade é a probabilidade inerente ao jogo: há uma chance de acerto em 50 milhões. Como é raro que o número de apostas chegue perto dos 50 milhões, o que geralmente acontecia nas edições especiais, como a Mega da Virada, o prêmio pode se acumular consecutivas vezes.
O superintendente de loterias da Caixa, Gilson Braga, disse nesta sexta ao jornal O Estado de S. Paulo que até o fim da tarde já haviam sido registrados 14 milhões de bilhetes, com arrecadação de R$ 70 milhões - na edição da Mega da Virada do ano passado, por exemplo, foram registrados 250 milhões de apostas. A Caixa espera dobrar esses números até às 19h deste sábado, horário máximo para realizar a aposta.
Braga cita uma curiosidade. Ele tem a percepção de que quando os números sorteados são mais altos, acima de 30, a chance de o sorteio acumular é maior. "Isso porque na nossa cultura muita gente joga a data do nascimento", disse. Ainda assim, lembrou, tudo pode acontecer.
Sobre as variações na quantidade de ganhadores entre os anos, Braga lembra que, na crise, o dinheiro da aposta também sofre. Segundo ele, a arrecadação das loterias demonstrou isso em 2016, quando houve uma queda significativa na arrecadação. "Apesar da máxima de que na crise se joga mais, o que notamos foi o oposto. O brasileiro tende a segurar o dinheiro da aposta", disse. O ano de 2017 voltou a ter crescimento, assim como em 2019 até agora.
Casas lotéricas de São Paulo têm filas na véspera do sorteio
As filas de casas lotéricas na centro de São Paulo dão uma medida do prêmio acumulado da Mega-Sena. No fim da tarde desta sexta-feira, 3, véspera do sorteio com o maior prêmio acumulado dos últimos anos, loterias na Consolação e na Sé formavam filas na calçada.
A sequência de jogos acumulados na última quinta-feira motivou os funcionários de uma agência de viagens no bairro da Consolação, no centro da capital, a reunir as economias em um bolão. Ficou sob responsabilidade do gerente de vendas Diego Guerreiro, de 40 anos, apostar um total R$ 380 em nome de 20 pessoas.
O grupo tenta a sorte com 108 bilhetes. Os números foram preenchidos de forma aleatória e, segundo Guerreiro, ninguém sabe quem fez qual aposta. Se um deles for premiado, o total será repartido entre os 20 participantes. Na casa lotérica Consolação, na esquina com a Rua Araújo, ele encontrou mais de quinze apostadores na fila.
"A turma está confiante aqui. Precisa acreditar, né? Vai que a sorte bate na porta", conta Guerreiro, que ainda não sabe o destino da viagem que fará se ganhar. "Quero investir no meu filho, colocar em uma boa escola."
A tática da ex-vendedora Inês Velasquez, de 73 anos, é apostar sempre nos mesmos seis números. Ela jogou em todas as 12 rodadas da Mega-Sena que acumularam.
"Parece trote, ninguém ganha", reclama Inês, com sua cartela da Mega e outras quatro da Lotomania na mão. Natural do Chile, ela mora em São Paulo já 39 anos, e diz que não volta ao país natal nem com R$ 140 milhões na conta bancária. "Se eu ganhar, vou dar muito dinheiro para os meus filhos, meus netos. Para mim, uma casinha já está bom. Me divirto jogando, não faço pelo dinheiro. É um passatempo."
Com a mesma aposta, Dona Inês conta que ganhou cerca de R$ 300 há cerca de duas semanas. Neste sábado, antes do sorteio, ela promete fazer mais algumas apostas para seus cinco filhos e 11 netos.
Prêmio máximo da série histórica equivale a R$ 346 milhões
O valor a ser pago neste sábado, se houver vencedor, está estimado em R$ 140 milhões e é considerado o terceiro maior entre os sorteios regulares, ou seja, excluindo-se os sorteios da Mega da Virada. Em valores corrigidos pela inflação, a maior premiação já paga foi a da Mega da Virada de 2014: R$ 346,2 milhões a quatro ganhadores. Em premiações regulares, o concurso 1.764, em novembro de 2015, pagou a um só ganhador R$ 247,6 milhões.
O sorteio será realizado a partir das 20h no Espaço Loterias Caixa, localizado no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo. A Caixa lembrou que, caso apenas um ganhador leve o prêmio e aplique todo o valor na poupança do banco, "receberá mais de R$ 520 mil em rendimentos mensais, valor suficiente para garantir uma boa aposentadoria". "O dinheiro do prêmio é suficiente para comprar 35 apartamentos de luxo, com carro na garagem, nas melhores localidades do país", destacou.