Tópicos | Áureo Cisneiros

A apuração da morte do empresário Paulo César Morato, considerado “testa de ferro” da organização criminosa que teria comprado o avião utilizado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) para a campanha à presidência da República em 2014, tem gerado polêmicas. Nesta segunda-feira (27), o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) vai denunciar ao Ministério Público (MP) uma tentativa de obstrução nas atividades periciais. O grupo também vai a Secretaria de Defesa Social (SDS) registrar a solicitação e pedir para que as apurações sejam feitas de maneira parcial. 

Na última sexta-feira (24), o Sinpol denunciou, por meio de nota, que a chefe da Polícia Científica estadual, delegada Sandra Santos, impediu os agentes responsáveis por realizar a perícia papiloscópica de trabalhar no caso. De acordo com o presidente do sindicato, Áureo Cisneiros, é nítido que houve uma tentativa de barrar a investigação. “Houve um cerceamento sim. Alguém parecia ter interesse em barrar essa elucidação. Qual o motivo?”, indagou. “É inadmissível que para atender interesses políticos a lisura das investigações seja prejudicada”, acrescentou.

##RECOMENDA##

Desde que o assunto foi levantado, a SDS tem negado qualquer interferência. “A perícia da quarta [dia em que o corpo foi encontrado] durou o tempo necessário e coletou todos os vestígios para a análise da polícia”, alegou Sandra Santos, descartando a necessidade de uma nova análise do local. A postura é criticada pelo Sinpol. 

Desde a última quinta-feira (23), quando fez uma coletiva para divulgar dados do início das investigações, a SDS não se pronuncia sobre o caso. Os delegados responsáveis pela apuração das causas da morte agendaram uma coletiva para a tarde de hoje, quando devem se pronunciar sobre a solicitação do Sinpol e detalhar sobre o andamento das investigações.  

Âmbito político

A categoria não é a única a questionar as investigações. Após a nota do Sinpol denunciando as intervenções, a bancada de oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) afirmou que pretende fiscalizar as investigações sobre a morte de Morato. O colegiado deve pedir a federalização das apurações, já que se trata de um suspeito arrolado pela Operação Turbulência, da Polícia Federal. O assunto deve ser abordado durante a sessão plenária na Alepe, desta segunda. 

Prima de Eduardo Campos, a vereadora do Recife, Marília Arraes (PT), também disparou contra o andamento dos trabalhos da Polícia Civil. Ao comentar a denúncia de artistas pernambucanos sobre possíveis desvios de cachês, a petista disse que a instituição não tem “autonomia” para apurar o caso “operado pelo PSB e empresários”. 

“O tempo dos coronéis acabou. A sociedade exige respostas. E não são respostas rasas e discursos publicitários... Verdades e mentiras são inteiras e não podem ser guardadas para sempre. Nem uma, nem outra. Que a verdade seja trazida à tona, em ambos os casos”, cravou a parlamentar. 

Operação Turbulência

Deflagrada na terça-feira (21), a operação investiga um esquema criminoso especializado em lavagem de dinheiro com a utilização de empresas fantasmas e “laranjas”. Quatro empresários foram presos: João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana Vieira – apontados como líderes - e Arthur Roberto Lapa Rosal, que seria responsável por receber valores em sua conta pessoal. 

Apenas Paulo César Barros Morato não foi encontrado na terça pela PF e estava sendo considerado foragido. Ele era considerado o “testa de ferro” do esquema por ser o dono da Câmara & Vasconcelos, empresa responsável pelo recebimento de quase R$ 19 mil da OAS, investigada na Lava Jato, para um suposto serviço de terraplanagem nas obras da Transposição do Rio São Francisco. O montante, entretanto, pode ter sido destinado para pagar o avião utilizado por Eduardo Campos na campanha presidencial em 2014.

O empresário foi encontrado morto na quarta-feira (22) em um motel em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). De acordo com as informações preliminares da polícia, foi “praticamente descartada a hipótese de homicídio” e "há indícios fortes" de morte súbita ou suicídio. 

Morato  chegado ao local por volta das 12h da terça, horário justamente em que aconteciam as prisões da Operação Turbulência. Com o corpo dele foram encontrados documentos pessoais, além de 7 pendrives, 3 celulares, R$ 3 mil em espécie, 3 cheques de terceiros sem valores, 53 envelopes para depósito vazios e remédios para diabetes e hipertensão.

 

A Polícia Civil ameaça entrar em greve a partir da 0h da próxima sexta-feira (5), seguindo pelos dias de Carnaval. O motivo é o descumprimento do acordo firmado pelo Estado com a categoria em dezembro de 2015 e que deveria entrar em vigor no início do mês de janeiro de 2016.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Áureo Cisneiros, a categoria exige três principais pontos que foram assegurados pelo governo, mas não foram cumpridos. É o caso da publicação da comissão que vai criar uma lei orgânica da Polícia Civil que rege o interesse da categoria. “Todos os estados do Brasil possuem essa lei que, no caso, é o que fundamenta a Polícia Civil, mas nós não temos”. Ele ainda aponta outra exigência que é o novo plano de cargos e carreiras que ainda não foi publicado, mas que deveria ter sido lançado desde o início do ano. 

##RECOMENDA##

Além desses aspectos, mais um foi apontado por Cisneiros. É o caso da revisão do Projeto de Lei para abertura da sessão legislativa que alinha os efeitos financeiros para a categoria. Este documento deveria ter sido entregue nesta segunda-feira (1) para entrar em vigor em abril.  

O Sindicato fará assembleia na próxima terça-feira (2), às 18h, na sede do Sinpol, para alinhar o movimento. A categoria assegura que, caso o Estado não cumpra até o momento da reunião o prometido em dezembro, a Polícia Civil entrará em greve a partir da 0h da sexta (5). 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando