Falta de assistência à saúde, superlotação das celas e demora no julgamento dos processos são aspectados da realidade vivida pelas detentas da Colônia Feminina do Recife, no bairro do Engenho do Meio. Para ouvir as demandas desta população, uma visita foi realizada pela Defensoria Pública de Pernambuco e Promotoria de Justiça, juntamente com o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, nesta segunda-feira (10).
Sob um possível risco de um surto de meningite na unidade, recentemente, o local recebeu maior atenção da poder público nos últimos dias. “Com relação a esses casos de meningite, elas estão convencidas de que as outras detentas não foram acometidas por essa doença. Chegaram a mencionar outros problemas, mas não sobre meningite, em específico”, relatou o arcebispo.
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Dom Fernando criticou antigos problemas, velhos conhecidos nos contextos carcerários do país. “As condições carcerárias e a superpolução são situações inquietantes e também não há camas suficientes para todas. É lamentável. Eu peço a Deus que o governo se sensibilize quanto a isso e faça alguma mudança para respeitar os direitos humanos”.
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O arcebipso visitou as celas de castigo (conhecidas como ''solitárias''), onde "uma me disse que está até com dificuldade de respirar". Mais uma vez, Saburido ressaltou a necessidade de "mais respeito à pessoa humana" e afirmou ter esperança de que "isso mude".
Esgoto, paredes depredadas e animais
O promotor de Justiça da Vara de Execuções Penais, Marcellus Ugiette, afirmou que, em seis dias de visita, foi possível criar um panorama de necessidades básicas no local, como a limpeza da caixa d’água, saneamento falho, grande número de pombos e até mesmo paredes que estão ruindo.
Ugiette explicou que o trabalho de limpeza da caixa d'água já está sendo realizado. Quanto à infestação de pombos, a vigilância ambiental também será acionada. “Requisitei às secretarias municipais e estaduais de saúde, em face ao outubro rosa, uma abordagem de mamografia, de exames de doenças de pele, citologia, porque todas essas avaliações são importantes e devem ser feitas periodicamente nas mulheres”.
Foi também pontuado que há uma reclamação muito grande com relação aos processos, afinal, muitas estão presas há dois ou três anos e ainda não foram julgadas. “Então eu decidi que, a partir da próxima semana, faremos um mutirão para ouvir, identificar e propor ao judiciário, à defensoria pública e à OAB ações semelhantes a de hoje aqui na Colônia Feminina”.