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O Ministério Público Federal quer aumentar a condenação de três personagens emblemáticos da Operação Lava Jato - o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró (Internacional), o lobista do PMDB na estatal, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e o também lobista Júlio Camargo, que acusou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), de pressioná-lo por uma propina de US$ 5 milhões, em 2011.

Em recurso de apelação ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), nove procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato sustentam a necessidade de ampliar as penas impostas aos três réus pelo juiz federal Sérgio Moro. Cerveró pegou 12 anos e três meses de prisão, Baiano 16 anos e um mês e Júlio Camargo - que fez delação premiada - recebeu sanção de 14 anos de prisão, mas em regime aberto.

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O MPF sustenta que o processo aborda dois atos de corrupção praticados por Cerveró e Fernando Baiano, operador financeiro que agia em prol dos interesses do PMDB, acusados de terem solicitado, aceitado promessa e recebido, "para si e para outrem, de forma direta e indireta", vantagens indevidas no montante aproximado de US$ 40 milhões de Júlio Camargo, para que fosse viabilizada a contratação do estaleiro sul coreano Samsung Heavy Industries na construção de dois navios sondas.

Em 2006, segundo a força-tarefa da Lava Jato, Julio Camargo, "agindo como representante do estaleiro Samsung Heavy Industries Co, da Coreia, logrou conseguir junto à Petrobras que a empresa em questão fosse contratada". A propina total chegou a US$ 40 milhões, apurou a Procuradoria.

O deputado Eduardo Cunha não é réu nesta ação, mas no âmbito deste mesmo caso ele foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro - como parlamentar, o peemedebista detém foro privilegiado perante a Corte máxima.

Ao apelar por uma condenação mais pesada para o ex-diretor da Petrobras e os outros dois réus, o Ministério Público Federal afirma: "Resta evidente que Nestor Cerveró agiu com total desrespeito ao patrimônio e aos objetivos da Petrobras, fazendo da empresa um verdadeiro balcão de negócios, que servia não apenas aos seus propósitos e interesses particulares, mas também aos do grupo político que o colocou no cargo. Por essas razões, sua culpabilidade deve ser valorada negativamente."

"Os mesmos argumentos valem para os apelados Júlio Camargo e Fernando Soares", insiste a Procuradoria. "Estes, apesar de nunca terem ocupado funções ou cargos públicos, agiram com menosprezo aos reflexos que suas condutas teriam no processo democrático eleitoral, ante a intermediação de dinheiro ilícito que abasteceu campanhas políticas e que ajudou a manter no poder, de forma ilegítima, pessoas diretamente envolvidas e beneficiadas pelo escândalo de corrupção na Petrobras."

Os procuradores assinalam que "neste contexto, faz-se necessária a reforma da sentença recorrida (do juiz Moro), a fim de que seja majorada a pena-base, reconhecendo-se a incidência da circunstância judicial relativa à culpabilidade".

"Nestor Cerveró, Fernando Soares e Júlio Camargo possuem elevada formação acadêmica e qualificação, com discernimento acima do homem médio", assinala o MPF. "O alto grau de escolaridade é patente, em face das posições profissionais que ocupavam. Decorrência desse lugar no campo de trabalho, as altas remunerações percebidas alçaram os apelados a uma condição social muito privilegiada dentro da sociedade brasileira. Portanto, a culpabilidade (dos três condenados) deve ser valorada de modo fortemente negativo, tendo em vista o dolo direto e intenso dos agentes, dirigindo suas condutas à prática de crime."

Os procuradores destacam que relatório de auditoria da Petrobras revelou "que o investimento bilionário nos dois navios-sonda não seguiu os padrões de governança corporativa e foi um mau negócio para a estatal".

"A avaliação técnica que subsidiou as duas contratações - estudo 'probabilístico' determinado por Cerveró - baseou-se em estimativas otimistas, que desconsideraram as contingências fáticas que poderiam ocorrer e que de fato ocorreram."

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró (Internacional) e o lobista do PMDB Fernando Baiano Soares terão de pagar multa de R$ 3 milhões. Os dois e o lobista Julio Camargo - que acusou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de pressionar por propina de US$ 5 milhões em 2011 - foram condenados por corrupção e lavagem de dinheiro pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, na segunda-feira (17).

O doleiro Alberto Youssef, também denunciado, foi absolvido. "O Ministério Público Federal está analisando a sentença para, se for o caso, propor o respectivo recurso", informou a instituição, no Paraná, em nota. Nestor Cerveró terá de pagar multa de R$ 1.140.725,00. A Baiano caberá R$ 2.074.370,00 do montante. Eduardo Cunha não é réu na ação. Ele está sob investigação da Procuradoria-Geral da República porque detém foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal.

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Nestor Cerveró, Fernando Baiano e Julio Camargo haviam sido denunciados pela força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal em dezembro de 2014.

Segundo a Procuradoria da República, em 2006, Nestor Cerveró, então diretor da área Internacional da Petrobrás, e Fernando Baiano acertaram com Julio Camargo o pagamento de cerca de US$ 15 milhões de propina para que fosse viabilizada a contratação, pela estatal, do navio-sonda Petrobrás 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries no valor de US$ 586 milhões. O navio seria utilizado para perfuração de águas profundas na África.

A força-tarefa sustentou que após as negociações - e confirmada a promessa de pagamento da propina -, Cerveró adotou as providências necessárias para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada. De acordo com o Ministério Público Federal, Fernando Baiano, então, passou a receber a propina combinada e, em seguida, a repassar uma parte dos valores a Cerveró.

Na denúncia, a Procuradoria apontou que o esquema se repetiu de forma 'praticamente idêntica' no ano seguinte. Na segunda ocasião, diz a força-tarefa, foi acertado entre Soares, Cerveró e Camargo o pagamento de propina de cerca de US$ 25 milhões para a viabilização do navio-sonda Vitoria 10000, que operaria no Golfo o México, com o estaleiro Samsung Heavy. A contratação foi estimada em US$ 616 milhões.

O juiz Sérgio Moro impôs a Cerveró 12 anos, três meses e dez dias de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Esta é a segunda condenação de Cerveró. Em maio, Cerveró pegou 5 anos de pena pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.

Baiano, apontado como braço do PMDB no esquema de corrupção que se instalou na Petrobrás entre 2004 e 2014, pegou 16 anos, um mês e dez dias de reclusão.

Julio Camargo, o delator, foi condenado a 14 anos de reclusão, mas beneficiado pela colaboração prestada à Lava Jato, teve sua pena reduzida para cindo anos em regime aberto. Terá de cumprir as seguintes condições: "prestação mensal de trinta horas de serviços comunitários a entidade pública ou assistencial; apresentação bimestral de relatórios de atividades; comunicação e justificação ao Juízo de qualquer viagem internacional nesse período."

Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato, foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro "por falta de prova suficiente de que as operações de lavagem a ele imputadas na denúncia dizem respeito à propina dos contratos de fornecimento dos navios-sondas, enquanto as por ele confessadas não estão descritas na denúncia".

Na decisão, o juiz Sérgio Moro afirmou que ficou comprovado o pagamento de R$ 54.517.205,85 em propina sobre contrato de dois navios-sonda da Petrobrás a Cerveró e a Baiano. Ambos estão presos preventivamente em Curitiba, base da Lava Jato.

Para obter a condenação de Cerveró, Baiano e Julio Camargo, o Ministério Público Federal usou documentos enviados pelas autoridades de Genebra. "A cooperação jurídica com a Suíça foi fundamental para a comprovação do fluxo do dinheiro no exterior e comprovação documental dos fatos. Por meio dela, obteve-se documentos irrefutáveis que comprovaram a transferência do dinheiro da Samsung para as empresas de Julio Camargo e, em seguida, para as de Fernando Soares e Cerveró, bem como para a contas de terceiros indicadas por eles", informou a Procuradoria.

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e os lobistas Fernando Antônio Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, e Julio Camargo foram condenados hoje (17) por corrupção e lavagem de dinheiro em uma das ações penais decorrentes da Operação Lava Jato, que investiga o pagamento de propina em contratos para compra de navios-sondas pela estatal.

Conforme sentença proferida pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Lava Jato na primeira instância, Cerveró deve cumprir pena de 12 anos, três meses e dez dias de reclusão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro mais o pagamento de multa. Em maio, Cerveró já havia sido condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro pela compra de um apartamento, depois da ocultação e dissimulação de valores oriundos do pagamento de propina.

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Já Fernando Baiano foi condenado a 12 anos, três meses e dez dias de reclusão, mais multa, pelos mesmos crimes. Julio Camargo, que em delação premiada disse que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cobrou US$ 5 milhões em propina do esquema investigado pela Lava Jato, foi condenado a 14 anos de detenção.

Na sentença, Sérgio Moro ressaltou que Julio Camargo firmou acordo de delação premiada, prestando informações “importantíssimas” para desvendar o funcionamento do esquema. Por isso, definiu o juiz, as penas imputadas a Camargo ao fim de todos os processos da Lava Jato não poderão ultrapassar o total de 30 de reclusão.

O juiz determinou ainda a mudança do regime fechado para o semiaberto para cumprimento inicial dos cinco primeiros anos de pena. Pelo acordo de delação, Julio Camargo deverá prestar 30 horas mensais de serviços comunitários. “Após os cinco anos iniciais, remanescerá, pelo restante da pena, somente a obrigatoriedade de apresentação de relatórios de atividades periódicos, desta feita a cada seis meses”, definiu Moro. Caso haja descumprimento ou que seja descoberto que a colaboração não foi verdadeira, Julio Camargo poderá perder os benefícios.

De acordo com a sentença proferida hoje, apesar de o rastreamento feito pela força-tarefa da Lava Jato não ter sido integral, ficou comprovada a movimentação de fluxo financeiro no exterior de valores da empresa Samsung, contratada pela Petrobras para fornecimento dos navios-sondas, para Julio Camargo, que repassou parte do dinheiro para Fernando Baiano e Nestor Cerveró.

“Rigorosamente, o MPF identificou indícios que relacionam Fernando Soares diretamente a pelo menos outra conta no exterior, beneficiária de repasses da Piemonte Investments, de Julio Camargo. Com efeito, nos extratos da conta Piemonte podem ser identificadas três transferências nos valores de US$ 150.000, US$ 110.000 e US$ 59.113 em favor de conta no exterior em nome de Iberbras Intregracion de Negocios Y Tecnologia S/A. Ocorre que, em relatório de visitas à Petrobras, por Fernando Soares, ele se identificou, em mais de uma dezena delas, como “representante da empresa Iberbras, o que é indicativo de sua ligação também com a referida conta”, diz Moro na sentença.

Também foram comprovados, segundo a sentença, 34 operações entre Julio Camargo e Fernando Baiano, no valor total de US$ 14.317.083. “Do que foi possível rastrear no exterior, descobriu-se que pelo menos duas das contas beneficiárias são ligadas a Fernando Soares. De uma delas é ele o beneficiário final, de outra, o representante [Three Lions Energy e Iberbrás, respectivamente] e ainda há um sucessivo repasse da conta controlada por Fernando Soares para a conta que tem por beneficiário final Nestor Cuñat Cerveró."

Réu na mesma ação penal, o doleiro Alberto Youssef foi absolvido pelo juiz Sério Moro. “Acima de qualquer dúvida razoável de que as operações descritas na denúncia como de sua responsabilidade se refiram à lavagem da propina dos navios-sondas e, quanto às operações de lavagem da propina dos navios-sondas que foram objeto de confissão, não estão elas narradas na denúncia, o que impede a condenação, pelo princípio da correlação entre acusação e sentença”, justificou Moro.

Ministério Público Federal apontou a vida de alto padrão e os presentes de luxo, como uma Land Rover avaliada em R$ 200 mil dada para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró (Internacional), como forma e o suposto operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, ocultar dinheiro desviado da Petrobras.

"Expediente utilizado por Fernando Soares para a ocultação/dissimulação da origem criminosa dos valores que repassava à Nestor Cerveró era o oferecimento de 'presentes' ao ex-diretor da estatal", sustenta a força-tarefa da Operação Lava Jato, nas alegações finais da ação penal em que o ex-diretor e o operador, supostos elos do PMDB na estatal, respondem pelo recebimento de US$ 40 milhões, por dois contratos de navios-sonda da Petrobrás.

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"Em 27 de julho de 2012 o acusado Fernando Soares, para encobrir o pagamento de vantagem indevida devida a Nestor Cerveró, fruto dos crimes acima mencionados, negociou e comprou em favor de Nestor Cerveró e de sua esposa, Patrícia Cerveró, o veículo Land Rover Evoque Dynamic 5D", informa o Ministério Público Federal.

Para a força-tarefa não há dúvidas de que o veículo nunca foi pago pela mulher de Cerveró, como sustentou a defesa do casal, quando ele foi preso em janeiro. O ex-diretor está detido em Curitiba.

Para ocultar e dissimular a origem criminosa dos valores relativos a esse bem, tal automóvel foi registrado em nome da mulher do ex-diretor da Petrobrás. "Mesmo tendo sido Fernando Soares o responsável pelo pagamento", diz o MPF, no pedido de condenação dos acusados por corrupção e lavagem de dinheiro.

Ele mesmo utilizava, segundo o pedido de condenação do MPF, quatro camionetes de luxo: três Land Rover e uma Toyota Hilux.

Empresas de fachada

Para tentar ocultar a origem e propriedade dos valores movimentados para Cerveró e para seu próprio patrimônio, a Procuradoria da República informa que existem "diversas provas que indicam a utilização" de duas empresas de fachada, a Hawk Eyes e a Technis, por Fernando Baiano.

"Ambas empresas eram utilizadas para ocultar e dissimular o imenso patrimônio que Fernando constituiu após a intermediação da propina das sondas", escrevem os nove procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

A própria residência de Fernando Baiano, no Rio, é citada dado como exemplo do conforto do operador. "Trata-se de uma cobertura do bloco 1 do Condomínio Parque Atlântico Sul (antigo Edifício Vieira Souto), localizado na Av. Lúcio Costa, 3600, Barra da Tijuca, um dos mais luxuosos da cidade."

A cobertura de luxo do operador do PMDB está em nome da Hawk Eyes. As empresas foram usadas também para compra da Evoque de Cerveró, as outras três caminhonetes que ele mesmo utilizava, bem como para o recebimento de parte dos US$ 40 milhões recebidos do lobista Julio Gerin Camargo, em nome do estaleiro coreano Samsung Heavey Industries.

A Hawk Eyes, que era uma empresa de papel como a Technis, também serviu para registro da uma lancha de 55 pés, chamada "Cruela 1". "A qual possui dois motores de 800 HP e capacidade para 18 passageiros, e que custa em média R$ 4,5 milhões", diz a Procuradoria.

"Por 'coincidência' esta lancha foi adquirida de Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente do grupo Andrade Gutierrez, que atualmente encontra-se preso preventivamente na Polícia Federal em Curitiba", afirma o Ministério Público Federal em alegações finais no processo.

Os procuradores apontaram, além do imóvel "de altíssimo padrão" em que Fernando Baiano morava, a compra de "uma mansão de veraneio" no condomínio Vale do Segredo, na Praia de Trancoso/Arraial D’ Ajuda, em Porto Seguro (BA) - em nome da empresa Technis.

Lavagem moderna

A prática de ocultação de valores e bens em carros de luxo, imóveis e presentes como quadros, auxiliam a compreender o esquema criminoso desbaratado na Petrobrás, por meio do qual partidos e políticos desviavam de 1% a 3% do valor dos contratos, em conluio com empreiteiras.

"Como próprio nestes tipos de crime, complexos por natureza, foram empregados pelos réus várias tipologias de lavagem de dinheiro reconhecidamente utilizadas nesse tipo de delito. Isso é sinal do alto nível de sofisticação dos instrumentos usados, com a combinação de várias técnicas de lavagem, em especial, a técnica do trade based money laudering, de offshore (técnica de uso de terceiros) e de estruturação", afirmam os procuradores da Lava Jato.

As alegações finais do MPF no processo representam a etapa derradeira da ação penal, que será julgada nas próximas semanas pelo juiz federal Sérgio Moro.

Foi nesse processo em primeiro grau que o lobista Julio Camargo, após ser reintimado a pedido do operador de propina do PMDB Fernando Baiano, afirmou que pelo menos US$ 5 milhões dos US$ 40 milhões de propina tiveram como beneficiário o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Por causa da citação, a defesa de Cunha pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que impeça o juiz Sérgio Moro de julgar a ação penal e que ela seja levada para a Corte máxima do Judiciário, por envolver seu nome - como parlamentar, o presidente da Câmara só pode ser julgado pelo Supremo.

Para o MPF, "são vários os elementos que indicam a prática, por parte de Júlio Camargo, Fernando Soares, Nestor Cerveró e Alberto Youssef, todos em conluio e com unidade de desígnios, de atos de ocultação e dissimulação da natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações penais por eles praticadas em face da Petrobrás".

Os ministros da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mantiveram a prisão preventiva de Fernando Baiano, que é acusado de atuar como operador do PMDB no esquema de desvios de recursos da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

Em julgamento de pedido de habeas corpus realizado na tarde desta terça-feira, 12, os ministros rejeitaram por unanimidade os argumentos apresentados pela defesa de Fernando Antonio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano. A defesa do acusado pedia que a prisão preventiva fosse convertida em medidas cautelares, como decidiu recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre pedidos de defesa de empreiteiros investigados na Lava Jato.

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Fernando Baiano está preso desde novembro de 2014 e, de acordo com denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, ele era o operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras. Ele é acusado da prática de crimes como lavagem de dinheiro.

Segundo a defesa de Baiano, não há fundamentação da prisão preventiva. O advogado argumentou ainda que a manutenção do réu preso é uma tentativa do juiz Sério Moro de pressioná-lo a fazer um acordo de delação premiada.

O relator, desembargador convocado Newton Trisotto, destacou "fortes indícios da participação de Baiano no esquema de corrupção" e disse estar "absolutamente convencido de que nessa fase processual se encontram presentes os pressupostos autorizadores da prisão preventiva", disse.

Trisotto é o relator de todos os processos envolvendo a operação Lava Jato no STJ. "Existe uma repercussão social jamais vista em qualquer atividade ilícita praticada no País, e essa repercussão social está dentro dos conceitos que justificam a decretação da prisão preventiva para garantia da ordem pública", acrescentou.

Dois deputados da CPI da Petrobras, Oniz Lorenzoni (DEM-RS) e Eliziane Gama (PPS-MA), questionaram nesta segunda feira, 11, o operador de propina do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, se ele está sofrendo ameaças de morte. Os parlamentares estão intrigados com o silêncio adotado pelo acusado de receber propinas de empreiteiras.

Pelo menos US$ 30 milhões em propinas teriam sido repassadas para Fernando Baiano e para o ex-diretor de Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Os dois estão presos em Curitiba. Fernando Baiano mantém ligações próximas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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Fernando Baiano, atendendo orientação do criminalista David Teixeira de Azevedo, que o defende, permaneceu calado durante todas as questões que lhe foram formuladas pelos parlamentares que instalaram a CPI em Curitiba, base da Lava Jato. Ele apenas dizia que "recorre ao direito de permanecer em silêncio".

"O senhor sofreu ou vem sofrendo ameadas de alguém?", questionou a deputada Eliziane.

O ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró não respondeu aos questionamentos dos deputados da CPI da Petrobras, nesta segunda-feira, 11, em Curitiba - sede da Operação Lava Jato onde a Comissão Parlamentar de Inquérito se instalou para ouvir pelo menos 13 alvos da investigação sobre corrupção na estatal petrolífera.

Um grupo de parlamentares desembarcou na capital do Paraná para dois dias de interrogatórios. Cerveró é acusado de controlar a diretoria de Internacional, cota do PMDB no esquema de cartel e corrupção na Petrobras.

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O operador de propina do PMDB Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, também não vai falar.

"Vou recorrer ao direito de permanecer em silêncio atendendo às orientações dos meus advogados de defesa", afirmou Fernando Baiano.

Cerveró e Baiano são dois alvos centrais no susposto recebimento de propinas por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - referente a contratos de aluguel de sondas de perfuração em águas profundas.

O deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS) foi interrompido pelo advogado David Teixeira de Azevedo, que defende o operador de propina do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano.

"O senhor não me dirija a palavra. O senhor pode falar com o seu cliente, não com os parlamentares", advertiu Lorenzoni.

O criminalista interrompeu o deputado para que ele não "exortasse" a figura de Baiano em suas falas. O deputado alertou o investigado que uma delação premiada poderia dar a ele situação mais confortável do que a que ele se encontrava. Alguns parlamentares chegaram advertir o advogado que ele poderia ser preso por desacato.

Góes

Acusado de ser um dos 11 operadores de propina na Diretoria de Serviços - cota do PT no esquema de corrupção da Petrobras -, Mário Frederico Góes vai permanecer calado diante dos deputados da CPI.

Góes foi sócio em uma lavanderia e na compra de um jato do ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco. Ele é acusado de operar propina para sete empreiteiras do cartel alvo da Lava Jato: Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, MPE, OAS, Odebrecht, Setal e UTC.

Pelo menos R$ 39,7 milhões foram pagos por essas empresas para a firma de consultoria do lobista, entre 2008 e 2014, por supostos serviços de consultoria, a Riomarine Empreendimentos Marítimos. A empresa foi aberta em 1987 quando era presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena). Ele foi sócio de Barusco - um dos delatores da Lava Jato que recebeu US$ 97 milhões em propinas - a JPA Lavanderia Industrial Ltda, com sede no Rio, entre 2006 e dezembro de 2014, formalmente até 2009 e, depois, por meio da família.

Mesmo diante do silêncio do interrogado, os deputados da CPI da Petrobras, que ficarão em Curitiba - sede da Lava Jato - decidiram fazer perguntas ao alvo.

O PMDB manobrou nesta terça-feira, 14, na CPI da Petrobras para que a oitiva de Fernando Baiano, apontado como um dos operadores do partido no esquema de corrupção na estatal em investigação na Operação Lava Jato, seja ouvido em uma sessão fechada em Curitiba, onde está preso.

O formato difere do ocorrido com o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato Duque, que estava preso mas foi ouvido em sessão aberta na CPI. Isso depois de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter aberto uma exceção para em um ato da Mesa Diretora da Câmara que proíbe a oitiva de presos nas dependências da Casa. A regra foi suspensa por um dia por Cunha para que Duque prestasse depoimento. Na ocasião, a alegação foi que quando a convocação foi aprovada, o ex-diretor ainda estava solto. Havia expectativa de que no seu depoimento ele prejudicasse o PT, o que acabou não ocorrendo.

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Hoje, petistas pressionaram primeiro para que Baiano fosse ouvido também em Brasília, o que foi rejeitado. "Não podemos suspender o Ato da Mesa para ouvir um detento e não fazer o mesmo em relação a outro. São dois pesos e duas medidas", disse o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP).

Pressionado, o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), disse que pediria a Cunha que abrisse mais uma vez a exceção. Mas não deu garantias de que isso aconteceria. "Irei insistir com o presidente, mas não posso ser refém desse ato", justificou Motta. O peemedebista deixou a sessão dizendo não ter certeza se será possível abrir os depoimentos em Curitiba para o acompanhamento dos jornalistas. Petistas então começaram a pressionar para que a sessão fosse aberta à imprensa, o que ficou indefinido.

A Justiça Federal quebrou os sigilos telemático do e-mail do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, e bancário da concessionária AutoStar São Paulo Comercial e Importadora, que vendeu a Range Rover Evoque de R$ 220 mil, registrado em nome da mulher do ex-diretor de Internacioonal da Petrobras Nestor Cerveró. A força-tarefa da Operação Lava Jato acredita que o carro de luxo foi um "presente" dado ao ex-diretor como forma de ocultar propina.

Para o juiz federal Sérgio Moro - que conduz todas as ações da Lava Jato - "há provas de que a aquisição do veículo teria sido intermediada por Fernando Soares em benefício de Nestor Cerveró, com a participação da esposa deste, Patricia Anne Cunat Cerveró".

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Os investigadores passaram a focar o negócio de compra do Range Rover de Cerveró depois de descobrirem na quebra do sigilo fiscal do ex-diretor que ele era dono de um carro da mesma marca e modelo do que havia sido comprado pelo doleiro Alberto Youssef - peça chave da Lava Jato - para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em 2013.

Dois pontos comuns que levantaram suspeita foi que os dois Evoques foram adquiridos na mesma loja e os dois foram blindados e pagos em dinheiro. Os carros de luxo acabaram confiscados por determinação da Justiça Federal.

Ao aprofundar as apurações, a Polícia Federal descobriu que o carro registrado em nome da mulher de Cerveró foi negociado e pago em dinheiro vivo por Fernando Baiano, pelo que indicam as provas levantadas até agora.

"A nota fiscal encontra-se em nome da esposa de Nestor Cerveró, Patrícia Anne Cunat Cerveró. Entretanto, na proposta de compra é apontado o endereço eletrônico fsoares@hawkeyespar.com.br como contato para Patrícia."

O endereço eletrônico registrado no documento em nome da mulher de Cerveró é na verdade "de titularidade de Fernando Soares e da empresa dele, Hawk Eyes Administração de Bens Ltda", assinala a Procuradoria.

É essa conta de e-mail que os investigadores vão analisar, à partir da ordem de quebra do juiz federal Sérgio Moro. Além de dar elementos sobre os negócios da compra do Evoque, o material pode levar a Lava Jato a se deparar com provas sobre outros crimes que pairam como suspeita sobre o operador de propina do PMDB.

Fernando Baiano e Cerveró são acusados na Operação Lava Jato de serem braços do PMDB no esquema de corrupção e propina na estatal. Os dois estão presos em Curitiba, base da operação. Além de réus em processo sobre a compra de duas sondas de perfuração marítimas pela Petrobras, os alvos são investigados em inquéritos em andamento sobre outros crimes.

Cliente

Fernando Baiano era um cliente da Autostar. Antes da compra da Evoque registrada em nome da mulher de Cerveró, ele adquiriu outros dois modelos diferentes da marca, em 2011 e 2012, e um terceiro em 2014 - todos registrados em nome da Technis Tecnologia, outra empresa em seu nome.

Em diligência na loja que vendeu os carros dos ex-diretores, a PF chegou até a vendedora que atendeu o operador de propina do PMDB na compra dos carros. "Ouvida, a vendedora da AutoStar declarou que Fernando Soares é quem fez todo o contato com a AutoStar para a compra do veículo."

"A vendedora não teve qualquer contato com Patrícia Cerveró, o que demonstra que o veículo realmente foi adquirido por Fernando Soares em benefício de Patrícia e Nestor Cerveró", escreveu a Procuradoria.

Banco

A Autostar também forneceu à Lava Jato extrato bancário que revela que o veículo foi pago por depósito em dinheiro de R$ 220 mil, em nome de Patrícia Cerveró. Para o juiz Sérgio Moro, "a realização do pagamento do preço do veículo em espécie não é, por si só crime, mas transação de R$ 220 mil em espécie não é nada usual".

"A realização de elevada transação em espécie, sem aparente justificativa econômica, gera fundada suspeita de que o objetivo dela seria dificultar o rastreamento da origem do dinheiro, a real titularidade dos recursos, e acobertar pagamento de propina ou lavagem de dinheiro, suspeita essa reforçada pela participação de Fernando Soares na aquisição do veículo em questão, ele que é acusado pelo MPF exatamente como intermediador de propinas para Nestor Cerveró", registra o juiz.

A força-tarefa não está convencida de que foi a mulher do ex-diretor que fez o depósito. Apesar do registro estar em seu nome, o banco informou que houve estorno no primeiro depósito, por divergência de informações, e que a agência usada tradicionalmente faz atendimento à empresas.

Por conta dessas divergências, foi exigido do banco que sejam apresentados mais detalhes que possam levar à identificação de quem efetivamente compareceu ao banco, em 2012, para pagar o carro de Cerveró.

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelo inquérito da Operação Lava Jato na primeira instância, decretou nesta quarta-feira (25) nova ordem de prisão preventiva para o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

Baiano é apontado como um dos operadores do esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras e pagamento de propina a partidos e agentes políticos. Ele teve a primeira prisão preventiva decretada em 21 de novembro de 2014 e está preso na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

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“Surgiram mais provas a respeito dos crimes pelos quais Fernando foi denunciado, novas provas sobre outros crimes de que teria participado e ainda, em especial, prova de que ele teria intermediado o pagamento de propinas para obstruir o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI] de 2009 e 2010, evidenciando risco à investigação e à instrução”, informou Moro na decisão, que atende a pedido do Ministério Público Federal.

Conforme a decisão, a segunda ordem de prisão contra Baiano foi determinada a partir do levantamento do sigilo sobre o conteúdo dos depoimentos prestados no acordo de colaboração premiada celebrado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Segundo consta na decisão de Moro, o doleiro Alberto Youssef afirmou que em 2009 “houve uma situação de emergência relacionada à criação de uma CPI pelo PSDB, visando a investigar a Petrobras, sendo que, com o pagamento de cerca de R$ 10 milhões para os parlamentares Sergio Guerra, Eduardo da Fonte e Ciro Nogueira, a questão foi resolvida” e que Baiano participou “diretamente” da operação. O pagamento de propinas a parlamentares federais para obstruir a CPI também foi confirmada por Paulo Roberto Costa, conforme o juiz.

“No caso, há depoimentos no sentido de que foi paga propina a parlamentares federais para obstruir regular funcionamento da CPI da Petrobras de 2009 e 2010 e ainda que Fernando Soares, acusado pelo MPF de ser intermediador de propinas e profissional da lavagem, participou diretamente destes fatos, intermediando o pagamento da propina entre corrupto e corruptores”, escreveu Moro.

Ainda de acordo com o juiz, surgiram depoimentos indicando que Fernando Soares também intermediou propinas a diretores da Petrobras na aquisição pela da Refinaria de Pasadena. A compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, é investigada em inquérito que tramita na Justiça Federal do Rio de Janeiro. A suspeita é que o negócio foi superfaturado.

Ciro Nogueira (PP-PI), em nota, disse que a Procuradoria-Geral da República sequer instaurou inquérito, pois considerou as declarações contra o senador Ciro Nogueira “inconsistentes” e “sem fundamentos, o que ensejou o arquivamento dos fatos noticiados”.

Sergio Guerra, que presidia o PSDB à época do fato relatado por Youssef, morreu em 2014. O PSDB informou, em nota, que apoia todas as investigações em curso na Polícia Federal e no Ministério Público Federal.

O deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) disse que “não irá se pronunciar com relação a fatos que desconhece e que diga respeito a terceiros” e que “já se colocou à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos”.

O operador de propina do PMDB na Petrobras Fernando Soares, o Fernando Baiano, deu de presente a Range Rover Evoque para o ex-diretor de Internacional da estatal Nestor Cerveró. O carro de luxo custou R$ 220 mil e foi negociado e pago em dinheiro vivo pelo lobista. Os dois estão presos em Curitiba, base da Operação Lava Jato, e são réus por corrupção e lavagem de dinheiro na compra de duas sondas de perfuração marítimas da estatal.

Braço do PMDB no esquema de loteamento de diretorias da Petrobras, Cerveró é acusado de ter recebido US$ 30 milhões de propina.

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O presente de luxo foi comprado em 2012, na mesma loja em que o doleiro Alberto Youssef - alvo central da Operação Lava Jato - adquiriu um carro do mesmo modelo para o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, um ano depois. A Range Rover Evoque de Cerveró foi confiscada pela Justiça Federal.

Para o juiz federal Sérgio Moro - que conduz todas as ações da Lava Jato - "há provas de que a aquisição do veículo teria sido intermediada por Fernando Soares em benefício de Nestor Cerveró, com a participação da esposa deste, Patricia Anne Cunat Cervero".

Os dois carros de luxo dos ex-diretores foram adquiridos na mesma loja, a Autostar São Paulo. O Ministério Público Federal obteve na concessionária informações sobre a aquisição da Ranger de Cerveró, a nota fiscal emitida em 27 de julho de 2012 e a proposta de venda.

"A nota fiscal encontra-se em nome da esposa de Nestor Cerveró, Patrícia Anne Cunat Cerveró. Entretanto, na proposta de compra é apontado o endereço eletrônico fsoares@hawkeyespar.com.br como contato para Patrícia."

O endereço eletrônico registrado no documento em nome da mulher de Cerveró é na verdade "de titularidade de Fernando Soares e da empresa dele, Hawk Eyes Administração de Bens Ltda", assinala a Procuradoria.

"Ouvida, a vendedora da AutoStar declarou que Fernando Soares é quem fez todo o contato com a AutoStar para a compra do veículo."

A Autostar também forneceu ao MPF extrato bancário que revela que o veículo foi pago por depósito em dinheiro de R$ 220 mil".

"A realização do pagamento do preço do veículo em espécie não é, por si só crime, mas transação de R$ 220 mil em espécie não é nada usual. A realização de elevada transação em espécie, sem aparente justificativa econômica, gera fundada suspeita de que o objetivo dela seria dificultar o rastreamento da origem do dinheiro, a real titularidade dos recursos, e acobertar pagamento de propina ou lavagem de dinheiro, suspeita essa reforçada pela participação de Fernando Soares na aquisição do veículo em questão, ele que é acusado pelo MPF exatamente como intermediador de propinas para Nestor Cerveró", registra o juiz.

Denúncia

Cerveró e Baiano respondem ação penal na Lava Jato. O ex-diretor teria recebido vantagem indevida de milhões de dólares para favorecer a contratação, em 2006 e em 2007, da empresa Samsung Heavy Industries Co para fornecimento de navios sondas de perfuração de águas profundas. Fernando Antônio Falcão Soares teria atuado como intermediador da propina.

Os ministros da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) mantiveram a prisão preventiva do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. No início do mês, o ministro Teori Zavascki, relator dos casos relativos à Operação Lava Jato no Tribunal, negou o seguimento do habeas corpus de Baiano. Como a defesa recorreu contra a decisão, Zavascki encaminhou o pedido para análise da Turma nesta terça-feira, 24.

Apontado como elo do PMDB na arrecadação de propina no esquema envolvendo a Petrobras, Baiano está preso em Curitiba (PR) desde novembro do ano passado. Os advogados do lobista pediam que o caso fosse analisado pelo Supremo e a prisão preventiva revogada, com adoção de outras medidas cautelares restritivas - a exemplo do que foi autorizado ao ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.

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Zavascki apontou que não há situação de "manifesta ilegalidade" na prisão de Baiano e que, portanto, aplicou no caso súmula do STF que prevê que o tribunal não deve analisar caso que ainda tramita em outro tribunal superior. No caso, o habeas corpus do lobista foi negado em caráter liminar (provisório) pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas ainda resta o julgamento do mérito do recurso.

"A situação processual do paciente (Baiano) não comporta análise sumária. Ao contrário do verificado em relação a Renato Duque, a preventiva do paciente não está fundamentada apenas em presunção de fuga", apontou Teori. Ao confirmar a liberdade a Duque, a 2ª Turma do STF entendeu que a prisão preventiva era fundamentada apenas no risco de fuga do ex-diretor da estatal, o que não é admitido pela jurisprudência do Supremo.

Já no caso de Baiano, Zavascki sustentou que o decreto de prisão preventiva aponta a gravidade concreta do delito, com risco à ordem pública. O ministro apontou que Fernando Baiano "supostamente exercia papel importante no esquema de cartelização e fraude a contratos" na estatal.

Os ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia acompanharam o voto de Zavascki, para negar o seguimento do habeas corpus.

Ficou vencido o ministro Gilmar Mendes, que entendeu que o STF deveria analisar o caso. Mendes não se manifestou a favor da concessão do habeas corpus, mas no sentido de que a Turma julgasse o recurso de Baiano no lugar de negar a análise do caso. "Peço vênia para prover (o recurso) entendendo que devemos analisar nesses casos o próprio fundamento da prisão", disse Gilmar Mendes.

A Operação Lava Jato bloqueou, até o momento, R$ 118.857.513,66 de 16 pessoas e três empresas investigadas. Na lista, estão o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o empresário Fernando Soares, o 'Baiano', apontado como lobista do PMDB, e 10 executivos presos preventivamente na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), base da operação.

O bloqueio de valores dos alvos da Lava Jato foi decretado em novembro do ano passado pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações da operação. Na ocasião, Moro deflagrou a 7º fase da Lava Jato, operação Juízo Final, que mira o braço empresarial do esquema de corrupção na Petrobras.

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O juiz determinou o confisco de R$ 20 milhões de cada investigado. Nesta segunda-feira, 26, pouco mais de dois meses após a ordem de congelamento de ativos dos empreiteiros, a Polícia Federal juntou aos autos da Lava Jato um documento com os resultados da ordem de bloqueio.

O levantamento individual, que não contabiliza valores de contas no exterior, mostra que R$ 32.939.972,66 já foram transferidos para conta judicial. O restante - R$ 85.917.541,00 - ainda espera ter a transferência efetivada.

Segundo a lista, Duque já teve R$ 4,4 milhões bloqueados. Ele é suspeito de ser o elo do grupo de executivos acusados de integrarem o chamado "clube" da propina - que loteava obras da estatal corrompendo políticos e agentes públicos - para divisão dos contratos.

Apontado como lobista do PMDB, Fernando Baiano teve quantias bloqueadas de sua conta pessoal e de duas empresas de sua propriedade. A Hawk Eyes e a Technis tiveram 13.209.257,60 obstruídos pela Justiça.

O vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, foi o investigado que teve a maior quantia bloqueada: R$ 37.501.580,02. Até o momento, R$ 8.656.291,40 foram transferidos para conta judicial. Falta efetivar um total de R$ 28.845.288,62.

"Certifico que cumprindo determinação contida nos autos, providencio a juntada do levantamento dos bloqueios comunicados ao MM. Juízo, de forma individualizada, por investigado", afirma o .

Registro, por oportuno, que há informação de bloqueios de ativos (detalhamento na planilha), cujos saldos, porém, não foram ainda informados.

Em duas petições apresentadas à Justiça Federal do Paraná, a defesa do lobista Fernando Soares alega suspeição e incompetência do juiz federal Sérgio Moro para conduzir os processos da Lava Jato. Fernando Baiano, como também é conhecido, está na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde o final do ano passado. Ele foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef, delator do suposto esquema de corrupção na Petrobras, de operar o desvio de recursos nos contratos de obras em favor do PMDB. O acordo de delação de Youssef foi homologado no final de dezembro pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No primeiro documento entregue pelos advogados, o grupo cita seis motivos para basear o pedido de suspeição do juiz do Paraná. "É temerário submeter estes fatos ao conhecimento e sentenciamento do Juiz Titular da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba: seja porque interveio em delações, iniciando sua colheita; seja porque já externou juízo sobre prova ao homologar delações premiadas de corréus; seja porque tomou por legais termos de acordo violadores de direitos e garantias fundamentais dos colaboradores; seja porque usa a Operação Lava Jato - consciente ou inconscientemente - como realização de ideário pessoal externado em 2004 em artigo que constitui verdadeiro script persecutório; seja porque já pré-julgou, indeferindo, as hipóteses de absolvição sumária, fazendo juízo sobre culpa ao designar audiência para início de instrução; seja porque autodeclarou-se suspeito anteriormente para processar e julgar Alberto Youssef em razão da homologação de colaboração anterior, mudando inexplicável e radicalmente seu entendimento. Por tudo isso há de ser reconhecida a suspeição do Juiz Titular da 13ª", diz trecho da petição assinada pelos advogados Nelio Machado, David De Azevedo, João Neto e André Azevedo.

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Na segunda petição, o grupo de defensores alega também que não cabe à Justiça Federal do Paraná conduzir os processos referentes à Lava Jato. "Nenhum fato imputado desenvolveu-se no Paraná (...) assim, requer-se decline Vossa Excelência de sua competência para processamento e julgamento dos fatos cuidados na acusação penal, remetendo os autos à autoridade judiciária constitucionalmente competente", ressaltam os advogados.

No entendimento dos defensores de Fernando Baiano, caberia à Justiça Federal de São Paulo ou do Rio de Janeiro o julgamento dos processos. Os advogados consideram que o inquérito policial inicial, instaurado para apurar a relação do doleiro Alberto Youssef com o deputado federal José Janene, revelou que os fatos em apuração se passavam na cidade de São Paulo.

Além disso, afirmam que a Petrobras, alvos dos desvios bilionários, tem sede no Rio de Janeiro. "Portanto, sob qualquer ótica, forçosa a declinação da competência para a Justiça Federal de São Paulo ou para a Justiça Estadual do Rio de Janeiro, localidade em que sediada a Petrobras, notadamente o gabinete da diretoria da área internacional da empresa, onde teriam sido realizadas reuniões para contratação dos indigitados navios sonda".

Os advogados também apresentaram a resposta à acusação feita contra Fernando Baiano à Justiça Federal do Paraná. Nela, eles pedem a anulação dos acordos de delações premiadas feitos até o momento no âmbito da Lava Jato.

"Os instrumentos de delação premiada que empolgam e muito tisnam a denominada operação Lava Jato são da mais marcada ilegalidade, da forma ao conteúdo, de sua letra, de suas sentenças e parágrafos à estruturação de suas cláusulas. Os decretos de prisão, tão genéricos quanto se apresentam, fazem supor o propósito de encaminhar forçadamente os investigados à confissão dos delitos e à delação de terceiros, instalando uma espécie de terror penal", afirma a defesa de Fernando Soares.

A Andrade Gutierrez publica comunicado nesta segunda-feira (26) nos jornais a respeito de notícias veiculadas na imprensa envolvendo o executivo Otavio Azevedo com o esquema de corrupção na Petrobras. Segundo a empresa, desde o seu ingresso na Andrade Gutierrez o executivo atuou na área de telecomunicações e mais tarde assumiu a presidência do grupo de infraestrutura, do qual faz parte a construtora. "Dessa forma é importante esclarecer que o executivo não exerceu nem exerce atualmente cargo na Construtora Andrade Gutierrez", afirma.

A companhia destaca ainda que a relação entre Azevedo e Fernando Soares ou Fernando Baiano, como é conhecido, envolvido no escândalo da Petrobras, se deu exclusivamente na venda de uma lancha - bem que encontrava-se à venda e teve Fernando como interessado. A empresa afirma que a transação foi devidamente registrada nos órgãos competentes e seus valores recebidos e declarados à Receita Federal, assim como registrada a transferência na Capitania dos Portos apenas após a efetivação do pagamento integral da lancha.

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"Antes mesmo que o assunto fosse divulgado pela imprensa e que Fernando Soares prestasse depoimento à PF, a informação sobre essa transação comercial tinha sido informada à Polícia Federal pelo próprio Otavio Azevedo", diz. Segundo a empresa, essa foi a única transação comercial realizada entre os dois não existindo mais nenhum "negócio em comum" como foi divulgado pela imprensa, com base no depoimento de Paulo Roberto Costa", afirma.

A empresa esclarece ainda que Fernando Soares manteve sim diversos contatos comerciais com a Construtora Andrade Gutierrez, sempre representando grupos de infraestrutura internacionais, com a intenção de realizar projetos em conjunto. Segundo a companhia, esses contatos já foram confirmados pela empresa no passado. "No entanto, nenhum projeto chegou a ser devidamente efetivado, mas foram sim estudados por ambas as partes", afirma.

A companhia diz ainda que causa estranheza o teor e as circunstâncias das informações nas quais a Andrade Gutierrez e seus executivos têm aparecido nos depoimentos seletivamente vazados para a imprensa nos últimos meses e destaca que em todos os contextos nunca há uma acusação direta. A empresa destaca que são sempre declarações que iniciam com expressões do tipo "ouvi dizer"; "acredito que seja"; "alguém comentou"; "era sabido por outros".

"Diante desse cenário, repudiamos veementemente a tentativa de - apenas por meio de ilações - nos envolver nos fatos hoje investigados pela Operação Lava Jato. A insistência em nos envolver nos fatos em tais atos parece ser fruto de uma necessidade de nos incluir na lista do cartel, independente da existência de culpa e, menos ainda, de provas", afirma.

A empresa lembra que em depoimentos de Alberto Youssef e Fernando Soares, já vazados à imprensa, o primeiro deixa claro que não tratava de nenhuma assunto com a Andrade Gutierrez e seus executivos e o segundo declarou que manteve contato comercial com a empresa (fato já confirmado pela AG), mas que nunca intermediou pagamento de valores da AG para o referido esquema de favorecimento a partidos políticos.

Por último, a Andrade Gutierrez reitera que a empresa e seus executivos nunca participaram de nenhum esquema de favorecimento envolvendo partidos políticos e a Petrobras. "O contratos em que a Construtora AG figura como parte foram conseguidos com estrita observância das regras e legislação aplicável", diz no comunicado.

Em depoimento prestado à Polícia Federal em setembro de 2014, após firmar o acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras afirmou que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, operava para o PMDB na cobrança de propinas na estatal, mas também tinha boa circulação entre todos os partidos, incluindo o PT. Segundo o delator, o lobista frequentava Brasília "com regularidade" e era muito próximo do empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Questionado sobre o lobista, o ex-diretor afirmou que "Fernando Baiano era uma pessoa muito bem articulada, tendo muitos contatos no mundo político e empresarial". Em outro momento, ele afirma que "muito embora Fernando Soares fosse operador do PMDB, tinha uma boa circulação entre todos os partidos, por exemplo, seu amigo José Carlos Bumlai, era uma pessoa muito próxima do PT".

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Amigo pessoal do ex-presidente, de quem é anfitrião frequentemente em sua fazenda em Mato Grosso do Sul, Bumlai é um dos maiores pecuaristas do País e já teve seu nome citado em outros escândalos envolvendo o PT. Além dele, outro conhecido empresário brasileiro era "muito próximo" de Baiano, segundo Costa: Eike Batista.

"Além de sua atividade de lobista, sabe que Fernando representou no Brasil uma empresa espanhola chamada Acciona, que construiu parte do porto de Eike Batista em São João da Barra (RJ)". O ex-diretor diz não se recordar se esta empresa firmou contratos com a Petrobras.

'Muito rico'

 

Além dos contatos e da boa relação com o mundo político, Paulo Roberto Costa afirma que não sabe de nenhuma atividade empresarial de Baiano além de sua atuação como lobista, e que ele era "muito rico": "sabendo que tem uma cobertura de 1.200 metros quadrados de frente para o mar na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no condomínio Atlântico Sul; que sabe que Fernando também tem casa nos Estados Unidos, também casa em Trancoso (BA), também em Angra dos Reis (RJ), assim como lancha na mesma localidade, além de ativos no exterior".

O ex-diretor da Petrobras cita ainda uma academia de ginástica na Barra da Tijuca e diz que "acredita que tais bens não estejam em nome de Fernando Soares, pois o mesmo não teria como comprovar a origem dos recursos usados para adquirir todos estes bens". Costa diz acreditar que estas propriedades estejam em nome de offshores do lobista.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Francisco Falcão, negou nesta terça-feira, 30, o pedido de liminar em habeas corpus apresentado na semana passada pela defesa do empresário Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, que solicitava a sua soltura. O STJ informa que o ministro entendeu que a gravidade da conduta investigada justifica a manutenção da prisão preventiva.

"Verifica-se que a decisão impugnada demonstrou a materialidade do crime e a presença de indícios suficientes de autoria, bem como a necessidade da custódia cautelar para a garantia da ordem pública, considerando-se, sobretudo, a especial gravidade da conduta, revelada pelo modus operandi do delito", afirma a decisão de Falcão. O presidente do STJ havia solicitado mais documentos à defesa de Soares para melhor instruir os autos do habeas corpus para então apresentar a sua decisão sobre a liminar.

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O pedido de liberdade do empresário Fernando Soares foi apresentado na última sexta-feira, 26, juntamente com dois executivos da construtora OAS (José Aldemário Pinheiro Filho, presidente; e Mateus Coutinho de Sá Oliveira, diretor financeiro) que também tiveram suas liminares negadas. Eles foram presos por ordem do juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba em decorrência das investigações da denominada Operação Lava Jato, deflagrada em março pela Polícia Federal para reprimir um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Os habeas corpus apresentados ainda terão seus méritos julgados pelo Superior Tribunal de Justiça. As datas, entretanto, ainda serão definidas.

José Aldemário e Mateus Oliveira são acusados de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e formação de quadrilha. Fernando Soares foi indiciado por participação em organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

A Justiça Federal aceitou nesta quarta-feira (17) denúncia contra o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e mais três pessoas por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. O ex-diretor responderá a ação penal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Também são alvos da ação o lobista do PMDB Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O doleiro Alberto Youssef responderá por lavagem de dinheiro. Camargo e Youssef fizeram acordo de delação premiada e têm colaborado com as investigações. Os dois são réus nas outras ações ajuizadas.

A ação é a sexta e última a ser aberta pela Justiça Federal, a partir de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) apresentadas desde a semana passada, o que eleva o número de réus da Operação Lava Jato para 38. A maioria é de executivos de empreiteiras.

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Conforme denúncia do MPF, o ex-diretor Cerveró e Falcão receberam propina de US$ 15 milhões para viabilizar contratos de um navio sonda para a Petrobras. Os pagamentos teriam sido feitos por Camargo, representante da empresa contratada, a Fernando Falcão, que atuaria diretamente na Diretoria Internacional, na época dos fatos comandada por Cerveró.

"No presente caso, reuniu o MPF um número significativo de documentos que amparam as afirmações constantes nas denúncias, especialmente o envolvimento direto de Nestor Cerveró nas contratações dos navios-sondas e as dezenas de transações financeiras relatadas pelo criminoso colaborador e que representariam atos de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro", escreveu o juiz Sérgio Moro em seu despacho.

"Relativamente às transferências realizadas com as contas no exterior, consta da denúncia que o criminoso colaborador procedeu à entrega ao MPF dos extratos respectivos que demonstram as transações que teriam sido efetuadas para contas beneficiárias indicadas por Fernando Soares", acrescentou Moro.

O juiz destacou que há possíveis pagamentos de vantagens indevidas a autoridades com foro privilegiado, não incluídos na denúncia. "Não obstante, quanto a estes fatos, tanto o crime de corrupção ativa, quanto o crime de corrupção passiva, são da competência do Supremo Tribunal Federal", explicou, dizendo que todos os elementos probatórios colhidos, especialmente em delações premiadas, foram enviados à corte. "A denúncia ora oferecida não toca, nem minimamente, nesses fatos de competência do Supremo Tribunal Federal."

O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que seu cliente refuta veementemente as acusações contidas na denúncia. Segundo ele, os elementos colhidos pelo MPF não são suficientes para provar que o ex-diretor recebeu pagamentos indevidos. "Não passa de ilação do Ministério Público", afirmou. Ribeiro disse que vai questionar nos tribunais superiores a competência da Justiça Federal do Paraná para julgar o caso, uma vez que os crimes alegados teriam ocorrido no Rio de Janeiro, onde fica a sede da Petrobras.

O advogado de Fernando Falcão Soares, Mário de Oliveira Filho, não atendeu às ligações da reportagem que também não localizou os defensores de Youssef e de Camargo.

Fernando Baiano disse à Polícia Federal que começou a fazer negócios com a Petrobrás no governo Fernando Henrique Cardoso. "Por volta do ano de 2000, ainda durante a gestão Fernando Henrique, celebrou um contrato com uma empresa espanhola, de nome Union Fenosa, visando a gestão de manutenção de termelétricas", escreveu a PF ao reproduzir as declarações de Baiano. Segundo o operador, a empresa acabou sendo contratada.

O homem apontado como operador do PMDB afirmou que quando intermediou seu primeiro contrato com a Petrobrás, no governo FHC, o País vivia "o apagão da energia" e a estatal buscava parceiros internacionais "na área de produção de energia e gás". Segundo ele, técnicos brasileiros foram à Espanha na época para conhecer a tecnologia da empresa que ele representava.

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A PF suspeita que o reduto de ação de Fernando Baiano na Petrobrás era a área Internacional, que foi comandada por Nestor Cerveró. Ele disse que conheceu Cerveró "ainda no governo Fernando Henrique". Na ocasião, segundo ele, Cerveró era gerente da Petrobrás.

Declarou que "soube recentemente" que Cerveró foi uma "indicação política" do PMDB, mas que achava que o ex-diretor de Internacional "sempre fosse vinculado ao PT". Fernando Baiano disse que "soube que o diretor que assumiu o cargo no lugar de Cerveró era indicação do PMDB".

Ele declarou que recebeu o doleiro Alberto Youssef no Rio de Janeiro "a pedido" do então diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. O encontro, segundo Fernando Baiano, ocorreu "logo após a morte do deputado José Janene".

Sobre o doleiro Alberto Youssef - alvo central da Operação Lava Jato - Fernando Baiano disse que ele lhe pediu que "fizesse doações para campanhas políticas".

O doleiro, segundo Fernando Baiano, teria sugerido que "alguma empresa" por ele representada também fizesse doações. O operador do PMDB negou que tivesse repassado valores para Youssef. A reportagem tentou contato com o Instituto Fernando Henrique Cardoso às 18h41 de ontem, mas não houve resposta. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O empresário Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", deve prestar depoimento nesta sexta-feira (21) na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde está preso. Ele se entregou à PF na terça-feira (18) depois de ser considerado foragido.

Em depoimento de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef disse que o investigado arrecadava propina para o PMDB,  por meio de contratos com a Petrobras. O advogado dele, Márcio Oliveira Filho, confirmou que o empresário tinha negócios lícitos com a Petrobras, mas negou que ele tenha qualquer ligação do partido. Em nota, a legenda repudiou a acusação.

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Em relatório enviado quarta-feira (19) pelo Banco Central ao juiz federal Sérgio Moro, a instituição informou que foram bloqueados R$ 8,5 mil na conta do empresário no Citibank, e R$ 304 em outra conta, no Santander. Em entrevista na quarta-feira, o advogado Mário Oliveira Filho , disse que Fernando Soares faz  "prospecção de negócios". O representante do empresário disse ainda que não há obra sem propina no país.

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