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Em um navio militar francês perto da costa do Egito, palestinos feridos recebem atenção médica, algo que se tornou inalcançável na sitiada Faixa de Gaza depois de meses de guerra.

Sentado em uma cadeira de rodas, Abdulrahman Iyad torce as mãos no colo, apoiando-as suavemente perto dos pregos que se projetam de suas coxas. No celular, ele vê fotos de sua família, todos mortos em uma explosão que destruiu seu rosto.

"Saí voando e bati na parede da casa do nosso vizinho. Minha perna ficou presa debaixo de um telhado que desabou", contou Iyad à AFP no porta-helicópteros francês "Dixmude", convertido em hospital para cuidar de civis palestinos feridos.

"Quando acordei no hospital, meus tios me disseram que tinham me visitado, mas eu não me lembrava de nada", disse ele.

A casa de Iyad, assim como grande parte do território palestino onde Israel enfrenta o movimento islamista Hamas desde o início de outubro, foi transformada em escombros.

A guerra começou em 7 de outubro, quando os combatentes do Hamas lançaram um ataque sem precedentes contra Israel. O ataque deixou 1.140 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses. Entre os mortos, estão mais de 300 soldados.

Israel respondeu com uma ofensiva militar que deixou pelo menos 25.295 mortos em Gaza, a grande maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

As missões de busca e resgate se tornaram quase impossíveis no território, deixando milhares de pessoas presas e talvez mortas sob os escombros, segundo os médicos.

O sistema de saúde está quase completamente em colapso, com os hospitais sobrecarregados e os médicos forçados a cuidar de um número crescente de vítimas com cada vez menos recursos.

- Choque -

O navio francês começou a atender pacientes em novembro, perto da costa do porto de El-Arish, 50 km a oeste da fronteira do Egito com Gaza. No convés do navio, um grupo de pacientes e seus familiares se reúnem em torno de uma mesa, jogando cartas.

Entre eles estava Nesma Abu Gayad, uma palestina gravemente ferida quando sua casa foi bombardeada.

"Fui tratada em alguns hospitais de Gaza antes de chegar ao Egito", disse ela à AFP, que perdeu o pé esquerdo.

"O próximo passo será uma prótese, mas preciso de uma referência e de viajar para o exterior para recebê-la", explicou.

Marine, uma médica francesa do "Dixmude" que forneceu apenas seu primeiro nome, disse que o navio recebeu apenas 120 pacientes, todos casos graves que exigiram longos períodos de internação.

Trata-se de uma pequena minoria entre as mais de 62.000 pessoas feridas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território.

Salle, outra médica francesa a bordo do "Dixmue", ficou chocada com os ferimentos que diz ter encontrado.

"Sou militar, de modo que trato dos ferimentos de guerra dos nossos soldados franceses e aliados. Mas o que me chocou foi encontrá-los em civis", afirmou.

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