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O presidente boliviano Evo Morales denunciou nesta quarta-feira que um "golpe de Estado" promovido pelos setores de direita está em andamento e disse que executará medidas para defender a democracia, no momento em que os resultados das eleições confirmarem sua vitória.

"Um golpe de Estado está em andamento. Quero que o povo boliviano saiba que até agora humildemente sofremos para evitar a violência e não entramos em confronto", disse o presidente em comunicado à imprensa.

Além disso, Morales declarou ter certeza de que vencerá o pleito no primeiro turno. "Estou quase certo de que, com os votos nas áreas rurais, venceremos no primeiro turno", disse o atual presidente que busca seu quarto mandato consecutivo.

Morales apareceu diante da mídia pela primeira vez desde as eleições de domingo e fez declarações no momento em que se inicia uma greve nacional que pede um segundo turno com o adversário Carlos Mesa.

Na terça-feira, centenas de opositores enfrentaram a polícia no centro de La Paz, perto da sede do OEP, aos gritos de "fraude".

Morales registrava na quarta-feira 46,4% dos votos, contra 37,07% de Mesa, após a apuração de 95% dos votos válidos, uma leve queda na vantagem do chefe de Estado.

De acordo com os resultados das eleições presidenciais de domingo, publicados pelo site do Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) da Bolívia, Morales, que tenta o quarto mandato, foi o candidato mais votado.

A Constituição boliviana estipula que um candidato a presidente consegue a eleição no primeiro turno se conquistar 50% mais um dos votos ou se superar a barreira de 40% e registrar 10 pontos de vantagem para o segundo colocado.

No momento, a vantagem de Morales para Mesa é inferior a 10%, o que significa que deve ser realizado um segundo turno.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou que há em Brasília uma tentativa de golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff, segundo entrevista publicada ontem no jornal argentino Página 12. "É um golpe parlamentar sendo amadurecido. Já houve um golpe no Congresso do Paraguai e, agora, está passando no Brasil", disse Morales ao recordar da destituição do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, em 2012, então substituído por seu vice, o liberal Federico Franco. O presidente boliviano participou da cerimônia de posse de Mauricio Macri na presidência da Argentina, onde vários chefes de Estado da América Latina estiveram ontem reunidos.

Morales mencionou ainda, na entrevista, a União das Nações Sul-americanas (Unasur) enquanto instância para debate de práticas que porventura questionem as regras democráticas na região. "Na Unasur temos uma cláusula em temas democráticos, por isso respeitamos o presidente que ganha e nos colocamos a trabalhar em conjunto. Pode haver diferenças ideológicas ou programáticas, mas cada país tem sua particularidade", afirmou.

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Solidariedade

Na cerimônia, a presidente Dilma recebeu manifestações de solidariedade dos demais vizinhos. Conforme relatos de assessores presidenciais, ao término da programação na Casa Rosada, sede do governo argentino, Dilma se integrou a uma roda da qual também faziam parte os presidentes Morales (Bolívia), Michelle Bachelet (Chile), Ollanta Humala (Peru), Horácio Cartes (Paraguai ), Rafael Correa (Equador) e Juan Manuel Santos (Colômbia). "Todos sem exceção", nas palavras de um assessor, manifestaram de alguma forma solidariedade ou apoio em relação ao impeachment. Alguns deles, entre os quais Morales, teriam se oferecido para manifestar publicamente repúdio ao pedido de afastamento de Dilma. A presidente agradeceu, mas recusou.

Segundo fontes do Palácio do Planalto, o governo já identificou, em conversas com representantes diplomáticos em Brasília, forte apreensão nos países vizinhos em relação aos desdobramentos da crise política no Brasil. O maior motivo de preocupação é quanto à possibilidade de que o prolongamento da crise política no Brasil imobilize o governo e gere impacto nas economias vizinhas.

Macri interrompe 12 anos seguidos de kirchnerismo, movimento de centro-esquerda criado no seio do peronismo por Cristina (2007-2015) e seu marido e antecessor, Néstor Kirchner (2003-2007). O período se caracterizou por um forte intervenção estatal na economia e a implementação de programas sociais./ RICARDO GALHARDO, ENVIADO ESPECIAL, BUENOS AIRES

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