Diego Rocha

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Cultura Nerd

Perfil: Publicitário de formação, mestre em Design, entusiasta da Estética. Professor universitário, fashion-geek, zen-gamer e aficcionado por séries de tv, quadrinhos e cinema de ficção.

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Sobre Quadrinhos

Diego Rocha, | ter, 28/10/2014 - 08:00
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Os quadrinhos (tirinhas, comics, gibis, revistinhas, ou como quiser chamar) são um tipo de produção cultural que se encaixa no que chamamos de "arte sequencial", que é uma categoria de representação artística em que uma sucessão de quadros é utilizada para contar uma história, ilustrando cena a cena ou partes de uma mesma cena. Esse tipo de arte foi usada desde a idade média na arte sacra e ainda existem exemplos hoje inclusive da via crucis, onde cada quadro representava uma das estações de Cristo rumo à crucificação.

Mas, voltando a falar de quadrinhos, eles existem desde a virada do século 19 para o século 20, primeiramente em jornais e depois foram ganhando variações de forma, foram sendo influenciados pelas escolas de arte, por movimentos políticos, até chegar a tudo o que vemos hoje... Vamos tentar caracterizar alguns dos tipos de quadrinhos que vemos por aí:

1) Tirinhas de Jornal

Um dos primeiros formatos do que reconhecemos como quadrinhos foi aquele utilizado em jornais, inicialmente nos Estados Unidos e posteriormente se expandindo como uma prática usual em jornais de várias partes do mundo. Atreladas aos segmentos do entretenimento e dos suplementos culturais, ainda hoje servem de atração e conteúdo junto a horóscopos, programações de cinema e de tv, palavras-cruzadas, etc.

No Brasil também temos grandes cartunistas, como Laerte, criador da tirinha "Overman" (essa aí em cima), entre vários outros e que não ficam a dever em nada às tirinhas lá de fora. 

2) Quadrinhos Infantis

Consideradas pelos pedagogos como uma ferramenta de estímulo ao letramento infantil, os quadrinhos atraem as crianças despertando o seu interesse através das imagens onde o texto seria apenas o complemento, mas criando-lhes a prática textual por consequência.

Um dos maiores exemplos nacionais é a criação de Maurício de Souza ao imortalizar uma homenagem à sua filha (Mônica) fazendo dela personagem de suas histórias em quadrinhos. Durante décadas, aquela Mônica dentuça, gordinha, determinada e forte representou a cara da infância de tantos brasileiros. Fora do Brasil, muitos personagens também imortalizados nos quadrinhos ganharam notoriedade nas telinhas e telonas. Essas mídias superam em tanto a visibilidade dos quadrinhos que muitos nem sequer sabem de sua existência.

Os personagens Disney, por exemplo, conquistaram muito do seu espaço em tirinhas de jornal e em suas revistas ao longo de anos. Mickey Mouse e Minie, o Pato Donald com a Margarida e os sobrinhos (Huguinho, Zezinho e Luizinho como foram aqui batizados) dentre vários outros... até mesmo o Zé Carioca, o papagaio brasileiro descolado e farrista que representava a maneira como os gringos pensavam nagente aqui... uma visão bem equivocada do nosso país e do nosso povo se perguntar pra mim!

3) Quadrinhos de Ação

Uma categoria de quadrinhos que representa uma etapa no amadurecimento do público, são os quadrinhos de ação, categoria na qual se encaixam os super-heróis. Mas, por que amadurecimento? Primeiramente, essas histórias tratam de assuntos de um universo menos infantil... referem-se a aventuras, lutas, muita porrada e grandes feitos!

A ideia de lutas, de rebeldia, de expansão é um tipo de energia comum durante o crescimento humano, principalmente percebido durante a adolescência. Os quadrinhos (assim como todas as mídias) também são capazes de ensinar algo, e por isso também assumem parte da responsabilidade de criar nesses jovens "em formação" noções de grupo, de certo e de errado, de família, etc...

4) Quadrinhos Adultos

E o que podemos chamar de quadrinhos "adultos" seriam registros em quadrinhos de histórias cujas temáticas se referem a assuntos de universos eminentemente adultos, ou da maturidade. Para muitos essa é uma ideia paradoxal, pois pessoas "adultas" não teriam interesse em formatos de quadrinhos, sendo esses formatos pertencentes ao universo juvenil. Seja como for, fato é que existem quadrinhos que exploram esse lado da humanidade...

As temáticas exploradas por esse tipo de quadrinho se encaixam em níveis reflexivos e muitas vezes introspectivos das pessoas... reflexões sobre a origem da violência, das paixões enquanto forças que movem o ser humano, sobre o que significa ser uma pessoa... O mais natural para um quadrinho como esse é que um leitor de outros tipos de quadrinho quando jovem se torne um leitor dessas histórias quando mais velho... é muito difícil alguém começar a ler quadrinho desse tipo... mas nada é impossível nessa vida, não é?

É claro que nada impede que um quadrinho se encaixe em mais de uma categoria... por exemplo, um conteúdo inerentemente adulto pode ser encontrado em uma tirinha... como no "clássico" nacional Rê Bordosa... uma representante do "junkie livestyle" sobrevivendo entre drogas e bitucas de cigarros, passando seus dias em uma banheira decadente e suas noites nos piores bares da cidade... digamos que não seria um material muito apropriado para crianças!

E caso você esteja se perguntando, aquela imagem lá em cima é de uma das revistas de maior sucesso entre o público juvenil e jovens adultos no Brasil, sendo publicado desde 1971, tendo mudado de editora algumas vezes, sendo encerrado e retomado, passando por coletâneas e compilações, mas sempre encontrando público saudosista e novos leitores. Suas histórias se passavam no cenário do "oeste selvagem" dos Estados Unidos, seu personagem principal, Tex Willer, era um cowboy que se tornou um justiceiro fora da lei depois que matou os assassinos de seu pai (que foi morto por ladrões de gado). Toda essa história é pregressa aos quadrinhos, sendo que suas aventuras já se iniciam como foragido da polícia.

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