Magno Martins

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Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

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Ao iluminado Moreno

Magno Martins, | qui, 15/06/2017 - 11:00
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Quando aportei em Brasília na efervescência na campanha das diretas em 84, já estava familiarizado com Jorge Bastos Moreno, o Moreno, de O Globo, que Deus o chamou, ontem. O conhecia de fama, pelos seus furos políticos. Nunca o tinha visto frente a frente, embora sua celebridade corresse solta. Moreno estava em todo lugar: nas conversas de jornalistas repercutindo seus petardos, nas queixas de políticos corruptos detonados pela sua pena mortal, na pauta da Câmara e do Senado, que abriam os debates do dia muitas vezes em cima de temas trazidos por ele à luz do dia e na penumbra da noite.

Quando o vi, pela primeira vez, no Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados, tomei um susto: Moreno não era apenas grande na acepção jornalística. Seu físico, quase beirando a obesidade, também chamava atenção. Fiquei pensando: como um jornalista tão gordo consegue tamanha mobilidade para furar todo mundo? Moreno também era negro e negro, num País racista como o Brasil, é alvo de achaques e de preconceitos.

Mas Joel Silveira, um dos mestres da mídia brasileira, dizia que jornalista não é aquele que toca na banda, é o que vê a banda passar. Moreno era assim. Mais do que isso, respirava notícia 24 horas por dia, vibrava não apenas com os seus furos, com as suas sacadas, a sua fina ironia, mas também com a dos seus colegas. Fez uma legião de amigos e admiradores, que frequentavam a sua casa no Lago Sul de Brasília para provar dos seus quitutes – era um bom cozinheiro – e da sua boa prosa.

Estive lá por várias vezes, umas convidado por ele, outras acompanhando políticos, como o deputado Jarbas Vasconcelos, um dos seus amigos mais fiéis e devotados, unidos por laços de mais de 40 anos de confissões e trocas de segredos recíprocos. Jornalista é como vinho, a capacidade se mede pelo tempo. Quanto mais maduro, mais prazer Moreno dava aos que buscavam se deleitar nos seus textos. Era um contador de histórias excepcional, de fatos da política e da vida.

Era da sua própria natureza apontar o que estava errado para ser corrigido. Mostrar o que estava ruim para ser melhorado. Denunciar os que corrompem para que sejam punidos. Seu olhar sempre apurado, sua capacidade de obter a informação exclusiva, o furo, aliados à sua fina escrita e a uma incrível capacidade de tratar o tema político com leveza.

Moreno era o jornalista que todo jornalista sonha em ser. Produziu momentos de incomparável brilho jornalístico ao longo de sua carreira. Sua paixão pelo Jornalismo e seu espírito sempre jovem o levaram, de maneira natural, a aproveitar todas as oportunidades trazidas pelas recentes mudanças tecnológicas. Foi um príncipe do jornalismo. Era uma das pessoas que mais admirava e sentirei falta do seu pensamento, da sua escrita e da luminosidade.

Todo jornalista tem o seu estilo. Moreno era detentor de um estilo inconfundível, de uma ironia britânica, com um texto moderno, que sempre soube atualizar ao longo do tempo. Tinha acesso direto aos líderes de todos os partidos e tendências — até aos

presidentes da República, que o atendiam com agrado e respeito. Era um homem do bem, que sabia ferir sem ofender.

A CAUSA DA MORTE – O jornalista Jorge Bastos Moreno morreu na madrugada de ontem, no Rio de Janeiro, onde havia regressado há dez anos depois de muito tempo morando em Brasília. Ele foi vítima de um edema agudo de pulmão devido a complicações cardiovasculares. Vencedor de prêmio Esso, Moreno estava na profissão há mais de 40 anos e atuava na cobertura política. No jornal O Globo mantinha o "Blog do Moreno". Em março, lançou o livro "Ascensão e queda de Dilma Rousseff", com base em mensagens de Twitter. Também é autor do livro "A história de Mora - a saga de Ulysses Guimarães", de 2013.

A homenagem de Jarbas – De Jarbas Vasconcelos sobre Moreno: “O Brasil perde um grande jornalista e eu perco um grande amigo. Um amigo que conheci em Brasília recém-chegado de Cuiabá. Moreno fará muita falta, tanto pelo seu trabalho como profissional da comunicação como pela figura humana extraordinária que ele era. Ele tinha uma característica muito forte e rara de conseguir unir muita gente diferente, de pensamentos contrários inclusive. Fazia isso com maestria não só entre o meio político que ele circulava, mas em todos os ambientes e setores por onde passava. Diante do cenário que estamos vivendo, seu trabalho e sua forma correta e ética de conduzir as coisas farão uma falta imensa”.

O recuou do STF – Após encontro com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), mudou de tom e afirmou, ontem, que a decisão de afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) está sendo cumprida pelo Congresso. "Ele (Eunício) apresentou quadro revelador do cumprimento da decisão. O senador (Aécio) foi suspenso das funções legislativas, agora precisamos aguardar com serenidade. As instituições estão funcionando como convém e há independência e harmonia entre o Poder Legislativo e o Judiciário", disse.

Milho mais barato – Produtores rurais de Petrolina e região terão oito mil toneladas de milho subsidiado pela Conab até o final deste ano. Um dos responsáveis pela garantia do produto é o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB). Segundo ele, a saca de 60 quilos será vendida nos balcões da Conab ao preço R$ 35,00. “Isso representa alívio e esperança aos criadores do Sertão, que enfrentam mais de seis anos de prolongada e rigorosa seca”, disse o senador. Da Tribuna, Fernando Bezerra também ressaltou a chegada, ontem, de 2,3 mil toneladas do milho subsidiado ao Polo da Conab no Porto de Petrolina.

O cascudo de Maciel em Marília Mendonça – Em defesa do autêntico forró pé de serra, o cantor Maciel Melo foi muito feliz, ontem, num artigo postado neste blog quando afirmou: “Essa juventude que abre as malas de seus carros com seus equipamentos de sons superpotentes, espalhando músicas de péssima qualidade, vai gerar em breve um vereador, um prefeito, um deputado, um governador.

Consequentemente, irá trazer para os seus redutos as atrações que representem seu gosto musical e não a verdade de seu povo. O problema está na educação, na falta de orgulho por parte de nossa gente. Não vou desistir. A cada dia que passa, vou aprimorando mais o que aprendi com o rei do baião Luiz Gonzaga. A cada dia que passa, vou ficando mais criterioso com a minha música e com a música brasileira. Devolvam o nosso São João, por favor! Não apaguem a fogueira que ainda teima em permanecer acesa no interior de alguns sertanejos. Música sertaneja, para mim, é outra coisa, não isso que a Marília Mendonça faz. Viva Elba Ramalho, viva Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, viva a música brasileira! O buraco é mais embaixo, viu Dona Marília?”

CURTAS

ARCOVERDE – A Prefeitura de Arcoverde decidiu fazer alterações para melhorar os festejos juninos criando o Polo Estação da Cultura, nos dias 17, 18, 23, 24 e 25 próximos, na antiga Estação Ferroviária, no Centro. Durante a manhã haverá oficinas e workshops e, à tarde, espetáculos teatrais e autos dos bois e ursos. Todas as oficinas e apresentações serão gratuitas e começam no sábado, dia 17, a partir das 9h da manhã com oficina de Mobilidade em Perna de Pau, que vai ser ministrada pela Tropa do Balacubaco.

HEMOBRÁS – O deputado Romário Dias (PSD) criticou, ontem, a Hemobrás. Para ele, a sua construção, em Goiana, foi estrategicamente bem feita, mas apesar do enorme investimento na obra, não foi dado o prosseguimento necessário para se concluir o mecanismo para que ela servisse à população. “Pernambuco ainda precisa enviar para a França os produtos elaborados lá. Dá-me até vergonha de saber disso e dizer que a fábrica de hemoderivados fica aqui no Estado”, desabafou.

Perguntar não ofende: Nem sob tortura, Eduardo Cunha vai confirmar que houve tentativa da compra do seu silêncio?

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