Árvores e eleitores

Adriano Oliveira, | qua, 11/01/2012 - 09:54
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O senso comum é algo presente na opinião dos atores políticos. Um exemplo clássico do senso comum é o fato de que candidato à frente de outros em pesquisas eleitorais é de antemão o favorito a vencer a disputa eleitoral. Outro raciocínio é que prefeitos mal avaliados são prefeitos previamente derrotados.

Os analistas eleitorais, dentre estes, estrategistas, politólogos e publicitários, também fazem uso costumeiramente do senso comum e com isto agem de modo semelhante aos candidatos, os quais, como já dito, também utilizam do senso comum.

O senso comum me incomoda, pois ele conduz ao erro e possibilita que estratégias eleitorais equivocadas sejam criadas e colocadas em prática. O senso comum também provoca miopia, com isto, candidatos, por estarem à frente nas pesquisas, acreditam veementemente que vencerão as eleições.

Recomendo aos adeptos do senso comum que leiam o último livro de António R. Damásio – E o cérebro criou o homem. O livro não aborda o objeto eleições, mas ao explicar a relação entre corpo, mente e cérebro, o autor contribuiu para a interpretação do comportamento do eleitor.

As plantas não possuem neurônios, e na ausência deles não há mente”. Esta assertiva contida no livro de Damásio incentiva um novo olhar para a compreensão do comportamento dos eleitores. Segundo Damásio, o corpo interage com o meio ambiente e este provoca reações nos indivíduos. Estes, por sua vez, procuram se adaptar ao meio ambiente ou buscar outros ambientes que propiciem bem-estar ao seu corpo e organismos, já que possuem neurônios e estes incentivam a reação do corpo.

De modo semelhante, as árvores, apesar de não terem neurônios e possuírem raízes, sentem a influencia do meio ambiente. Entretanto, por não possuírem neurônios e estarem presas por raízes ao solo, as plantas não saem do lugar e continuam a sofrer, caso isto ocorra, a influência negativa do ambiente.

Eleitores são indivíduos. Portanto, possuem neurônios e não estão, necessariamente, presos à raízes. Deste modo, numa trajetória eleitoral, eleitores, em razão de estratégias eficientes advindas dos candidatos, podem mudar ou consolidar as suas escolhas. Então, antes de algum candidato decidir em ser candidato, ele deve ficar atento ao fato de que eleitores podem mudar as suas escolhas eleitorais prévias.

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