Tópicos | ALBERTO GRISELLI

A TIM vai começar a desligar os clientes inativos que recebeu da Oi Móvel a partir deste mês, com previsão de concluir o trabalho no começo do ano que vem. Quem antecipa essa informação é o presidente da TIM, Alberto Griselli, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

"Vamos cancelar os clientes inativos. O racional é simples: nossa política de cancelamento de clientes é diferente da Oi. Para nós, não faz o menor sentido manter na base quem não usa a linha, não faz recarga, nem gera valor", frisou.

##RECOMENDA##

O movimento é semelhante ao que já foi feita pela Vivo, que anunciou semana passada o desligamento de 3 milhões de usuários, o equivalente a 25% do total de 12 milhões de clientes recebidos da Oi Móvel.

No caso da TIM, o número exato de desconexões a serem feitas ainda não é revelado, mas será significativo, segundo Griselli. A operadora recebeu um total de 17 milhões de acessos vindos da rival.

Se o porcentual da limpa for igual ao da Vivo, representará na baixa de 4,2 milhões de linhas. "A Vivo já fez, e nós também vamos fazer. Esse cliente não gera receita, nem cobre os custos de manutenção na base", emendou Griselli.

Os cortes vão seguir critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para desligamentos de usuários que não fazem ou recebem chamadas, não fazem recargas, não pagam fatura, entre outras variáveis, complementou o diretor institucional e regulatório, Mario Girasole.

A despeito desses cortes, os executivos ressaltaram que não há mudanças no cálculo de sinergias previstas com a incorporação de ativos da Oi. A explicação é que, embora haja menos receitas do que o esperado aí, também haverá queda de custos operacionais na mesma proporção. Já os ganhos de eficiência pela integração de redes e frequências permanece idêntico.

Disputa bilionária

Por trás desse limpa, está também uma disputa bilionária entre as operadoras. A Oi vendeu as suas redes móveis para Vivo, TIM e Claro por R$ 16,5 bilhões. Nos últimos meses, entretanto, as partes estão discutindo um ajuste de R$ 3,2 bilhões nesse preço. O trio quer descontar esse valor alegando que a Oi teria descumprindo certos compromissos operacionais e financeiros - o que a Oi nega.

Conforme revelou o próprio Estadão/Broadcast no dia 6 de outubro, Vivo, TIM e Claro estão acusando a Oi de inflar, artificialmente, a base com a manutenção de usuários que já não faziam recargas nas linhas pré-pagas, nem pagavam faturas das linhas pós-pagas há tempos. A Oi negou que houvesse distorções, explicando apenas que o parâmetro para manter ou dar baixa em usuários varia a cada operadora.

Por ora, a base total móvel da TIM saltou 33,3% na comparação do terceiro trimestre de 2022 com o mesmo período de 2021, indo a 68,796 milhões, ou uma participação de mercado de 26,6%. Griselli ressaltou que a prioridade é ter uma base geradora de receita, e não crescer por crescer. "Market share é indicador de volume, não de valor. O que importa para a TIM é valor".

O faturamento do serviço móvel da TIM subiu 25,8%, para R$ 5,154 bilhões. Já a receita média por usuário (Arpu, na sigla em inglês) move recuou 5,8%, para R$ 24,9 pelo efeito de diluição com a adição dos clientes recebidos da Oi.

Segundo Griselli, a tendência do Arpu vai ser revertida com a desconexão de linhas inativas e com o trabalho de incentivo à migração dos clientes ativos para planos de maior valor agregado, como já vinha sendo feito com a base existente nos últimos anos.

5G

O presidente da TIM disse também que a direção está satisfeita com a estratégia de turbinar a cobertura do sinal 5G com a instalação de duas a três vezes mais antenas do que o exigido pela Anatel nesta largada, estando também à frente de Vivo e Claro. A TIM colocou 3 mil antenas de um total de 5,9 mil já implantadas no mercado.

As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba já têm 100% dos bairros cobertos com a nova geração de internet. A mesma estratégia será anunciada para Recife nesta semana. "Estamos felizes com a estratégia. Achamos que foi um sucesso", comentou Griselli.

Segundo ele, a adesão ao 5G onde há cobertura está evoluindo mais rápido do que o esperado. Atualmente, cerca de 4 milhões de clientes da TIM (cerca de 6% da base) já contam com 5G. No portfólio de celulares das lojas da companhia, o 5G responde por 80% dos modelos e 50% das vendas.

Por ora, ainda não foi possível perceber geração de receita com a chegada da nova geração de internet. "Nesta fase estamos privilegiando a experiência do client. Se ele gostar, a monetização vai vir depois", explicou.

A operadora criou uma oferta especial para os clientes que quiserem usar o 5G para jogos online. Os clientes pós-pagos terão um pacote para "turbinar" os planos com mais 50 GB de internet e navegação ilimitada no Twitch, serviço de streaming de vídeo ao vivo com foco em jogos. A adesão será grátis nos primeiros meses. Depois, passará a ser cobrada.

A TIM Brasil está de cara nova. Desde o fim de janeiro, o executivo italiano Alberto Griselli, de 52 anos, é o CEO da operadora, no lugar de Pietro Labriola, que assume o Grupo TIM, na Itália.

Em sua primeira entrevista no cargo, Griselli diz que a marca da sua gestão será a da continuidade ao plano estratégico traçado na gestão anterior e enfatiza que "não há plano de venda da TIM Brasil". "Na verdade, estamos na contramão, participando da consolidação do setor", afirma ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

##RECOMENDA##

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

O que muda na TIM sob seu comando?

Temos um plano robusto em andamento e já avançamos muito. O objetivo é tornar a TIM Brasil a melhor operadora de telecomunicações ao longo do nosso plano de três anos. Isso significa ganhar a liderança em aspectos muito importantes. Um deles é o serviço ao cliente, que envolve a qualidade da rede e o atendimento. Outro é sermos reconhecidos como a marca preferida no setor. E o terceiro é atingir a liderança na temática ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês).

Surgiram recentemente notícias sobre a possibilidade de venda da TIM Brasil. A empresa está à venda?

Não. Inclusive, o Pietro (Labriola) já deixou bem claro nas suas declarações como CEO do grupo que a TIM Brasil não está à venda. Na verdade, estamos na contramão, participando da consolidação do setor.

O que faz a TIM crescer hoje e como acelerar para o futuro?

O negócio principal é o serviço móvel. Aí o crescimento é moderado, de um dígito médio, por se tratar de um setor maduro. Nossa diferenciação é a mudança da estratégia de volume para valor, focando na qualidade do serviço e na rentabilização da base de consumidores. O segundo negócio é a banda larga, que, para nós, ainda é uma componente pequena na receita, mas crescendo numa velocidade maior, de 15%. O terceiro elemento é a plataforma de clientes. Entram aí acordos com empresas digitais com alto potencial de crescimento. Oferecemos nossa marca, base de clientes e canais comerciais para acelerar o crescimento dessas empresas. Em troca, nosso cliente ganha um portfólio mais rico, com oferta de serviços financeiros e educação, por exemplo, onde já fechamos parcerias. E temos uma remuneração na forma de comissão de vendas e equity (participação no capital da parceira). A receita com isso era zero anos atrás e já chegou a R$ 100 milhões.

Como está a instalação das redes 5G? A determinação da Anatel é de ativação do sinal nas capitais até julho.

O regulador foi firme em estabelecer um mecanismo de licitação que prioriza os investimentos e a popularização do serviço. Estamos trabalhando com esse timeline, que depende de liberação das frequências (faixa de 3,5 Ghz, que depende de limpeza para evitar interferências). Estamos trabalhando para lançar comercialmente de forma ampla de junho para frente.

Onde o 5G deve aparecer primeiro?

Há parcerias comerciais em andamento que permitirão a digitalização de processos produtivos e novas soluções. Há parceria com Stellantis (montadora resultante da fusão entre Fiat Chrysler e o Grupo PSA) e Enel (distribuidora de energia). Tem outras chegando, como no setor de agronegócios. Vamos lançar novos cases até junho. E também queremos implementar o 5G em conjunto com eventos ligados ao consumidor, como Rock In Rio e Noites Cariocas (patrocinados pelas teles). Aí queremos mostrar ao público todas as potencialidades do 5G. Isso depende também do nível de penetração dos celulares no mercado brasileiro, que está em 2% no caso do 5G.

Qual a expectativa para o fechamento da venda da Oi para TIM, Vivo e Claro?

Faltam passos societários e operacionais. Há passos a serem respeitados, e não dependem só de nós. Somos quatro. Entre abril e maio o cliente da Oi será cliente da TIM.

Quais as sinergias esperadas com a incorporação das redes, clientes e licenças da Oi Móvel?

As mais importantes são de natureza técnica. A TIM é quem tem menos banda por cliente no mercado brasileiro. Com a entrada do espectro da Oi, daremos um pulo grande na qualidade do serviço. A segunda vantagem é receber um pedaço dos clientes, o que gera uma contribuição nos resultados. Daí o nosso crescimento da receita, que era de um dígito médio e vai passar a ser de dois dígitos.

Quais suas considerações sobre o Acordo em Controle de Concentrações (ACC), fechado entre TIM, Vivo, Claro e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)?

Foi justo. O acordo permite aos pequenos provedores terem acesso a ativos que ajudam o negócio deles e, ao mesmo tempo, não impactam as sinergias que buscávamos na operação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando