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O canadense, Paul Watson, procurado pela Interpol, abandonou nesta terça-feira (8) suas funções à frente da organização de luta contra a caça de baleias Sea Sheperd e de capitão de um barco da frota.

Watson foi detido em maio, no aeroporto de Frankfurt, a pedido da Costa Rica, que o acusa de ter colocado em perigo uma tripulação durante uma operação contra a caça de tubarões, em 2002. No entanto, conseguiu escapar da justiça alemã quando estava sob prisão domiciliar.

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O militante ecologista, de 62 anos, renunciou as suas funções de presidente da Sea Sheperd, nos Estados Unidos e na Austrália. Por questões legais, também renunciou ao seu posto de capitão do "Steve Irwin", um barco da frota que persegue os baleeiros japoneses no oceano Austral.

Suas funções na Sea Sheperd foram confiadas a Bob Brown, um político australiano fundador do partido dos Verdes.

No terceiro dia do encontro anual da Comissão Internacional Baleeira (CIB), na Cidade do Panamá, representantes de organizações ambientais reclamam do domínio dos países favoráveis à caça de baleias nas discussões. Depois do novo veto à criação do santuário de baleias no Atlântico Sul e da renovação de cotas para a caça aborígene, o Japão ganhou força para reapresentar o projeto de legalização da caça costeira em pequena escala.

Acusado de manipular as votações, com uma suposta compra de votos de nações menores, o Japão é o principal articulador dos países baleeiros. Ontem, a delegação japonesa apresentou seu projeto de caça científica, que no ano passado foi responsável pela morte de 445 baleias. Interessado na ampliação, o país asiático retomou a proposta (rejeitada em 2010) da regulamentação da caça costeira em pequenas comunidades, como exceção à moratória da caça comercial, sob alegação de que é similar à captura aborígene. Mesmo com oposição de vários países, entre eles o Brasil, o tema seguirá na pauta do evento, que se encerra amanhã.

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Protestos

Na segunda-feira, primeiro dia da reunião, o projeto do santuário obteve apenas 38 votos favoráveis, insuficientes diante dos 75% necessários para a aprovação. No segundo dia, foi a vez de Estados Unidos, Rússia e São Vicente e Granadinas conseguirem aprovar cotas de caça aborígenes, com 48 votos a favor e 10 contra, o que causou críticas de ambientalistas.

"EUA e a Rússia cumprem regras e quesitos estabelecidos pela CIB, mas, no caso de São Vicente, foi reiterado por diferentes países que não existem registros históricos de uso de baleias para subsistência da comunidade e que foi recentemente introduzida por americanos e europeus", diz Márcia Engel, presidente do Instituto Baleia Jubarte, que está no Panamá.

As constantes vitórias dos países baleeiros já fazem os ambientalistas questionarem a validade da CIB. "Temos percebido que só vale a pena manter a comissão se ela for reformulada, se estiver alinhada com outras grandes comissões internacionais", afirmou Leandra Gonçalves, do SOS Mata Atlântica. "Em termos de transparência, a comissão está ferindo vários preceitos. A maioria dois países é conservacionista, mas ainda assim a reunião tem aprovado resoluções pró-caça. Os países conservacionistas deveriam esvaziar esta comissão e criar uma nova."

A ativista lembra que a CIB, criada há mais de sete décadas, não tem a intenção de acabar com a caça de baleias. "A comissão foi criada apenas para regular a caça."

A atuação do governo brasileiro, que liderou a campanha pela criação do santuário do Atlântico Sul, também é alvo de críticas. "Os dois técnicos do Ministério do Meio Ambiente aqui presentes não têm nenhuma experiência prévia, nem com a reunião da CIB e nem com a conservação de baleias, e não parecem estar apoiando efetivamente a delegação", criticou Márcia Engel. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Uma sensação de déjà vu ronda a reunião anual da Comissão Internacional Baleeira (CIB), que entra em sua fase final nesta semana na Cidade do Panamá. Num impasse que já dura mais de uma década, países tradicionalmente baleeiros continuam pedindo o fim da moratória à caça do cetáceo; enquanto países conservacionistas tentam mais uma vez aprovar a criação do Santuário do Atlântico Sul para proteger as baleias na região entre a América do Sul e a África.

O que causou estranheza nos participantes, porém, é que o Brasil, historicamente defensor desta bandeira, neste ano não compareceu às reuniões preliminares. Entidades ambientalistas questionam se o País estaria abandonando a liderança da causa. Durante as duas últimas semanas, ocorreram os encontros do comitê científico e do comitê de conservação. Neste último, a Argentina, que junto com Brasil e Uruguai é copatrocinadora da proposta, defendeu a criação do santuário sozinha.

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"É uma vergonha ver a cadeira do Brasil vazia depois de, por tantos anos, ter construído uma participação de liderança aqui dentro", queixa-se Truda Palazzo, diretor do escritório brasileiro do Centro de Conservação Cetácea, que está no Panamá acompanhando a reunião.

Viagem negada

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) relativiza, afirmando que não mandou ninguém para lá por um "contratempo burocrático", uma "infelicidade". A técnica do Centro de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes que deveria ter ido para o Panamá, ao solicitar o afastamento, não teve a justificativa aceita por uma "falha do novo sistema".

No lugar foram dois cientistas brasileiros, financiados pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas, que acompanharam as discussões, subsidiaram o ministério do que está acontecendo lá e ajudaram na redação das posições brasileiras, segundo a Assessoria de Assuntos Internacionais do MMA.

"Neste ano não aconteceu nem mesmo a reunião prévia com as ONGs que tivemos em outros anos", afirma Márcia Engel, presidente do Instituto Baleia Jubarte. "Agora é um momento muito importante; a gente entende que o governo brasileiro deveria estar lá."

Marcus Henrique Paranaguá, secretário da Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço do Ministério das Relações Exteriores, afirma que, para a plenária, a delegação brasileira terá quatro integrantes, sendo dois técnicos do Ministério do Meio Ambiente, sob chefia do embaixador Marcos Pinta Gama. "Entendo perfeitamente a preocupação das ONGs, que são legítimas, mas não creio que seja o caso de dizer que o Brasil está ‘abandonando o barco’", diz.

Desde 2000, o Brasil, liderando o chamado Grupo de Buenos Aires, apresenta a proposta de criação do santuário e defende o uso não letal de baleias. Além de assumir uma postura conservacionista - após ter permitido a caça em suas águas até 1985 -, o País percebeu que o turismo de observação é um negócio muito mais rentável e gerador de emprego do que a morte do animal.

Para ser aprovado, o santuário precisa ter 75% dos votos dos 88 membros da CIB. Os conservacionistas até têm maioria simples, mas não têm conseguido superar a barreira criada por Japão, Noruega, Islândia e Rússia, acusados, inclusive, de comprar votos de países neutros. Na reunião de 2011, os baleeiros bloquearam a decisão simplesmente saindo da sala na hora da votação.

Por conta disso, o tema volta neste ano como o primeiro item substantivo da agenda. É esse o momento importante a que se refere Márcia. Há uma expectativa, tanto do governo quanto dos ambientalistas, de que essa manifestação nada democrática dos países baleeiros no ano passado tenha caído mal e possa ajudar a mudar o cenário.

Cartas

Segundo Paranaguá, para tentar aumentar a quantidade de apoio, o Itamaraty disparou circulares telegráficas para as embaixadas do Brasil em países membros da CIB orientando que os embaixadores se empenhassem pessoalmente em passar um recado para as chancelarias dos países: "Esse é um tema da maior importância política para o Brasil".

Mesmo sem falar em números, ele diz que o apoio é crescente. "Acho que temos uma chance." A Assessoria de Assuntos Internacionais do MMA afirma que a proposta tem apoio da África do Sul (que em outros anos foi copatrocinadora do projeto), da Austrália, de países latinos e até de países improváveis, como os Estados Unidos. O posicionamento de outros africanos, porém, é incerto. A União Europeia decidiu votar em grupo a favor do santuário. E mesmo a Noruega, apesar de se posicionar contra, teria sinalizado que votaria de acordo com essa diretriz. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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