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Centenas de fiéis e turistas que se encontravam neste sábado (31), na Praça de São Pedro, no Vaticano, receberam com tristeza e orações a notícia da morte do Papa Emérito Bento XVI, definido por um deles como "um grande pontífice, apesar das críticas".

"Estou muito triste", disse à AFP o italiano Davide Di Tommaso, de 30 anos, da região de Molise (sul), ao saber do falecimento do ex-pontífice de 95 anos, que abdicou do cargo em 2013, em uma decisão sem precedentes desde a renúncia de Celestino V em 1294.

"A primeira reação foi a de orar. Demos a bênção e pedimos a salvação de sua alma", disse o francês Charbel Youssef, que fazia parte de um grupo de peregrinos.

O toque dos sinos ressoou na enorme esplanada para anunciar a morte. A notícia era iminente desde que o papa Francisco pediu, na quarta-feira (28), que os fiéis rezassem por seu antecessor, em grave estado de saúde.

Os sinos também tocaram na igreja de Trastevere e em outros bairros da capital italiana, em homenagem ao ex-bispo de Roma.

Para muitos fiéis e turistas, assistir ao funeral de Bento XVI em 5 de janeiro, na Praça de São Pedro, presidido por Francisco, será um evento excepcional.

- Funeral solene e ao mesmo tempo sóbrio -

"Espero assistir", disse Massimo, de 60 anos, que compareceu ao funeral, em abril de 2005, do carismático papa polonês João Paulo II junto com mais um milhão de pessoas.

Como ex-papa, Bento XVI terá um funeral solene, mas "sóbrio", como ele mesmo desejava, segundo o porta-voz papal, Matteo Bruni.

Ferrenho defensor da ortodoxia, Bento XVI renunciou ao cargo em meio à crise de uma Igreja assolada por escândalos e intrigas.

"Acho que, como líder mundial, é fascinante que ele tenha tomado a decisão de renunciar. A maioria das pessoas no poder não toma essas decisões", comentou Michael Dauphinee, um turista dos Estados Unidos.

"É um grande exemplo para os líderes mundiais. Sou protestante, mas (Bento) mostrou que é preciso conhecer as próprias limitações", acrescentou.

À beira da célebre Columnata Bernini, que circunda a praça, jornalistas do mundo inteiro já instalaram suas câmeras.

Um imponente serviço de segurança, com policiais e carabineiros italianos, começou a organizar o fluxo de pessoas rumo à imensa praça.

"Apesar das críticas, foi realmente um grande papa", afirmou Davide Di Tommaso.

Quando cardeal, o alemão Joseph Ratzinger governou com mão de ferro a poderosa Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Inquisição), condenando teólogos progressistas e defendendo que, fora da Igreja católica, não havia salvação.

Hoje, no entanto, é mais lembrado por sua aposentadoria voluntária.

"Lembro-me da grande caridade que o encorajou", disse Charbel Youssef.

Embora sua popularidade nunca tenha chegado à de João Paulo II, o papa alemão terá o funeral de um ex-chefe de Estado, com a presença de várias autoridades e fiéis.

O Vaticano confirmou neste sábado que o mordomo do papa Bento 16 foi preso em um escândalo embaraçoso de vazamento, acrescentando um toque hollywoodiano para um conto sórdido de disputas de poder, intrigas e corrupção nos mais altos níveis de governança da Igreja Católica. Paolo Gabriele, um laico e membro da casa papal, foi preso na quarta-feira após documentos secretos terem sido encontrados em seu apartamento na Cidade do Vaticano, afirmou o reverendo Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, em um comunicado.

Gabriele era frequentemente visto ao lado do papa Bento 16 em público, andando no banco da frente do jipe do pontífice durante as audiências das quartas-feiras ou o protegendo da chuva. Ele era mordomo pessoal do papa desde 2006, um dos poucos membros da pequena família papal que também inclui secretários particulares do pontífice e quatro mulheres que cuidam do apartamento papal.

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A prisão dele se segue a outro escândalo no Vaticano nesta semana: a destituição do presidente do banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, pelo conselho da instituição. Fontes próximas à investigação disseram que ele também foi acusado de vazar documentos, embora o motivo oficial para sua demissão tenha sido simplesmente que ele não conseguiu cumprir seu trabalho.

O escândalo do vazamento no Vaticano ocorre em um momento no qual a instituição tenta mostrar para a comunidade financeira mundial que virou a página e reduziu sua reputação de paraíso fiscal.

Os documentos do Vaticano que vazaram para a imprensa nos últimos meses abalaram esses esforços, ao apontarem corrupção nas finanças da instituição, bem como disputas internas sobre os esforços da Santa Sé para mostrar mais transparência em suas operações financeiras. Mas talvez o ponto mais crítico seja que os vazamentos pareciam destinados a desacreditar o funcionário número 2 do Papa Bento XVI, o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.

O escândalo ganhou um peso ainda maior na semana passada com a publicação de "Sua Santidade", um livro que reproduz cartas e memorandos confidenciais para e de Bento 16 e seu secretário pessoal. O Vaticano disse que o livro era "criminoso" e prometeu tomar medidas legais contra o autor, editor e quem vazou os documentos. As informações são da Associated Press.

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