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A 12ª Bienal de Istambul, que acontece até o próximo dia 13 de novembro, presta homenagem ao cubano-americano Felix Gonzalez-Torres. O título da Bienal - “Untitled (12th Istanbul Biennial), 2011” - já é um tributo ao artista que, diversas vezes, nomeou suas obras como "Untitled". Torres é homenageado com a presença dos seus conceitos em vários espaços da bienal turca.

Já em São Paulo, serão expostas obras de Gonzales em uma mostra que relembra os 60 anos da Bienal de São Paulo. Dentre as produções presentes nessa exposição, estarão uma cascata de luz e um tapete feito com balas que, juntas, somam 130 quilos – que faz referência ao peso dele e de seu companheiro, mortos em consequência da Aids. É uma justa homenagem a esse artista cujo diferencial é a abordagem a temas polêmicos e questões políticas e estéticas em suas obras.

Terminou a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Com ela, findou também minha esperança de que Saramago estivesse errado quando fazia a provocação: “Que importância tem a literatura, para que servem os livros”? Desânimo veio mesmo com a resposta de uma aluna. Porque ela somente externou o que se passa na cabeça de milhões de brasileiros, ainda que seja uma ideia navegando no mar da inconsciência.

Foi quando argumentei que as pessoas estavam fazendo escândalo com a cobrança de 4 e 2 reais na Bienal, por ser um evento com lei de incentivo, embora ninguém proteste ao ver filme nacional com lei cobrar R$ 16, ou ao ter que comprar ingresso para show até por R$ 300, ainda que também esteja contemplado com política de fomento. A moça, que estava quieta, assistindo à conversa, falou com uma firmeza que vem da sinceridade de julgamento:

– Mas é só literatura, né, professor?

Aquele dia se tornou um ensaio. Respondi às mesmas indagações que surgiriam aos montes durante a semana, sempre que propusesse a reflexão, em sala de aula ou nas redes sociais.

– Quero saber para onde vai todo dinheiro.

– Olha, o pessoal da Bienal dará a informação, se for perguntado. Mas nunca vejo chegarem para o diretor de Tropa de Elite e perguntarem o mesmo, ou para estrelas da MPB.

– Ah, na Bienal vou entrar para gastar. E ainda tenho que pagar pela entrada?

– Ué, você não teve que comprar bilhete na Fenearte? É uma feira de artesanato, as pessoas vão para gastar, ou quase todas. Ainda assim, cerca trezentas mil desembolsaram até 8 reais. E quando vai ao show, CD do artista e bebida são brindes? No cinema, pipoca e refrigerantes são distribuídos?

– Mas o livro é muito caro, professor.

– Concordo. Produtos culturais andam caros. Não acredito, porém, que o livro esteja além dos outros. Um CD custa o mesmo que um romance, um DVD pode sair pelo valor de dois livros. Uma peça de artesanato mais em conta também não fica por menos. Isso para não falar que as pessoas dizem não poder gastar sequer R$ 15 em um livro de bolso, mas conseguem fazê-lo por uma gororoba qualquer na praça de alimentação. Tenho certeza que, na própria Bienal, tem quem vai se beneficiar com a decisão da justiça e não comprar ingresso, para, lá dentro, gastar o dobro em créditos de celular para marcar a farra da noite.

– No meu caso, eu não curto mais nada, professor. Apenas literatura. Por isso queria preço menor – ressalvou outro estudante.

– Menor que R$ 2,00 de meia-entrada?

– Aluno e professor de rede pública já são massacrados...

– Não na Bienal. Lá, não pagam para entrar. E até colégios privados podem agendar visita gratuita.

– Mas e seu quisesse ir todo dia? Ia sair uma fortuna.

– Não chegaria a tanto, investiria o mesmo que paga no cinema do shopping em um só filme, mesmo que seja produção nacional e com lei de incentivo. Além do que, ideia é que os visitantes se revezem mesmo. Se todos forem vários dias, não haverá espaço.

– O senhor é advogado do evento? Não adianta, vai rebater tudo.

– Certamente não. O principal ponto de debates da Bienal não podia ser aquela arena aberta, é barulho demais. E o formato de arquibancada é incômodo para a plateia. Tudo acaba conspirando contra, tirando atenção das pessoas. O evento também precisa ser melhor sinalizado e ter preços mais competitivos nos estandes.

– Por isso acho cara a entrada de 2 reais.

“Caro, caríssimo, um roubo”. Desisti. Até porque era só literatura, não compensava o esforço. 

Achei melhor procurar depois por algum debate mais relevante nas redes sociais. Tive dificuldade não. Foi semana de tema bem mais caro à nossa cultura: o Rock in Rio. Como me disse uma vez o escritor Rubem Rocha Filho: se milhões não querem, um nunca briga. Ou quase nunca.

 

Começou, no último sábado (24), a 12ª Bienal de Istambul. A mostra, conhecida por não ter o mesmo esplendor das tantas outras bienais, não tem programação pré-estabelecida, nem grandes nomes, performances e palestras. Quem for à Bienal, vai se deparar, portanto, com um interessante projeto de caráter experimental.

A exposição, preparada pelo brasileiro Adriano Pedrosa, juntamente com o costa-riquenho Jens Hoffmann, é um exemplo de modernismo e inovação. Fugindo do estereótipo de grande evento criado pelas outras bienais, a versão de Istambul é polêmica até no nome. Intitulada "Untitled - 12th Istanbul Biennial”, que significa "Sem título – 12ª Bienal de Istambul", a mostra não ousa em ser inovadora e fugir dos padrões adotados em todo o mundo. Este ano, 13 artistas brasileiros terão trabalhos apresentados no evento.

Confira as fotos do primeiro dia da Bienal do Livro de Pernambuco, que acontece no Centro de Convenços de Pernambuco até o dia dois de outubro.

 

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Confira também como foi a cerimônia de abertura 

 

 

 

A partir de agora, literatura também faz parte da TV LeiaJá. Toda semana você confere, no programa NOTA PE, uma conversa leve e descontraída sobre o universo literário. 

No programa de estreia, o tema é a Bienal do Livro de Pernambuco e os convidados são Wellington de Melo, escritor e produtor, e Rogério Robalinho, empresário e produtor. 

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E fique ligado, toda quinta-feira tem NOTA PE no portal LeiaJá. A apresentação é de Cristiano Ramos e a realização é uma parceria do Portal com o blog Nota PE. 

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