Uma pesquisa realizada por um médico no Recife constatou que 88% dos telefones celulares dos especialistas da área de saúde, que trabalham em bloco cirúrgico, têm bactérias causadores de infecção. A infecção associada à assistência hospitalar é crescente no mundo, assim como a mortalidade relacionada à mesma.
O médico Cristiano Bernardo Carneiro da Cunha colheu 50 amostras de aparelhos celulares de profissionais de saúde do bloco cirúrgico de um hospital beneficente da capital pernambucana. Os celulares pertenciam a profissionais como cirurgiões, anestesistas, perfusionistas, enfermeiros e instrumentadores.
##RECOMENDA##A pesquisa revelou que os celulares, em quase sua totalidade, estavam colonizados por micro-organismos da pele dos especialistas de saúde, principais causadores de infecção de ambiente cirúrgico. "Para os microbiologistas, a combinação do manuseio constante associado ao calor gerado pelos telefones cria um caldo de cultura ideal para muitos micro-organismos que são normalmente encontrados na pele", explica Cristiano.
O pesquisador pontua que são dadas as orientações com relação à limpeza das mãos, à descontaminação de superfícies e à limpeza de instrumentos utilizados na prática clínica, mas existe pouca orientação ao uso seguro de telefones celulares dentro de ambientes de saúde.
"Programas de prevenção e controle de infecção precisam estar ativamente envolvidos na prestação de cuidados de saúde, oferecendo orientação e educação em como reduzir o risco de contaminação bacteriana de seus aparelhos móveis", opina.
A pesquisa foi tema da dissertação de mestrado de Cristiano, intitulada "Avaliação microbiológica dos aparelhos celulares dentro do bloco cirúrgio - avaliação em um hospital beneficente de Pernambuco", apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Cirurgia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Dados - Os índices de infecção hospitalar seguem elevados no Brasil, alcançando a marca de 15,5%. Após uma cirurgia, muitos pacientes apresentam complicações que afetam os resultados, aumentando o número de pessoas mortas em decorrência de uma doença específica e sobrecarregando o sistema de saúde por causa do aumento no tempo de permanência no hospital. Os custos do tratamento dos clientes são três vezes maiores que o custo dos que não possuem infecção.