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De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 37,5% dos cargos de liderança em todo o Brasil são ocupados por mulheres, ou seja, menos da metade dos lugares de chefia em empresas do país.

O quantitativo ainda pequeno, muitas vezes, não tem relação com qualificação ou preparo das profissionais, mas das barreiras impostas por um sistema laboral que tem predileção pela contratação de homens, o que também reflete na questão salarial. Segundo um levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2021, mostra que a diferença da remuneração entre os dois gêneros chega a 19,9%.

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Ocupar um cargo de liderança, a princípio, não estava nos planos de Elaine Martins. Quando ela saiu de Tabira, no Sertão de Pernambuco, aos 21 anos, para o Recife, cidade que nunca havia conhecido, Elaine carregava apenas alguns pertences e a vontade de “ser alguém” e, assim, proporcionar melhor qualidade de vida ao filho, que permaneceu em Tabira sob os cuidados da avó materna. No Sertão pernambucano, ficaram apenas as lembranças da gravidez aos 18 anos, algumas dificuldades e um relacionamento, que por um tempo, foi marcado pela violência.

Até chegar na função de gerente de suprimentos e logística do Grupo Dislub Equador, distribuidora de derivados de petróleo independente, Elaine Martins precisou se adaptar a uma nova rotina. “Eu nunca tinha andado de ônibus na vida. Minha amiga dizia para que eu fosse junto ao cobrador para não me perder ou errar a parada”, relembra.

No caminho até o cargo de gerente, Elaine teve outras ocupações. Vendeu doces pelas ruas do Centro do Recife e roupas, que uma amiga mandava da loja em Toritama, Agreste do Estado. O desejo de trabalhar “de carteira assinada” chegou a se concretizar, no entanto, a instituição iniciou a atrasar pagamentos e o cenário tornou-se violento. “Algumas vezes, aparecia gente armada. Lembro que, em uma dessas vezes, eu e mais algumas outras pessoas tivemos que correr”, relata.

Na busca por um novo emprego, a gerente sentiu o machismo estrutural. "Certa vez, fiz uma seleção de emprego, antes de iniciar na Dislub. Já estava tudo certo, a vaga era minha. Mas, ligaram para me informar que preferiram contratar um homem, porque, segundo eles, o emprego era mais para homem", expõe ao LeiaJá

A chegada à Dislub trouxe possibilidades para Elaine Martins. Observadora e disposta a ajudar nos demais setores, ela foi aprendendo e desenvolvendo habilidades. Em determinado momento, precisou colocar em prática o que tinha visto, mesmo com algumas inseguranças. A dedicação fez com que Martins passeasse por diversos setores na empresa. " A empresa abriu uma filial no Norte e me chamaram. Cheguei em lugares que antes só os homens eram chamados", comentou.

Na instituição, ela pôde ingressar na faculdade, realizar uma pós-graduação, estudar inglês e espanhol, como também, possibilitou uma melhora na qualidade de vida da mãe, da irmã e do filho, que Elaine aponta como o principal incentivo para não desistir. "Imagina se eu não tivesse saído de Tabira? Não conquistaria nada disso. Hoje é tudo diferente". 

 

 

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