Tópicos | cinquentenário

A cidade de Tracunhaém, Zona da Mata Norte do Estado, completa nesta sexta-feira (20) 50 anos de emancipação política. Para comemorar o cinquentenário da cidade, a prefeitura realizará shows artísticos e entregará uma frota de veículos entre ambulâncias e viaturas que foram adquiridas com recursos próprios.

A programação da festividade iniciou desde as 5hs com uma alvorada de fogos e com um desfile de banda de músicos. Logo mais às 9hs será dado inicio ao Torneio de Futebol da Emancipação com a participação de 16 equipes, no estádio municipal. A disputa esportiva será encerrada às 16h com a entrega de medalhas e troféus para as melhores equipes.

##RECOMENDA##

Já na Matriz de Santo Antônio ocorrerá uma missa às 10h, em comemoração ao aniversário da cidade. Durante o decorrer do dia a prefeitura da cidade entregará sete veículos, que foram adquiridos com recursos próprios. A nova frota está dividida em três ambulâncias, uma viatura para guarda municipal, um veículo para a ação social do município e duas Kombis para atender aos PSF’s da Zona Rural e da Zona Urbana de Tracunhaém que levarão médicos até a população que não pode ir aos postos de saúde.

Para encerrar as comemorações em alusão à emancipação, a Prefeitura de Tracunhaém preparou um show no centro da cidade. A partir das 20h a banda R&R Sertanejo sobe ao palco, abrindo as apresentações artísticas, seguida da banda Amigos Sertanejo e depois Companhia do Calypso. Para fechar as festividades o cantor Vicente Nery e banda Cheiro de Menina voltam a se apresentar na cidade.

No dia 13 de junho de 1952, era criada a Federação Pernambucana de Remo (FPR), entidade que viria tomar conta de um dos esportes mais populares do Estado na época. Uma história que viveu dias de glórias, hoje tenta reconstruir o que foi perdido ao longo do tempo. Na semana em que completou 50 anos, o Portal LeiaJá entrevistou, com exclusividade, Ricardo Serrano - presidente da FPR. O gestor analisa os motivos que levaram este esporte ao ostracismo, o que está sendo feito para reverter a situação e os projetos futuros da instituição.

No ano em que chega ao seu cinquentenário, a entidade voltou a ganhar força e trazer novas disputas importantes para o Estado, o que faz com que os amantes dessa modalidade sonhem com dias melhores. Serrano foi atleta de remo e não esconde a amor pelo esporte. Depois de ser dirigente do Náutico, onde quebrou um jejum de 25 anos sem títulos pernambucanos, ele assumiu o comando da Federação e comenta as iniciativas que estão sendo empreendidas para colocar o remo “de volta à moda”. Confira abaixo a entrevista completa:

##RECOMENDA##

LeiaJá - São 50 anos de mais alegrias ou tristezas para a Federação?

Serrano - Para a modalidade, se computarmos os últimos 15 anos, são de menos alegrias. Como estamos contabilizando 50 anos, acho que comportam mais alegrias.

LeiaJá - Porque o remo viveu esse período de ostracismo?

Serrano - A Federação completa 50 anos, mas o remo já está presente no Estado há 127 anos. A modalidade já foi muito importante aqui. Para se ter uma ideia, primeiro se fazia o calendário de remo e depois o do futebol. Mas isso ocorreu até a década de 50. De uns 15 anos para cá o que aconteceu foi um pouco de falta de dinamismo de quem geria o esporte em Pernambuco. Caiu-se em um comodismo porque os clubes olhavam mais para o futebol, não investiam no remo. Eu via entrevistas antigas das pessoas dizendo que a modalidade era cara, o barco é caro. Na verdade, o que faltava era arregaçar as mangas e ir atrás desse material ou de quem pudesse provê-los. Eu tive oportunidade de ser diretor do Náutico há alguns anos atrás e quando entrei lá, o clube estava para encerrar o departamento do remo. Então, levamos o projeto para o conselho do time, mostrando que o remo é o fundador da agremiação e que não tinha sentido essa ideia. Há 25 anos o alvirrubro não era campeão. Quebramos essa hegemonia em 2010. Como conseguimos isso? Exatamente comprando o material que faltava: barcos. Passamos a comprar e mostrar importância desse esporte. Ainda fomos bicampeões com o título de 2011. Este ano, o Sport está com a pontuação bem avançada na liderança. Porque melhorou? Porque também começou a investir. Viu que o Náutico gastou, então igualou as forças.

LeiaJá - Qual o papel da Federação para mudar esse panorama atual do remo?

Serrano - Eu acredito que seja promover o remo, realizar competições à altura da importância desse esporte em Pernambuco. Estavam se esquecendo da tradição. Então, por isso, estamos fazendo regatas que atraiam o público, que tragam novos adeptos ao esporte para poder municiar os clubes de atletas. Hoje, as agremiações estão bem de produtos, mas ainda necessita de material humano. Temos a concorrência de outras modalidades que estão em evidência. O papel nosso hoje é colocar o remo de volta à moda. Por isso nós trouxemos duas grandes competições para Pernambuco (Copa Norte-Nordeste e Campeonato Brasileiro de Máster). No entanto, não é só necessário realizar, mas sim torná-las um marco, um disputa diferenciada. Para o presidente da Confederação Brasileira de Remo (CBR), Wilson Reeberg, foi a melhor Copa Norte-Nordeste de todos os tempos.

LeiaJá - Hoje, apenas Sport e Náutico mantém as atividades no remo. O pequeno número de clubes não é um agravante? É possível promover alguma ação para o crescimento desta quantidade?

Serrano - Estamos trabalhando em relação a isso. Vamos tentar reviver os clubes que fecharam suas portas, como, por exemplo, o Almirante Barroso – que era uma força e lutava de igual-para-igual com Sport e Náutico. Estamos trabalhando ainda para o retorno do Clube Internacional do Recife. Pouca gente sabe, mas o Santa Cruz também já teve remo. Participou só de três ou quatro competições e depois parou. Já estamos conversando junto ao tricolor para ver se a gente consegue promover mais agremiações.

LeiaJá - Pernambuco tem tudo para ser uma potência neste esporte. Tem um rio que corta a capital, mas falta algo. O que é?

Serrano - O principal entrave hoje é a poluição do rio. Isso impede um pouco a prática do esporte. O que fizemos? Colocamos na Federação um comitê de meio ambiente para tentar conscientizar as comunidades ribeirinhas e a população em geral sobre a importância do nosso rio, não só para o esporte. É importante esse rio bem limpo. Vejo que os governos municipal e estadual trabalhando em cima disso. Já tem projetos de navegabilidade, mas para isso vai ter que limpar. Não vai ser interessante um turista estar no transporte fluvial e ver a poluição.

LeiaJá - De que forma a poluição prejudicaria o atleta?

Serrano - O atleta iniciante fica até receoso de entrar no rio porque imagina que, se virar o barco, vai ter contato com aquela água. Virar barco não é comum, mas acontece. Depois que entra o “vírus do remo” no sangue do atleta, esse conceito é mudado. Quem pratica sabe que é viciante, muito gratificante e você consegue ver a cidade de outro ângulo, de dentro do rio. É muito bonito. O remo não é só bom para a saúde, mas para a mente também.

LeiaJá - Falta apoio da iniciativa privada?

Serrano - Eu acho que a participação privada virá normalmente quando o remo voltar a ser moda. O trabalho nosso é exatamente esse de mostrar o remo, para que ele comece e ser atrativo para os investidores. É importante também, em âmbito nacional, haver uma mudança. Hoje, só temos um Campeonato Brasileiro Aberto e Júnior, além da Copa Norte-Nordeste. Estão faltando competições nacionais. Nós já estamos pleiteando junto à Confederação mais engajamento para promover essas disputas. Antes, existia a Copa Sul, Fita Azul, Copa Brasil, ou seja, eventos que incentivavam os atletas a competir, uma vez que isso é o que move um esportista. É por isso que hoje esse é o papel da Federação, é até servir de exemplo para outras. Precisamos movimentar, aparecer, mostrar na mídia, apresentar que é um esporte rentável para quem olhar pra ele.

LeiaJá - Os clubes do Estado colaboram?

Serrano - Muito. Quando assumi a FPR era difícil ter uma reunião entre as equipes. Sempre tinha discussão. Hoje, tenho orgulho de sentar à mesa com os clubes sem problemas, uma vez que todos estão olhando para o remo. A rivalidade ainda existe e é até salutar, mas ela não está mais tão evidente como era antigamente, quando se chegava a ir até às vias de fato.

LeiaJá - Quantos atletas federados existem e quais os principais destaques?

Serrano - Hoje, nós temos aproximadamente 100 atletas federados. Alguns destaques a gente viu até na Copa Norte-Nordeste. Pelo Sport, temos Jordanno Ramos e Ítalo Miranda. Pelo Náutico, Lucas Jiló e Arthur Rosa. Também temos uma equipe qualificada entre as mulheres e nosso incentivo é que para que o remo feminino siga forte.

LeiaJá - Quais as competições que Pernambuco vislumbra participar?

Serrano - Pretendemos levar os atletas que tiveram as melhores colocações no Norte-Nordeste para o Campeonato Brasileiro Aberto de Sênior e Junior, que será realizado em setembro. Estamos tentando voltar a ser uma força. Em 2012, fomos segundo lugar geral na Copa regional. Há cinco anos, Sport e Náutico lutaram pelas últimas posições. Vemos que existiu um crescimento do remo local. Então, vamos colocar esses atletas nas competições nacionais para tentar boas colocações.

LeiaJá - Levando em consideração todos os estados brasileiros, Pernambuco aparece em qual posição do ranking nacional?

Serrano - Eu acho que Pernambuco está em quarto ou quinto lugar.

LeiaJá - Quem são os principais adversários do Estado?

Serrano - Por ter uma boa infraestrutura, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e a Bahia - que foi a vencedora da Copa Norte-Nordeste – são os nossos principais oponentes.

LeiaJá - Como é o diálogo junto à Confederação?

Serrano - Tenho um diálogo muito bom com o presidente (Wilson Reeberg). A colaboração que a Confederação teve na última Copa Norte-Nordeste e no Campeonato Brasileiro de Máster foi trazer os barcos do Comitê Olímpico brasileiro (COB), que são disponibilizados para a seleção nacional. Esses equipamentos foram trazidos para dar condições e igualdade aos competidores. Isso foi muito importante porque nos últimos anos os atletas precisavam levar ou alugar seus barcos e isso não era justo, uma vez que as embarcações eram completamente diferentes.

LeiaJá - Quais os objetivos da Federação para os próximos anos?

Serrano - Um dos projetos que estamos brigando é para levar um, dois ou mais atletas aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Esse é o objetivo: fazer um trabalho de base junto aos clubes para chegar lá com, no mínimo, um remador.

LeiaJá – Existe mais alguma iniciativa?

Serrano - Nós pretendemos fazer um centro de treinamentos no Recife. Até estávamos pleiteando junto à Capitania dos Portos local, já ela tem uma área muito boa, que inclusive utilizamos durante a Copa Norte-Nordeste como ponto de apoio dos atletas de outros Estados. O espaço tem rampa, é à beira do rio - ao lado das Torres Gêmeas do Recife. Estávamos vislumbrando fazer um CT e até uma sede da FPR lá. Temos o apoio do Governo do Estado, através do professor Aldemir Teles, o Dema, que é um entusiasta do remo. Ele nunca praticou, mas é apaixonado e já fez estudos sobre esse esporte. Ele é secretário executivo de esportes de Pernambuco e está acreditando nossa ideia de fazer este CT. No entanto, tudo isso ainda são iniciativas em fases embrionárias.

LeiaJá - Se o Senhor pudesse deixar um recado para os atletas de remo, o que diria?

[@#video#@]



Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando