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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou, na noite dessa segunda-feira (27), que líderes partidários da Casa vão apresentar "três ou quatro" propostas de texto para tentar resolver o impasse com o Senado sobre a tramitação de medidas provisórias (MPs) no Congresso Nacional. A situação preocupa o governo federal, que teme que sua agenda legislativa fique travada. Mais cedo, Lira se reuniu com líderes na residência oficial e, segundo ele, saiu de lá com a possibilidade de um texto para tentar um acordo com o Senado.

"Discutimos três ou quatro possibilidades de texto, para propor um entendimento que ajude o Brasil, e que as matérias tenham a celeridade que tiveram nos últimos anos", afirmou Lira em entrevista a jornalistas no Salão Verde da Câmara. Há mais de 50 dias, os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) travam queda de braço sobre o rito de MPs.

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Entre os critérios para se chegar a um acordo sobre o rito, Lira quer uma alteração na composição das comissões mistas, para que tenham proporção maior de deputados em relação aos senadores, como ocorre em outras comissões, como a Mista de Orçamento (CMO), composta por 30 deputados e 10 senadores.

"A se manter a comissão mista, não no nível que é hoje, com 12 a 12, sem prazo, é muito ruim, nós não sairemos desse impasse. A única possibilidade de a Câmara admitir negociar, sentar, aceitar uma comissão mista é que ela cumpra o rito que as outras comissões bicamerais cumprem. Por exemplo, CMO [Comissão Mista do Orçamento], 30 deputados e 10 senadores. Congresso Nacional, 513 deputados, 81 senadores. A Comissão Mista Parlamentar de Investigação (CPMI) tem proporção que precisa ser obedecida.

Por que só nas medidas provisórias um senador tem que valer por 6,5 deputados?", questionou Lira.

Ele também cobrou que a comissão mista, se for mantida, tenha prazo de análise das MPs, o que no modelo previsto na Constituição Federal não existe. Isso poderia ser feito, segundo ele, por meio de um projeto de resolução aprovado tanto na Câmara quanto no Senado.

Histórico

Na semana passada, o presidente do Senado decidiu que a análise de medidas provisórias enviadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltará a seguir o rito previsto na Constituição Federal, ou seja, passarão pelas comissões mistas, colegiados com integrantes da Câmara e do Senado, de forma paritária (mesmo número de integrantes de cada Casa).

Desde 2020, para dar agilidade ao trabalho dos parlamentares por causa da pandemia da covid-19, foi retirada a análise de MPs em comissões mistas. Assim, as medidas provisórias passaram a ser analisadas diretamente no plenário – primeiro na Câmara, por 90 dias, e depois no Senado, por 30 dias –, permitida emendas. As Mps, editadas pelo governo, têm efeito imediato, com força de lei, mas precisam ser aprovadas pelo Congresso em até 120 dias para não perder validade. A medida foi justificada, à época, como excepcionalíssima em razão das medidas emergenciais sanitárias.

Com a decisão do presidente de Pacheco, as comissões mistas devem ter imediatamente os membros indicados pelos líderes de cada Casa. Em cada análise de MP, a presidência e a relatoria dos colegiados voltam a ser alternadas entre deputados e senadores. A retomada desse sistema de votação é rejeitada pela Câmara. As declarações de Lira vão no sentido de se aproximar de um entendimento.

MPs do governo

Caso o impasse entre as duas Casas não seja resolvido no curto prazo, Arthur Lira adiantou que o governo federal deverá fazer um apelo ao Congresso Nacional para que votem no modelo anterior três ou quatro medidas consideradas essenciais, entre elas a que reorganiza o programa Bolsa Família e a que definiu a estrutura ministerial da gestão Lula. Já as demais MPs deixariam de ser analisadas e o governo enviaria um projeto de lei com urgência constitucional com o mesmo texto.

“Em não havendo acordo, o governo fez um apelo à Câmara dos Deputados, e deve fazer também ao Senado Federal, de que três ou quatro Medidas Provisórias essenciais, como Bolsa Família, [o programa] Minha Casa Minha Vida, a organização de todos os ministérios e nós abramos uma exceção e indiquemos os líderes para compor essas comissões. E o governo, em contrapartida, em todas as outras comissões, mandaria para a Câmara um projeto de lei com urgência constitucional para substituir ipsis litteris os textos das MPs, excetuando essas três ou quatro. É uma proposta de acordo do governo preocupado em não se chegar num acordo razoável [entre Câmara e Senado]”, informou Lira.

MPs anteriores

Já um conjunto de 13 MPs editadas pelo governo anterior estão sendo votadas esta semana na Câmara dos Deputados, para limpar a pauta. O sistema de votação desses textos, especificamente, ainda segue o rito adotado durante a pandemia. Ou seja, estão indo direto ao plenário.

Duas delas foram votadas na noite desta segunda na Câmara. Uma é a MP 1142/22, que autoriza o Ministério da Saúde a prorrogar contratos temporários de pessoal para hospitais do Rio de Janeiro. A MP foi aprovada na forma de um substitutivo do relator, deputado Daniel Soranz (PSD-RJ).

Segundo o texto, além dos 3.478 contratos de profissionais de saúde inicialmente previstos, poderão ser prorrogados outros 639 postos que vierem a ser preenchidos, perfazendo o total de 4.117 profissionais autorizados por uma portaria interministerial de 2020. A data limite dos contratos também mudou. Em vez de 1º de dezembro de 2023, será 1º de dezembro de 2024.

O outro texto aprovado é a Medida Provisória 1149/22, que atribui à Caixa Econômica Federal a administração, de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2023, do fundo de recursos arrecadados com o Seguro DPVAT, além da análise dos pedidos de indenizações e seu pagamento.

 

Sete medidas provisórias enviadas pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso Nacional aguardam a formação de comissões para analisá-las. Em março de 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que as MPs terão que, obrigatoriamente, ser apreciadas por comissões mistas formadas por senadores e deputados.

Entre as matérias, estão textos importantes para a economia do país e para a ampliação dos programas sociais realizados pelo governo federal. Temas polêmicos, como o do royalties do petróleo, também estão nessa lista.

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A MP 589, por exemplo, autoriza os estados, Distrito Federal e municípios a parcelar junto à Fazenda Nacional débitos relativos a contribuições previdenciárias. Já a MP 590 amplia a cobertura do programa Brasil Carinhoso, incluindo beneficiários de 7 a 15 anos. Atualmente, são atendidas crianças de até seis anos de idade de famílias de renda até R$ 70 per capita. A MP 591 mexe com o bolso dos brasileiros, pois trata da renovação das concessões do setor elétrico e a redução da tarifa de energia dos consumidores brasileiros a partir deste ano.

A MP 592 promete polêmica durante as discussões no Congresso Nacional, pois está relacionada com o uso dos recursos dos royalties da exploração futura do petróleo. A proposta do governo é de que 100% dos royalties dos contratos futuros sejam destinados para a educação. A MP 593 também trata sobre educação, pois altera o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), ampliando a lista de beneficiários e ofertantes de bolsa-formação, incluindo as instituições privadas de ensino superior.

O financiamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), operado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é o tema da MP 594, que amplia em R$ 85 bilhões o crédito. Já a MP 595 estabelece um novo marco regulatório para o setor portuário.

Tramitação
De acordo com o artigo 62 da Constituição, as medidas provisórias devem ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional e vigoram por 60 dias, podendo ser prorrogadas por mais 60 dias. Caso não sejam apreciadas em até 45 dias, elas entram em regime de urgência, trancando a pauta do Plenário.

Quando a MP é aprovada sem alterações, ela é promulgada pelo Congresso, ou seja, não precisa ser sancionada, pois já veio do Executivo. Se houver alteração no texto, a medida provisória passa a tramitar como projeto de lei de conversão.

Leitura
Outras cinco MPs aguardam a leitura no Plenário, para então serem formadas as comissões mistas específicas. A MP 597 trata sobre novas isenções de Imposto de Renda, enquanto a 599 estabelece o apoio financeira da União para compensar perdas de arrecadação devido à redução das alíquotas do ICMS. A MP 600 dispõe sobre o Fundo do Desenvolvimento do Centro-Oeste. Já a 601 desonera a folha de pagamentos da construção civil. Por fim, a MP 602 está relacionada à prorrogação de contratos por tempo determinado do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Orçamento
As medidas provisórias 596 e 598 referem-se à abertura de crédito extraordinário à lei orçamentária anual e tramitam na Comissão Mista de Orçamento (CMO). No entanto, a 598 ainda não foi lida.

O retorno parlamentar está previsto para o dia 4 de fevereiro.

Com informações da Agência Senado.

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