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Após a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) cancelar uma temporada de treinos em Portugal, o elenco convocado para representar o Brasil nas competições masculinas declarou guerra aos atuais gestores da modalidade.

Por meio de uma carta, atletas como César Bombom, Diogo Hubner, Felipe Borges e o capitão Thiago Petrus protestaram contra o que chamaram de desamparo por parte dos atuais mandatários.

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Assim como diversas modalidades olímpicas, o time participaria da Missão Europa, fase de treinamento programada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em alguns países daquele continente. De acordo com o manifesto dos atletas, a seleção brasileira foi excluída da temporada preparatória quando o COB puniu a CBHb com o corte de verbas. O motivo foi a permanência de Ricardo Souza, o Ricardinho, no cargo de presidente da confederação. O mandatário foi suspenso pelo Comitê de Ética do COB por assédio sexual e moral contra uma funcionária da CBHb.

Já a gestora do handebol brasileiro alega que desistiu do período de treinos nos exterior devido ao aumento dos casos de Covid-19 em Portugal. A revolta dos atletas se dá pela insistência de Ricardinho em se manter na presidência. A suspensão de dois anos do mandatário também afasta o investimento do COB na modalidade.

A íntegra do manifesto publicado pelos atletas. Imagem: reprodução Instagram

De acordo com o manifesto, não há projeto esportivo na confederação, apenas de poder. “A ambição pessoal dos atores políticos da nossa Confederação chegou ao nível da completa abdicação do fundamento da existência da instituição, que é o desenvolvimento da nossa modalidade em nosso país, sem esboçar sequer incômodo com isso. A Seleção é a maior representação desta razão de ser e encontra-se desamparada sem nenhum constrangimento”, cita a carta compartilhada nos perfis dos atletas nas mídias sociais.

Além das críticas ao modus operandi da gestão, os jogadores também se manifestaram no âmbito desportivo e técnico da modalidade. A equipe que usaria os treinos da Missão Europa para entrosar o time na disputa do Mundial do Egito, que acontece em janeiro de 2021, vai sofrer as consequências nas quadras.

“A política está completamente judicializada, enquanto a parte técnica, que deveria atender apenas a critérios puramente esportivos, está totalmente subordinada à instabilidade política da instituição”, ressalta o comunicado.

A versão da CBHb

De acordo com a reportagem do blog Olimpíada Todo Dia, a CBHb não quis comentar a manifestação dos jogadores. Na matéria, a confederação garante que a decisão de não ir à Missão Europa partiu dela e não do COB, além de assegurar que há documentos comprobatórios do risco de contaminação pelo Coronavírus.

Amanhã (6), a Assembleia Geral Extraordinária da CBHb se reúne em uma conferência virtual com as federações estaduais de handebol. A junta pode decidir a antecipação das eleições da instituição. A reunião é um dos recursos que podem definir nova data para a escolha do próximo presidente, que vai tentar salvar a modalidade da crise antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

A um ano de organizar uma Copa do Mundo em que a projeção de gastos já soma R$ 28,1 bilhões, o Brasil ainda sofre as consequências do prejuízo levado na última vez que organizou um Mundial de esportes coletivos. Por conta de um empréstimo de cerca de R$ 7 milhões tomado para realizar o Mundial de Handebol Feminino de 2011, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) corre risco de ser suspensa das competições internacionais.

De acordo com a Federação Internacional de Handebol (IHF, na sigla em inglês), o Brasil já está excluído do Mundial Masculino Júnior, que vai acontecer entre os dias 14 e 28 de julho, na Bósnia-Herzegovina. A CBHb, porém, garante que a seleção brasileira vai disputar o torneio normalmente.

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Ainda segundo a IHF, a CBHb não cumpriu o cronograma proposto para quitar o empréstimo de 3 milhões de francos suíços (cerca de R$ 7 milhões) feito junto à própria Federação Internacional de Handebol para conseguir organizar o Mundial de 2011. Na ocasião, a competição estava prevista para acontecer em Santa Catarina, que não conseguiu se preparar. São Paulo ofereceu ceder seus ginásios - a fase final foi no Ibirapuera -, mas coube à Confederação Brasileira arcar com os demais gastos.

"Como a CBHb sequer apresentou um concreto cronograma de reembolso, mostrando que pode pagar a dívida, a IHF se viu obrigada a cumprir as decisões tomadas pelo seu Conselho em 9 de agosto e também em 1º de novembro de 2012. Assim, a seleção brasileira não vai participar do próximo Mundial da categoria", afirmou, em nota, a entidade que regula o handebol internacionalmente.

A Confederação Brasileira de Handebol, porém, age como se não houvesse problema. Os 16 atletas da seleção júnior do Brasil se apresentaram ao técnico espanhol Jordi Ribera - o mesmo da equipe adulta - na última segunda-feira para um período de treinamentos que vai até 2 de julho, em Santo André e São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Questionada pela reportagem, a CBHb afirmou que "a dívida existe, é pública, e estamos trabalhando para pagá-la. Já quitamos uma parte e estamos buscando formas de quitar o restante. Hoje, todos os recursos que temos não nos permitem fazer o pagamento, pois são destinados à preparação das nossas seleções. O novo prazo para fazermos o pagamento já vem sendo negociado com a IHF".

Surpreendida com a informação de que a IHF confirmou, em nota oficial para a reportagem, a exclusão da seleção brasileira do Mundial Júnior na Bósnia-Herzegovina, a assessoria de imprensa da CBHb respondeu apenas que "o Brasil não está e não ficará fora deste e dos próximos campeonatos mundiais".

A pouco mais de duas semanas do começo do Mundial Júnior, porém, o Brasil continua presente na tabela de jogos da competição, que foi divulgada no último dia 16 de maio. De acordo com a IHF, a participação brasileira nos demais eventos da entidade será decidida no próximo encontro do seu Conselho, programado para o fim de julho, também na Bósnia-Herzegovina.

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