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Ela se tornou alvo de chacota após declarações polêmicas, mas Damares Alves, uma das únicas duas mulheres ministras do governo de Jair Bolsonaro, tem uma convicção: seu presidente faz um ótimo trabalho para o Brasil.

A pessoa não estende a mão à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos para cumprimentá-la. A pastora evangélica levanta os braços para o céu antes de abraçar você.

"Terrivelmente cristã", ferozmente hostil ao aborto "mesmo em caso de estupro" e às ativistas feministas, esta ultraconservadora está em uma cruzada este mês contra a violência contra as mulheres, à frente de um ministério muito amplo.

"O Brasil é o quinto país do mundo que mais mata mulheres", diz Damares em entrevista à AFP.

Muitos a criticaram por um programa para treinar quatro milhões de "manicures, cabeleireiras" e funcionárias de academias para identificar "mulheres que mostram sinais de depressão, tristeza, ou marcas de agressões no corpo".

"Trabalho muito e durmo quatro horas por noite", diz a enérgica mulher de 55 anos, advogada de formação, "com um limão podemos fazer uma limonada".

Pena que "a imprensa às vezes tenha tirado frases fora de contexto para (me) desacreditar", lamenta.

Sua recomendação para que "meninos vistam azul, e meninas, rosa" virou motivo de chacota nas redes sociais e fez com que em várias partes do Brasil homens vestissem rosa, e mulheres, azul.

"Eu disse isso para fortalecer a família, sem ideologia", assegura a ministra, "exatamente como o presidente Bolsonaro prometeu durante sua campanha".

Do mesmo modo, "a imprensa riu de mim quando disse que tinha visto Jesus em um pé de goiaba. Eu estava falando em minha igreja, era uma conversa minha, com meu público de fé. Eu tinha 10 anos de idade e estava triste, porque aos seis anos de idade fui barbaramente estuprada (...) E eu estava em cima de um pé de goiaba, porque eu queria morrer", explica a ministra.

Agora, "a imprensa começou a entender que eu não sou a louca desqualificada desvairada". O Brasil "é o pior país da América Latina para se nascer. Vamos cuidar das meninas".

- "Crucifixo na vagina" -

Mas Damares Alves detesta as "feministas feias", que "lideram sua luta introduzindo um crucifixo na vagina", ou "se masturbando com imagens da Igreja".

"O movimento feminista no Brasil deve ser capaz de dialogar", diz ela.

É também o diálogo que ela defende com os indígenas, que, segundo Jair Bolsonaro, vivem confinados em reservas "como animais em zoológicos" e sonham em "evoluir".

A ministra usa uma pulseira étnica cintilante, e seu escritório é decorado com um cocar tradicional. Mas, acima de tudo, no saguão, Kayutiti Lulu Kamayura, sua filha indígena de 21 anos adotada quando pequena, espera a mãe que ainda trabalha tarde da noite.

"Minha família sou eu e uma menina indígena!", lança com um grande sorriso essa mulher divorciada.

"Não existe nenhum direito indígena sendo violado no Brasil", garante ela, apesar das crescentes reclamações, principalmente da Amazônia, sobre invasões de terras ancestrais e assassinatos daqueles que as defendem.

"Estamos levando saúde e desenvolvimento para os índios".

"Não queremos mais instituições entre nós e os índios", afirma, depois de criticar a Funai, órgão público que protege seus direitos. "Eles não são índios, são seres humanos", exclama.

- "Meu termômetro é a rua" -

Graças ao presidente Bolsonaro, "nunca falamos tanto sobre direitos humanos como hoje", assegura Damares, para quem "o Brasil é um país democrático".

E, antes de denunciar um "estreitamento do espaço democrático", a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, "deveria ter nos telefonado, porque assim teríamos nos explicado".

Damares Alves se diz satisfeita com o governo, incorporando plenamente o bolsonarismo.

Sobre o índice de popularidade de Jair Bolsonaro que tem caído depois de apenas dez meses no poder, Damares garante: "Meu termômetro é a rua, o povo. As pessoas querem abraçar, querem tirar fotos, querem beijar. Nós viramos celebridades! Não vejo queda de popularidade, vejo um povo apaixonado pelo seu líder", insiste ela, que conhece Bolsonaro há 22 anos por ter sido durante anos assistente parlamentar, incluindo do pastor Magno Malta.

"Na intimidade, é um homem honesto, generoso, sincero e apaixonado pelo Brasil". E "de jeito nenhum" machista.

"E eu conheço o coração desse homem, o presidente Bolsonaro tem um coração extremamente generoso", assegura, contando que, "todas as vezes que eu levava uma criança indígena para mostrar para ele, ele chorou. Cada história que ele soube de uma mulher que tinha sido estuprada, ele chorou".

Damares Alves vê a vida em rosa: "Vamos ser uma nação feliz, é possível".

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